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DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO 301

Santarem. Esta obra foi mandada estudar ha pouco tempo, comtudo durante o inverno e emquanto as aguas não desceram á estiagem não foi possivel proceder ás sondagens por Causa do estado do rio; mas estão se fazendo, e do ministerio a meu cargo têem-se expedido ordens para que estes estudos se concluam o mais depressa possivel. Por estas disposições não deve porem entender-se que a obra se execute immediatamente; pois que temos duas grandes pontes em construcção, uma no Tejo outra no Douro com as quaes o governo já tem despendido e continuará a despender grandes sommas com direitos de alfandega e subvenção devidas ás emprezas.

Entretanto fique s. Ex.a. certo que tomo em consideração este assumpto não só pelo que acaba de dizer, mas tambem porque o sr. presidente do conselho que aqui se acha presente muitas vezes me tem pedido que preste a minha attenção a uma obra tão importante, como a ponte de Santarem e outras de igual interesse publico.

O digno par referiu-se tambem ás estradas que conduzem ao caminho de ferro. Com effeito o caminho de ferro não póde ser alimentado com os generos conduzidos ás costas de machos, reconheço a necessidade das communicações lateraes, e já depois que tenho a honra de fazer parte da actual administração têem sido construidas algumas estradas que ligam diversas povoações com os caminhos de ferro, e já se estudou a parte que resta a construir do caminho de Rio Maior ao Cartaxo passando perto de Santarem.

Segundo as informações recebidas no ministerio das obras publicas, o estudo para a estrada entre Santarem e o Cartaxo não está ainda concluido; o que já está terminado é o estudo para a estrada entre Cartaxo e Rio Maior, da qual deve desprender um rainal para Santarem.

O sr. Rebello da Silva: - E esse mesmo.

O Orador: - Pois esse estudo está concluido. E dividido em duas partes, uma relativa á estrada, que vae directamente do caminho de ferro ao Cartaxo, já construída, e a outra com relação á estrada de Santarem ao Cartaxo e Rio Maior.

O estudo da estrada do Cartaxo a Rio Maior estando terminado, ha de ser contemplada a construcção como o poder ser na distribuição dos fundos.

Não podemos emprehender todas as obras ao mesmo tempo; actualmente o ministerio das obras publicas está empenhado em ligar as grandes linhas, como as da Beira, de Traz os Montes e do Algarve; e ainda que houvesse o duplo ou o triplo dos meios de que se póde dispor, não eram sufficientes para emprehender tudo ao mesmo tempo; mas as grandes linhas estão-se acabando, as estradas vão-se construindo, e aquellas a que o digno par se referiu hãe de, como disse, ser devidamente contempladas com a respectiva verba.-

Emquanto ás valias de Alpiarça e de Almeirim declaro que não posso responder desde, já, porque não vinha preparado para esse fim; sei que se tem trabalhado nessas valias, tenho assignado ordens com relação á esses trabalhos, mas não posso nesta occasião declarar qual seja o estado em que se acham aquelles a que o digno par se referiu.

Com relação á ponte de Santanna sei que o arco principal estava arruinado; houve uma proposta para se fazer de madeira, mas entendi, aconselhado pelos engenheiros, e, se bem me recordo, pela junta consultiva, que era melhor, com pouco maior despeza, mandar construir o arco de pedra. Dos outros dois arcos não tenho por ora noticia que estejam arruinados, a ponto de ameaçarem desabamento, e não sei nesta parte por quem me hei de decidir, se pela informação do digno par, se pela dos engenheiros. Em todo o caso poderei informar-me de novo, mas até agora não tenho motivo nenhum para crer que os outros arcos estejam de tal forma arruinados que não possam servir, para o pequeno transito que ha por aquella ponte.

Tenho concluido.

O sr. Rebello da Silva: - Sr. presidente, das explicações que acabo de ouvir ao sr. ministro entendo que parte das cousas que pedi ficam na mente de s. exa., o que importa ficarem as cousas por ora no mesmo estado, e que as outras serão enviadas para as kalendas gregas. Não posso pois dar-me por satisfeito com o que acaba de dizer o sr. ministro, e parece-me até que s. exa. não faz um perfeito juízo do estado em que se acha a ponte, pois a considera como dando serventia a diversas estradas, quando ella não serve senão a uma!

A construcção a que me referi é tão essencial que não deve sair da mente de nenhum governo, pois liga aquella localidade á fértil e rica provincia do Alentejo, e qualquer despeza que com essa construcção se faça é perfeitamente compensada, porque sabem todos que têem estudado as sciencias administrativa e economica, que estradas fáceis significam desenvolvimento de riqueza. Esta é a economia politica que se tem ensinado até hoje, mas talvez que haja outra; entretanto a que eu aprendi, a que se estuda nas aulas em Portugal, ensina que as despezas desta natureza são sempre productivas.

Aquella economia, repito, ensina e demonstra que o augmento da riqueza publica resulta em grande parte da facilidade e barateza dos transportes, e da animação que dessa facilidade e barateza vem, a todas as industrias, e sobretudo á industria agrícola. Por consequência desejo que o sr. ministro, depois de tomar informações mais exactas, me diga se a sondagem de um espaço de 15 = metros, que me parece ter a ponte, já está acabada, pois desde maio que podia estar feita, e achamo-nos no fim de julho, não sabendo eu se taes estudos ainda estão por acabar. Na mão do governo está activa-los ou interrompe-los, porque ^é segundo as ordens que se recebem do ministerio das obras publicas que os engenheiros activam ou interrompem os trabalhos de que são encarregados.

O sr. ministro respondeu que deseja primeiro acabar as duas pontes importantes a que se referiu, e que depois tratará desta de que me occupei. Estimo que s. exa. acabe aquellas pontes, porem eu não peço agora senão que sé façam estes estudos, porque sei que s. exa. não ha de ser eterno naquelle logar, e outro ministro que o substitua de certo tratará de fazer esta obra.

Emquanto á estrada de Rio Maior a Santarem, a communicação é entre estes1 dois pontos e o Cartaxo. No primeiro plano o systema era communicar por esta estrada o Cartaxo com Rio Maior, e estender um ramal para abranger Santarem; no segundo traçado fez-se um ramal que veiu a Alemquer procurar a linha ferrea, e assim entrar em communicação rápida e accelerada com Lisboa.

Ha no ministerio das obras publicas informações de engenheiros, como são os srs. Sebastião do Canto e Aguiar, sobre a importancia que tem o movimento entre Rio Maior e Santarem, sobretudo em generos agricolas e passageiros.

O sr. ministro das obras publicas referiu-se ás verbas que se teem gasto com o districto de Santarem nos tempos anteriores á sua entrada para o ministerio, para justificar o ter-se quasi abandonado agora este districto, e fallou mais em estradas e caminhos de ferro; mas para que o argumento de s. exa. seja procedente, é preciso contar todos os kilometros que se seguem para cima de Santarem. Se somássemos o que se tem gasto com os diversos districtos, veríamos que isso não era motivo para impedir que tenham sido contemplados com obras novas para construir, como se vê no mappa a que me referi na primeira vez que fallei, emquanto no districto de Santarem ha apenas uma construcção de 613 metros!

Não me queixo do passado, nem me queixo que os outros districtos gosem, porque estimo que os melhoramentos publicos cheguem a toda a parte; porem queixo-me só do modo como se fez a distribuição dos fundos, pelas circumstancias especiaes em que se acha o districto de Santarem, e o que desejo é que para o anno se melhore esta