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CAMARA DOS DIGNOS PARES.

EXTRACTO DA SESSÃO DE 28 DE JULHO.

PRESIDENCIA DO EXMO. Sr. VISCONDE DE LABORIM,

VICE-PRESIDENTE.

Secretarios os Srs. Conde da Louza (D. João)

Visconde de Ovar

(Presentes ao começar a sessão, os Srs. Ministros da Marinha e da Fazenda,)

As duas horas e meia da tarde, achando-se presente o numero legal, declarou o Sr. Presidente aberta a sessão, elida a acta da precedente foi approvada. Deu-se conta da seguinte correspondencia: Um officio do Digno Par Conde dos Arcos, participado que o seu estado de saude lhe não permitte comparecer ás sessões da Camara. Ficou inteirada.

—Outro de Filippe Folque, remettendo á Camara a resposta que a Direcção da Empreza das agoas julgou conveniente fazer publica, sobre os argumentos oppostos á sua informação anterior.

Mandou-se distribuir.

O Sr. Visconde de Benagazil — O Digno Par o

Sr. Marquez de Ponte de Lima não póde comparecer á sessão por estar anojado pela morte do Sr. Marquez de Castello Melhor, o que participo á Camara.

O Sr. Presidente — Será desanojado o Digno Par.

O Sr. Sequeira Pinto — Não pude vir á Camara no sabbado passado, choje ao entrar aqui constou-me que nesse dia o Digno Par o Sr. Marquez de Vallada proferira algumas palavras de censura com relação á administração do hospital de S. José. Como porém agora está presente o Digno Par, rogava a S. Ex.ª a bondade de repetir o que disse naquella sessão, para eu vêr se posso dar explicações taes que satisfaçam a S. Ex.ª, com quanto me pareça que talvez fosse objecto de interpellação ao Sr. Ministro do Reino: todavia eu desejo ouvi-lo para esclarecer S. Ex.ª, visto ter isso relação com a administração a meu cargo.

O Sr. Marques de Vallada—Sr. Presidente, quando do alto desta tribuna avanço uma proposição qualquer, tenho sempre, não só a consciencia della, mas tambem coragem bastante para sustentar o que digo, nesta Casa, e fóra della. É assim que procede quem se presa de ser homem de bem; é assim que procede quem se presa de ser homem de honra.

Sr. Presidente, por occasião de um projecto de lei que nesta Camara se discutia, e que viera da outra Casa do Parlamento, relativamente aos 3:300$000 réis applicados para o pagamento das dividas passivas do hospital da Universidade de Coimbra, tomando eu na ultima sessão a palavra em seguimento ao Digno Par o Sr. Visconde de Fonte Arcada, que censurava o Ministerio por não estar presente áquella discussão, respondi ao Digno Par que não devia dirigir tal censura ao Governo naquella occasião, apesar de eu muitas vezes a haver tambem feito nesta Casa do Parlamento; pois estava persuadido que essa censura cabia melhor, em occasião mais opportuna. e sobre motivo mais plausivel e importante. Então, Sr. Presidente, disse eu, como V. Ex.ª e a Camara estarão lembrados, que quando este Governo, ou qualquer outro que se sentar naquellas cadeiras, trouxer aqui a grande questão de beneficencia, desde já me compromettia a tractar tal assumpto com os meus fracos conhecimentos, e tanto quanto me permittirem as minhas forças; promessa esta que fazia perante o Senado, e perante o paiz, promessa que hoje ratifico.

Esta questão, Sr. Presidente, é uma questão de alta magnitude, e da qual já se hão occupado muitos paizes, aonde a civilisação tem feito mais progresso do que neste; e haja vista a todas as discussões a que ella tem dado logar na Belgica, e em outros paizes, e especialmente tambem na França. Na sessão passada disse igualmente, que desculpava o não estarem então presentes os Srs. Ministros, mas que chamava a attenção de todos os meus collegas sobre um negocio altamente grave, e do qual a imprensa deste paiz já se tinha occupado; e com quanto eu julgue que nem os jornaes, nem os jornalistas são infalliveis, todavia no caso em questão vi que todos elles tractavam bem o assumpto, com consciencia, e attendendo á gravidade do negocio.

V. Ex.ª ouviu eu levantar a minha voz, e dizer: quando se dá um escandalo tão grande como esse a que me refiro, e que succedeu no hospital real e nacional de S. José desta corte; quando se commettem escandalos e roubos n'um hospital de tal ordem, a attenção do Governo deve convergir sobre esse ponto, e occupar-se de o considerar sériamente. E porque dizia eu isto, Sr. Presidente? Seria porque se fallasse neste objecto n'um artigo de qualquer jornal, escripto por jornalista talvez homem de pouca experiencia, e que no calor da discussão apresentasse uma opinião que ás vezes póde não ser a expressão da verdade, e sim do odio? Não, senhores. Fallava no facto das duas quebras (releve-se a expressão) do Sr. David Alves Renda, já fallecido, e que foi thesoureiro do hospital de S. José, e do Sr. Azevedo que foi cobrador daquelle estabelecimento de caridade. Sr. Presidente, tenho razões para dizer que o Sr. Azevedo é pessoa capaz, e essas razões são tanto mais fortes quando eu vejo que o Digno Par o Sr. Joaquim Antonio d'Aguiar, que se acha presente, e que é provedor da Santa Casa da Misericordia, conserva exercendo o emprego de cobrador daquelle estabelecimento ao Sr. Azevedo, ao passo que elle foi suspenso do exercicio de identico logar no hospital de S. José, e por ladrão, como já disse (O Sr. Aguiar—Peço a palavra para uma explicação), e foi-o pelo Digno Par o Sr. Sequeiro Pinto, enfermeiro-mór daquelle hospital! O facto