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sem um grande acolhimento junto á urna, nem é crime que junto a ella houvesse decidido apoio aos candidatos que professavam uma opinião conforme aquellas doutrinas; e não encontrassem o mesmo os candidatos da opinião opposta.

Diz o digno par, que esta medida foi tomada para lison-gear a opinião das classes impensantes da capital; e o orador fortemente reclama contra similhante asserção. Em primeiro logar as classes impensantes, em tudo aquillo que têem rasão, têem-n'a tanta como as mais eruditas: não corteja classes; mas o digno par hadelembrar-sequen'umadas sessSes passadas fallou não só n'estas classes mas também nas classes medias que concorreram a uma reunião importante para se levar a effeito um estabelecimento de mestras portuguezas... (O sr. Conãe ãe Thomar: — Onde está elle?...) Existe... (O sr. Conãe ãe Thomar: — Mas onde?...) Pois não existe?... (O sr. Conãe da Taipa:—Isso é uma burla muito grande.) •

O orador pede á camará, que dê attenção a este ponto, que é muito grave. Acredita na sinceridade da convicção dos dignos pares que têem uma opinião differente da sua; mas pede-lhes que acreditem também na sinceridade com que muitas pessoas julgam que essa sua opinião é errónea. Pois não é possivel que alguém se persuada que não é só nas crenças religiosas que se pôde achar a base do ensino ? Pois não serão também condicções do ensino as crenças pátrias, e o amor ardente ao paiz onde se nasceu?

O sr. Marquez ãe Vallaãa:—Peço a palavra para responder ao sr. ministro da marinha.

O Oraãor:—Póde-se importar illustração, mas não se pôde importar patriotismo...

O sr. Conãe ãa Taipa: — Peço a palavra.

O Oraãor:—Observa que está a responder ao que o digno par disse: « Que o governo quiz lisonjear as classes im pensantes»: não será isto uma offensa? Pois o digno par entende que se pôde fazer uma aceusação ao governo, e que este deve supprimir a defeza? Que ê vedado mostrar que a aceusação foi injusta ? Pois o digno par pede responsabilidade pela represália, e não pede pelo ataque?! Não se invertam as posições; o orador defende-se. Ha opiniões divergentes n'este ponto, mas é necessário suppor boa fé, mesmo nos que têem uma opinião errónea, se queremos que os adversários a supponham em nós. Sem isso não se pôde discutir.

Diz-se que somos uma nação desacreditada, que nos apresentamos da maneira a mais desgraçada aos olhos da Europa; em nenhum jornal, em nenhuma nação, e em nenhuma tribuna apparecem opiniões análogas ás que se sustentam n'este paiz. Isto não é exacto, é uma mutilação da historia contemporânea. Pois o digno par o sr. conde de Thomar não alludiu á opinião sustentada por um jornal que não pertence a este paiz ? Não se lembra que esse jornal, que é de uma nação estrangeira, sustentou que o governo portuguez estava no seu direito não querendo que existisse uma corporação que reconhece iim superior estrangeiro ?

O sr. conde da Taipa que é muito lido, sabe que os tribunaes têem chamado ao seu seio o superior d'essa corporação para discutir questões importantes de direito civil. Nãò se diga portanto que nós somos nação barbara: nos outros paizes também chamam essa entidade ao seio dos tribunaes, porque entendem que ella é passiva da applicação das penas por contravenção das leis do paiz. Não somos pois tão bárbaros n'este canto da Europa; temos uma opinião que pôde ser errada, mas que tem seu fundamento. Os dignos pares que citaram o 3.° volume de Guizot, obra que todos os homens públicos devem ler, nao sabem que a luta da liberdade do ensino em França, que durou todo ' o tempo do reinado de Luiz Philippe, foi entre os chamados universitários, e aquelles que snstentavam o ensino clerical?.. Na Bélgica da mesma forma. Todos sabem as sce-nas tristíssimas que houveram nas ruas de Bruxellas, por occasião da questão de beneficência: sejamos pois francos e lógicos; respeitemos a opinião, ainda que errónea, dos nossos adversários, que se pôde conciliar isso muito bem com a inteireza das nossas opiniões.

