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DOS PARES. 115

O SR. TRIGUEIROS: - Eu conformo-me com as opiniões do Sr. Conde da Taipa, até certo ponto, mas peço a S. Exa. que reflicta que, mesmo segundo as suas idéas, não se póde tractar aquella questão sem decidir primeiro a do addiamento. (O Sr. Conde da Taipa: - Boa duvida.) Quanto ao addiamento, Sr. Presidente, eu opponho-me a elle, e não posso deixar de me oppôr, por que ha muitos mezes que nós ouvimos dizer que o Douro está debaixo das mais terriveis impressões, que as suas necessidades urgem a cada momento, e até se tem dito que se esta questão se protrahisse (na Camara dos Srs. Deputados) a medida pouco poderia valer ao Douro; entretanto apparece agora uma proposta de addiamento!

Eu sinto muito a molestia do Sr. Relator da Commissão, mas espero que S. Exa. convenha comigo que a Commissão não conta na sua maioria sómente ao Digno Par para que possa defender o seu Parecer: eu teria muito gosto de ouvir a S. Exa. e espero mesmo que não deixará de ser ouvido, se a discussão se não addiar, por que ella ha de durar mais de dous dias. Sr. Presidente, eu tenho muita pena da molestia de S. Exa., porém tenho ainda mais pena da molestia dos lavradores do Douro, e dos lavradores da Extremadura, principalmente destes ultimos, os quaes com a apprehensão do projectado exclusivo se acham em estado de não podêrem fazer uma só transacção sobre o seu primeiro genero: esta questão tem tudo suspenso, daqui dependem todas as transacções, e por isso protrahila por mais tempo seria levar o mal muito adeante. O Sr. Conde de Villa Real pertence á maioria da Commissão, e S. Exa. tem muita illustração e os conhecimentos necessarios para tractar a questão assim como os outros seus Collegas: por consequencia não julgo que a molestia do Digno Par, o Sr. Visconde de Villarinho, possa ser motivo sufficiente para addiar a discussão deste Projecto. Voto contra o seu addiamento.

O Su. CONDE DE LAVRADIO: - Sr. Presidente, o que eu queria dizer sobre o addiamento já está dito, e por tanto cêdo da palavra pois não quero tomar o tempo á Camara inutilmente.

O SR. VISCONDE DE SÁ DA BANDEIRA: - Eu tenho a dizer unicamente que no principio da discussão pedi a palavra para fazer uma pergunta ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, e que concedida por V. Exa., logo que comecei a fallar, veiu um Digno Par deste lado da Camara pedir-me que não continuasse por ora nesta materia: então novamente perguntei a V. Exa. se podia fallar, e V. Exa. disse-me que sim, e fiz outra vez a pergunta que já tinha feito antes ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros. V. Exa. teve a bondade de responder á primeira parte, e faltando alguns esclarecimentos ainda, pedia a S. Exa. quizesse responder aos das quesitos. - Parece-me por tanto que, visto ter-se permittido ao Sr. Ministro responder á primeira parte, se lhe deve permittir que tambem responda á segunda.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Ainda se não entrou na Ordem do dia; quando começar então o poderá S. Exa. fazer (Apoiados.)

O SR. VISCONDE DE VILLARINHO DE S. ROMÃO: - Eu levanto-me unicamente para dizer que comecei logo declarando que de todos os Membros da maioria da Commissão eu era o mais fraco; mas que essa mesma fraqueza junta com a molestia augmentava a impossibilidade de eu defender devidamente o Parecer da maioria: por tanto se não querem addiar a questão, os Dignos Pares que compõem a minoria da Commissão alcançarão uma victoria mais facil, por que é um de menos que tem no combate, pois eu não posso fallar. A Camara resolva porém como intender.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Vae-se votar sobre o addiamento, visto que ninguem pediu a palavra sobre elle.

E sendo effectivamente proposto, ficou o addiamento rejeitado por 22 votos contra 11.

O SR. CONDE DE LAVRADIO: - Pedia a V. EXa. que, antes de se entrar na discussão do Projecto dado para Ordem do dia, se terminasse a interpellação do Sr. Visconde de Sá da Bandeira, feita ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros; por que me parece que a Camara não poderá entrar cabalmente ha discussão do mesmo Projecto sem estar terminada esta questão preliminar.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Tendo alguns Dignos Pares instado pela conclusão da questão preliminar, ou que se haja de terminar a interpellação dirigida ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, e havendo S. Exa. pedido a palavra, parecia-me conveniente que a Camara ouvisse o mesmo Sr. Ministro desde já. (Apoiados.) Logo depois deste incidente passaremos á discussão do Projecto dado para Ordem do dia. - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros.

O SR. MINISTRO DOS NEGOCIOS ESTRANGEIROS: - Sr. Presidente, parece-me que me prestei com a melhor vontade a dar as explicações que me foram pedidas, que dou sempre com muito prazer nesta Camara, e não menos na outra, certo de que, quando eu aqui dissesse que a resposta sobre este ou aquelle assumpto seria prejudicial ao serviço, nenhum Digno Par havia de deixar de dar-se por satisfeito, como aconteceu na outra Casa com grande espanto meu; por que produzindo eu alli esta razão, sempre attendida em todos os parlamentos, o Deputado interpellante, não só se não deu por satisfeito com ella, mas em certo modo (como hoje é publico pelos jornaes) cantou triumpho, dizendo que sabia tudo quanto se passava, e que podia annunciar-se ao Publico que a negociação do Tractado com Inglaterra estava rôta e abandonada! Estou persuadido, e seguramente não espero que aqui aconteça couza que se pareça com isto, por que em materias desta gravidade, Sr. Presidente, intendo que não póde haver motivo de triumpho, por que os não ha para partidos: é esta uma das questões mais sérias que se tem tractado em ambas as Casas do Parlamento; (O Sr. Conde da Taipa: - Apoiado.) o mais a que um Digno Par, ou um Sr. Deputado póde chegar é a tomar parte nellas com a circumspecção que demandam, e nunca a regosijar-se ou a cantar triumphos, pois quando vemos metade da Paiz (por assim dizer) sopezando as desgraças que pézam sobre o commercio mais importante da nossa exportação, e outra metade receando que se acabe com á industria nacional, e até com o germen della, parece-me, digo, este objecto muito serio para que possa dar occasião a triumphos de partidos. Por isso, Sr. Presidente, estou muito seguro de que os Dignos Pares se hão de satisfazer com as respostas que eu lhes der, e que não me hão de obrigar a ir álem do que devo.