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782 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

tze Ribeiro): — Crê ter dito ao digno par que o governo mandou proceder a averiguações. Não se torna effectiva a responsabilidade a ninguem sem que haja perfeito conhecimento dos factos. (Apoiados.)

O que póde dizer ao digno par é que o governo trata de averiguar, e procederá em harmonia com essas averiguações.

(O discurso do sr. ministro será publicado na integra, e em appendice; quando s. exa. tenha revisto as notas tachygraphicas.)

O sr. Vaz Preto: — Sr. presidente, a questão reduz-se a pouco como já disse. Reduz-se simplesmente a saber se o tenente Coutinho foi atacado, aggredido ou provocado, ou se foi elle que atacou aggrediu ou provocou.

Se o tenente Coutinho ou as auctoridades portuguezas foram aggredidas, fizeram muito bem em repellir a aggressão pela força. Cumpriram o seu dever.

Queria talvez o sr. ministro que se entregassem de braços cruzados e manietados á brutalidade e cubica dos inglezes? Isso seria demasiada abnegação evangelica!

Se, porém, não foram aggredidas, se foram ellas que provocaram, n’esse caso são responsaveis pelos seus actos, e ao governo cumpre-lhe proceder como for de justiça.

Sr. presidente, posto de parte este incidente, eu desejava, esperava, e n’este ponto insisto, que o sr. ministro dos negocios estrangeiros dissesse á camara qual tinha sido a reparação dada pela Inglaterra relativamente ao fuzilamento dos dois cipaes.

A este respeito s. exa. guardou completo silencio; nem uma unica palavra nos disse! Pois é necessario que falle e que se explique.

É necessario, sr. presidente, que a Europa conheça o procedimento brutal e despotico da Inglaterra, para que não se repitam factos iguaes a este a que me referi.

Nóá, apesar de pequenos, não devemos consentir, sem um solemne protesto, que as grandes potencias nos esmaguem e deixem de respeitar os nossos direitos.

A Inglaterra que se dizia nossa antiga a fiel alliada, em logar de nos dar a força, que tinhamos direito de obter della não tem feito outra cousa mais do que abusar da sua fé mentida amisade para nos explorar em seu proveito.

As suas allianças têem-lhe servido para se ir apossando das nossas melhores possessões na Asia e agora na Africa, e não descansará emquanto não nos arrancar a camisa do corpo.

É preciso que se diga isto bem alto, para que todos fiquem sabendo qual tem sido e continua a ser o procedimento da Inglaterra para com Portugal.

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Hintze Ribeiro): — O governo, repete mais uma vez, só procederá depois de uma severa averiguação dos factos.

Referiu-se o digno par a uma noticia vinda de Moçambique, relativa á morte de dois sipaes.

A este respeito tem a dizer que o governo inglez não confirmou aquella noticia.

(O discurso do sr. ministro será publicado na integra e em appendice a esta sessão quando s. exa. o restituir.)

O sr. Cypriano Jardim: — Mando para a mesa o parecer da commissão de guerra que approva o projecto de lei n.° 100, vindo da outra camara.

Foi a imprimir.

O sr. Presidente: — A primeira sessão terá logar na segunda feira 4, e a ordem do dia a continuação da que vinha para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e dez minutos da tarda.

Dignos pares presentes na sessão de 2 de agosto de 1890

Exmos. srs.: Antonio Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel, Antonio José do Barros e Sá; Marquez de Vallada; Condes de Alte, da Arriaga, d’Avila, de Carnide, da Folgosa, de Gouveia, de Lagoaça, de Thomar, de Valbom; Viscondes de Alemquer, da Azarujinha, de Paço de Arcos, de Soares Franco, de Villa Mendo; Moraes Carvalho, Sousa e Silva, Sá Brandão, Antonio J. Teixeira, Serpa Pimentel, Pinto de Magalhães, Costa Lobo, Cau da Costa, Ferreira Novaes, Augusto Cunha, Neves Carneiro, Bernardino Machado, Bernardo de Serpa, Cypriano Jardim, Firmino João Lopes, Margiochi, Barros Gomes, Jeronymo Pimentel, Baima de Bastos, Alves de Sá, Calça e Pina, Coelho de Carvalho. Gusmão, Gama, Bandeira Coelho, Baptista de Andrade, José Luciano de Castro, Mello Gouveia, Sá Carneiro, Mexia Salema, Bocage, Luiz de Lencastre, Rebello da Silva, Hintze Ribeiro, Camara Leme, Pessoa de Amorim Vaz Preto, Marçal Pacheco, Franzini, Cunha Monteiro, Placido de Abreu, Rodrigo Pequito, Thomás Ribeiro.

O redactor= Carrilho Garcia.