Ainda não sabe qual é a tendência d'esta discussão, porque o digno par que a iniciou disse que era conveniente não a tratar de maneira que não se chegasse depois a nenhum resultado; e por isso abstem-se de desenvolver ainda mais esta questão, e pede desculpa á camará de algum calor que tomou.

O sr. Aguiar:—Não pôde admittir que se trate da competência do governo sem que ao mesmo tempo se involva a questão da existência legal das irmãs da caridade. Da resolução d'esta questão resulta a da outra; por consequência entende que é preciso trata-la. Mas uma parte dos dignos pares não vinha habilitada para isso;.o orador mesmo, entrando n'esta camará, apenas viu o Diário ãe Lisboa, e nSo pôde ler senão parte do decreto e do relatório; alguma cousa que sabe mais é pelo que tem aqui ouvido. Lamenta que esta questão se tenha tirado do seu verdadeiro campo e levado para o do sentimentalismo (apoiaãos); lamenta isso, e declara que não é da Opinião de alguns dignos pares que se sentam d'este lado, e que têem pugnado absolutamente pela existência das irmãs da caridade: entretanto, por isso que a sua opinião é conscienciosa, acredita que o é também a dos seus adversários n'esta questão. Entende por consequência que sem azedume, e sem se recorrer ao sentimentalismo pôde discutir-se; não faltam oradores de uma e de outra parte, que possam tratar esta questão. E' sabida a sua opinião a respeito da existência legal das irmãs da caridade, a respeito da competência do governo na publicação do decreto; mas deve declarar que debaixo de outras considerações, terá de estranhar o procedimento do governo a respeito do objecto" de que se trata. Portanto, se tem de continuar esta questão, tem de prorogar-e a sessão, e por muito tempo, porque ha alguns dignos pares que

têem pedido a palavra, outros ha que a pedirão também, e parece mesmo que a questão não se pôde considerar ainda terminada. Concluindo pede que se consulte a camará se deve prorogar-se a sessão.

Vozes: — Fica para amanhã. A'manhã.

O sr. Marquez ãe Vallaãa:—Eu peço a palavra porque é forçoso responder ao sr. ministro da marinha.

O sr. Presiãente:—Vou consultar a camará se esta questão deve continuar, ou se deve ficar reservada para amanhã, ou para outro qualquer dia...

Vozes:—Para amanhã. '

O sr. Presiãente:—Fica reservada para a sessão seguinte. ..

O sr. Conãe ãa Taipa:—Então não posso ter a palavra para rectificar uma idéa?

O sr. Presiãente:—Não, senhor.

O sr. Conãe ãa Taipa:—Ê uma tyrannia muito grande.

O sr. Presiãente:—A'manhã teremos sessão, e será a ordem do dia a continuação d'esta matéria. Está levantada a sessão.

Eram quasi seis horas.

Relação dos dignos pares que estiveram presentes na sessão do dia 25 de junho de 1861

Os srs.: visconde de Laborim; marquezes, de Ficalho, de Loulé, e de Vallada; condes, de Bomfim, de Linhares, da Louzã, da Ponte, da Ponte de Santa Maria, da Taipa, e de Thomar; viscondes, dAlgés, de Balsemão, de Benagazil, de Castro, de Fonte Arcada, de Fornos de Algodres, e de Sá da Bandeira; barões das Larangeiras, de Pernes, da Vargem da Ordem, e de Foscoa; Mello e Saldanha, Sequeira Pinto, Ferrão, Costa Lobo, Margiochi, Moraes Pessanha, Silva Carvalho, Aguiar, Soure, Larcher, Braamcamp, Reis de Vasconcellos, José Lourenço da Luz, Baldy, Castello Branco, e Brito do Rio.