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DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO 673

honra, e combato hoje tenazmente o amigo politico de outr'ora, e em quem tive plena confiança.

Se, pois, ao sr. Fontes resta ainda algum escrupulo, e vestigios de coherencia, não deve ter duvida de acceitar a moção que eu tive a honra de mandar para a mesa, não só por ser firmada nas doutrinas proclamadas pelo sr. Fontes em 1872, mas porque eu declarei que faria esta moção sem animo algum politico.

Sr. presidente, n'aquella epocha sustentava ainda s. exa. que os 18:000 homens eram sufficientes, e, que a fixação da força como estava marcada no orçamento não affectava nem a instrucção nem a disciplina. As palavras do sr. Fontes são muito expressivas, e a camara vae deleitar-se ouvindo a sensata doutrina, do sr. Fontes, que entendia que devia politicamente marchar de accordo com a opinião publica. Eis outro trecho do seu discurso com que s. exa. sustenta que nem a disciplina nem a instrucção do exercito perigava pelo facto de se elevar a força armada.

"Se ámanhã eu sair do ministerio, e deixar o exercito como está, não tenho de que me envergonhar, porque em primeiro logar eu não acompanho a opinião dos illustres deputados, quando querem inculcar que o exercito está n'uma grande decadencia debaixo dos pontos de vista de disciplina e instrucção, e tal que nos póde envergonhar; (Muitos apoiados.) não digo debaixo do ponto de vista do armamento, porque ahi reconheço eu que está mal.

"No exercito, apesar de disseminado e destacado, e do deploravel systema de estar empregado no serviço de policia, quando este serviço devia ser commettido a um corpo especial de policia, como ha em toda a parte; no exercito, apesar de tudo isto, quando eu tenho visto manobrar os corpos, quando lhes tenho passado revista nos quarteis e no campo, tenho encontrado disciplina, ordem, instrucção, (Muitos apoiados.) senão a par dos primeiros exercitos do mundo, muito acima do que se poderia esperar com os poucos meios de que se dispõe."

Não sou eu, é o sr. presidente do conselho quem declara bem accentuada e expressivamente, que não é necessario augmentar a força para ter instrucção e disciplina o exercito. N'este caso eu, de harmonia com estas sensatas idéas e judiciosa doutrina, fiz a proposta que mandei para a mesa, e parece-me que s. exa. não deverá ter duvida de acceitar, por ser o corollario da sua apreciação, e modo de ver pelo que respeito ao exercito.

Sr. presidente, n'aquella epocha, em 1872, dizia s. exa. que o exercito estava instruido e disciplinado. Hoje, porém, se attendermos ao que se tem gasto, e gasto com elle, deve ter melhorado consideravelmente debaixo do ponto de vista da disciplina, da instrucção, do armamento, etc.

N'este presupposto a acceitação da minha proposta, fixando a força armada em 18:000 homens, permanentemente sob as armas, não affecta a disciplina nem a instrucção do exercito; e, portanto, a camara não deve ter hesitação em a
votar, nem o governo de a acceitar.

Até aqui tenho sustentado a minha moção com o modo de ver do sr. Fontes em 1872, que se então era discreto e acertado n'aquellas circumstancias, que eram muito mais favoraveis, hoje applicado á penuria do thesouro que é grande, á situação da fazenda publica, que é difficil, é discretissimo, e acertadissimo.

Sustental-a-hei ainda, e reforçal-a-hei com os documentos vindos do ministerio da guerra, com o mappa que aqui tenho e que ultimamente me foi enviado.

Sr. presidente, as palavras que traduzem as opiniões do sr. presidente do conselho, eram sufficientes para motivarem a minha opinião; não obstante, eu reforçal-as-hei com o mappa que foi enviado pelo ministerio da guerra, e que tenho aqui presente, em que está descripta toda a força que na actualidade pertence ao exercito, e a maneira por que está distribuida.

Por este mappa vê-se que é desnecessario ter um exercito superior a 18:000 homens, pelo que respeita a disciplina instrucção, e serviço no paiz.

Por elle avalia-se a força que actualmente está em serviço, e o modo por que ella é distribuida e empregada.

Eis o que se conclue do mappa sob a epigraphe de esclarecimentos:

Praças do effectivo......................... 23:950

Ditas da reserva no quadro dos corpos....... 12:620

Ditas da reserva licenceadas definitivamente 7:867

Somma........................... 44:437

Numero de praças com vencimento............. 22:477

Numero de praças liquido de differentes situações 25:112

Numero de praças do licenças e presos............ 14:959

Praças promptas em parada........................ 10:153

A força do exercito em situações temporarias, quer dizer-nos differentes serviços, do quartel, da guarnição, em destacamentos e diligencias, nos hospitaes e detidos é de 11:408 praças.

Quer dizer: temos 10:153 homens disponiveis para se poderem instruir. Nas manobras que se têem feito no paiz e no acampamento de Tancos nunca foram empregados dez mil e tantos homens.

Manda-se ás vezes uma divisão, que não ascende a 3:000 homens.

Diz aqui n'um áparte o digno par, o sr. Camara Leme, pessoa muito lida e competente em assumptos militares, que 10:000 homens disponiveis era um numero muito limitado, para quarenta e oito corpos.

Isto o que mostra é a necessidade de reduzir o numero dos corpos, adoptando outro systema militar e reformando o exercito, porque d'essa reducção virá a vantagem de serem precisos menos soldados, e de poder diminuir o numero dos officiaes superiores é subalternos, tudo compativel com a disciplina e instrucção do exercito.

O digno par, que é tão competente n'estes assumptos, que já foi ministro, da guerra, e que, se não tivesse deixado o poder tão depressa, teria apresentado uma organisação do exercito, porque não combina essa organisação com o actual sr. presidente do conselho e ministro da guerra que está apoiando?

Sr. presidente, este mappa deixa-nos ver que, livres de todos os serviços, promptos para paradas e exercicios, estão mais de 10:000 homens, e como da mesma fórma se podem instruir 10:000, como 5:000, estes 5:000, que pedem para completar 23:000 homens, são a mais, e podem e devem dispensar-se. Interrompo aqui as minhas reflexões, porque, desejo; que o sr. presidente do conselho me diga se acceita ou não a proposta que tive a honra de mandar para a mesa; e depois peço a v. exa., sr. presidente, que me mantenha a palavra.

O sr. Presidente do Conselho e Ministro da Guerra (Fontes Pereira de Mello): -Como o digno par, que acaba de fallar, diz que apenas interrompe o seu discurso para o continuar depois de eu ter declarado se acceito ou não a proposta de s. exa., serei muito breve, reservando-me tambem o direito, de usar novamente da palavra, se o julgar conveniente.

Eu não posso acceitar a proposta apresentada por s. exa., porque não é possivel fazer-se o serviço e dar instrucção aos corpos tendo 12:000 praças licenciadas.

O que o digno par referiu, que eu dissera n'um, discurso que proferi, não sei quando, nem em qual das casas do parlamento, mas a que tambem já outro dia se Deferiu o sr. conde de Rio Maior, respondo a s. exa. que hoje o que digo não altera nada as minhas convicções, nem modifica as minhas opiniões.

N'aquella occasião faria, como ainda faço hoje, os mais