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380 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

fim, de adoptar quaesquer providencias que façam desapparecer o estado de cousas a que me refiro.

É muito possivel que v. exa. não possa entregar-se a este trabalho, porque tem a exercer um cargo importante fora do paiz; pôde, porem, commette-lo ao cuidado da commissão administrativa, e ella que trate de preparar um novo regulamento para que na sessão seguinte possa ser examinado e discutido, e fazer-se então uma reforma que satisfaça.

Quanto ao serviço de redacção e dos extractos, ainda está peior do que o serviço tachygraphico.

Apparecem extractos que invertem de tal maneira o pensamento do orador, que lhe fazem dizer o contrario do que elle quiz dizer, isto em periodos seguidos.

Não quero attribuir este facto á má vontade de ninguem, mas a verdade é esta, e não sou eu o primeiro a queixar-me. Ha extractos em que alguns srs. redactores entendem que podem estabelecer uma especie de critica.

Ora, eu admitto a critica, consinto-a a toda a gente no seu logar, e acceito perfeitamente que um jornalista qualquer aprecie o modo por que nos pronunciamos sobro este ou aquelle assumpto, ou ainda que faça sobre as phrases que proferimos uma certa e determinada critica.

Nos extractos officiaes essa critica é perfeitamente descabida.

Num dos extractos do meu ultimo discurso diz-se, por exemplo: o orador disse ironicamente tal cousa.

Isto nunca póde dizer-se num extracto official. Não sei, nem trato de averiguar neste momento, se pronunciei ironicamente a phrase indicada no extracto; o certo é que a qualificação é inadmissivel.

Um jornal qualquer póde qualificar as minhas palavras da maneira que lhe approuver. É opinião particular do redactor do jornal que faz o extracto, mas numa resenha official do que se passa no parlamento, não se podem consentir estas qualificações.

O redactor official deve fazer os extractos, cingindo-se restrictamente ás phrases do orador, sem procurar devassar-lhe as intenções.

Tenho a notar tambem que no fim do extracto se diz que o orador foi comprimentado pelos seus collegas.

Isto é uma circumstancia indifferente.

Mas, diz-se ainda: O discurso do digno par será publicado se NOL-O RESTITUIR.

Esta phrase tambem se não póde usar. Parece que põe em duvida a restituição de qualquer discurso.

É claro que a restituição dá-se com mais ou menos tempo de revisão.

Estas duvidas não são permittidas á repartição de redacção. Era melhor que se dissesse: - o digno par não reviu este extracto.

Isto é que se devia dizer.

Portanto, por uma vez e para sempre declaro que não respondo, nem pouco, nem muito, pelos extractos dos meus discursos. Toda a allusão que a elles se faça desde já a contesto e renego. Os extractos officiaes dos meus dois primeiros discursos não correspondem absolutamente nada ao que eu disse. Ha um ou outro ponto conforme á verdade, mas outros ha, e são a maior parte, de todo invertidos e adulterados.

Contento-me com esta declaração, porque não posso fazer agora um discurso rectificativo dos extractos.

Noto apenas que o extracto do terceiro discurso approxima-se muito mais da verdade do que os outros dois, onde a maxima parte das idéas está transtornada.

Sr. presidente, limito-me a estas observações, sem querer de modo algum que dellas se deduza nem mais nem menos do" que nellas se contem.

Supponho que tudo isto é feito de maneira inconsciente, que não ha a menor intenção de prejudicar o pensamento do orador... mas não está bem feito.

Por consequencia, quanto aos extractos, peço a v. exa. que faça com que só declare no fim de cada um, se foi ou não revisto peio orador.

Terminarei com a1 seguinte positiva declaração: daqui por diante na presente sessão não hei de rever os discursos que porventura fizer nesta camara, nem tão pouco os extractos. Não os publicarei; deixarei publicar o que quizerem e pelo modo que quizerem, porque me faltará o tempo para o ímprobo trabalho da revisão.

Antecipadamente e de uma vez protesto contra qualquer responsabilidade que se me queira impor por aquillo que em meu nome for publicado.

Eu calculo, pela pratica que tenho destes assumptos, gastar oitenta horas de trabalho na revisão do meu discurso de tres dias sobre a reforma constitucional. Já gastei duas horas e restam-me setenta e oito horas de trabalho.

Ora, tal trabalho é árduo para quem tem outras cousas que fazer, e não póde repetir se muitas vezes.

Aquelle discurso ha de publicar-se; só se eu morrer ou estiver doente, não será publicado. Agora aquelles que vier a fazer ainda nesta sessão nem quero lel-os.

Não sei se ainda terei de fallar tres, quatro, vinte ou trinta vezes, não sei, mas fica declarado que não respondo por discursos, nem por extractos.

Os extractos serão feitos conforme for possivel, não responderei por elles. Não os lerei e até tratarei de os não ver: só depois, quando se tratar da reforma das repartições de redacção e tachygraphica me occuparei deste fastidioso assumpto, antes disso nada lerei; se os quizerem pôr que os ponham. Eu limito-me a isto.

V. exa. comprehende bem à rasão por que digo que não publicarei os discursos, a rasão é, porque supponho que me faltará o tempo para os rever; se me não faltar publicarei, se mo faltar não publicarei.

Quanto a estas poucas palavras que agora estou dizendo, para que ellas sejam reproduzidas com perfeita exactidão, tratarei de as rever para serem, publicadas, e então peço a v. exa. que de as suas ordens para que da repartição tachygraphica me sejam enviadas as notas destas poucas palavras, que tratarei de rever, para que sejam publicadas, pouco mais ou menos, como as pronunciei, e para que se não diga mais nem menos.

O sr. Presidente: - Peço licença para dizer ao digno par, que eu já notei algumas das circumstancias a que s. exa. se referiu; mas, para as attenuar um pouco, eu direi que muitas vezes eu aqui na mesa não ouço bem b que se diz, e seria conveniente que se fixasse uma tribuna perto dos srs. tachygraphos.

Alem disso a minha idéa é que se não publiquem extractos, mas depois sobre as notas tachygraphicas, mediante dois dias de intervallo, se faça a publicação dos discursos depois de enviados aos dignos pares, e dispensados os extractos que são feitos sobre as notas, antes de serem vistas pelos oradores.

Creio que com estas providencias, que a pratica me tem demonstrado serem necessarias, se poderá satisfazer em melhores condições, sem dar rasão a que possam ter logar mais reclamações.

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - Eu direi a v. exa., que não posso ter senão a mais plena fé e confiança que se póde ter, na sua boa vontade, e que v. exa. deseja, como nós todos, o aperfeiçoamento destes serviços.

Não é agora a occasião opportuna para discutir quaesquer medidas para esse aperfeiçoamento; se v. exa. quizer submetter á camara na sessão seguinte quaesquer providencias, a fim de melhorar os serviços da casa, seria bom que fossem conhecidas pela camara para serem avaliadas em occasião competente.

Tudo quanto se faça tendente a que os oradores sejam bem ouvidos, a que estejam mais proximos, fallando numa tribuna, o que póde incommodar um pouco; emfim qualquer providencia desta ordem não ha-de conduzir a