O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DOS PARES. 271

uma maneira tal; porque este voto de confiança não vai ás cégas, visto acharem-se aqui tractados os seus limites. - Eu respeito muito o Digno Par, que fallou primeiro, do que eu: entretanto devo-lhe observar, que é impossivel satisfazerem-se os desejos de S. Exa.; por quanto, se a Camara fosse tractar este objecto, pela maneira, pela qual o queria o Digno Par, a Camara hia-se constituir n'uma Academia; e não é vergonha dizer-se, que muitos Membros não teriam os conhecimentos necessarios, para poderem tractar a materia ex-professo; e digo, que o numero capaz de tractar desta materia, ha de ser muito pouco, a fim de que possam, dar esse voto de confiança com conhecimento de causa; álem do que, os Membros desta Camara se iriam arvorar em alvenareiros. Ora o que deseja o Digno Par já o fizeram Engenheiros portugueses e depois o fizeram Engenheiros francezes, mas honra seja feita ao Sr. Marquez de Fayal, que mandou vir de Hollanda homens intendidos deste objecto; homens desse Paiz classico nestas obras; e estou; persuadido, de que se a Camara quizer vêr os trabalhos, que sobre isto se fizeram, lhe não serão negados: talvez que nesta Camara esteja pessoa mais authorisada para confirmar o que eu digo. (O Sr. Duque de Palmella: - Apoiados): por tanto, o que o Digno Par deseja já está prevenido, e a nós não nos pertence, senão o dar este voto dê confiança limitado, de que o Paiz mos não ha de pedir contas, antes pelo contrario nos ha de lisongear; e esse povo, a quem vamos fazer este beneficio, nos agradecerá muitissimo.

Mas disse o meu nobre amigo que - se vão sebrecarregar os póvos, quando elles já estão obrigados a pagar uma grande quota -- mas elles mesmos; é que o pediram, e então permitta-me elle, que eu lhe applique eu não suo, e porque sua Vossa Payternidade? Portanto, a vista de tudo isto, e do mais que se poderia dizer, não sei que se deva gastar mais tempo sobre esta materia, e parece-me, que se deve passar á especialidade.

Tambem ouvi lamentar, que se offerecessem a esta Associação os pinheiros das nossas mattas: eu nunca chorarei o dar pinheiros das mattas, quando sejam destinados para similhantes obras, por que é para isso, que elles estão destinados; e até se faz ás mattas um grande beneficio, qual o de desbasta-los, como já aqui se disse, e pelo que alguma cousa eu tambem poderia dizer sobre isto, por que sou um pouco curioso, e lembrado: entretanto agora só digo, que esse desbaste lhes ha de fazer um grande beneficio, e não prejuiso, e álem disso se irá favorecer estes póvos, pois até seria uma mesquinharia negar-se-lhe similhante cousa.

O SR. SILVA CARVALHO: - Sr. Presidente, pouco direi sobre a generalidade do Projecto, porque todos convêm na sua utilidade; e se elle é necessario, e não está ao nosso alcance termos aquellas informações de facto, que o Digno Par deseja; então para que é estarmos com mais questões?... Nunca sahiria d'aqui o Projectop se esperassemos; que primeiro viesse o Plano, o Orçamento, e tudo o mais que pertence á obra, e aos emprezarios: o que é, verdade é, ser esta obra da reconhecida utilidade publica; isso ninguem nega. Ha uma Personagem, que pertende fazer essa obra por meio de uma empreza; o Governo apresentou a sua Proposta na Camara, e disse o moda pelo qual havia de fazer esta concessão: o que me parece é, que devemos deixar isso ao Governo, e que nós não podemos entrar em consideração alguma a tal respeito: entrariamos se fossemos os que tivessemos de fazer a obra se fossemos os Empregados; mas nada disso nos pertence. A utilidade desta obra é reconhecida; ha uma pessoa que a emprehende debaixo destas condições; e nós não podêmos fazer mais, do que dar um voto de confiança ao Governo, debaixo dos limites aqui prescriptos, para que a possa fazer com as pessoas, que quizer, e parece-me que se poderia passar á especialidade do Projecto, porque, no debate especial de cada Art.°, se poderão fazer algumas emendas, e eu mesmo talvez proponha alguma clausula para melhor clareza.

O SR. DUQUE DE PALMELLA: - Julgo que não é necessario cançar-me, nem molestar a Camara para demonstrar, que seria de utilidade publica a construcção da valla da Azambuja. Em geral, todas as obras de canalisação, n'um paiz tão destituido de vias de communicação como o nosso, e para desejar que se façam, e nenhuma se apresenta primeiro do que esta; até por que já existiu, e agora (no fundo) não se tracta senão de melhora-la e de torna-la novamente navegavel, mas navegavel em ponto maior, do que tinha sido antigamente avalia existente. Isto é (como disse o Sr. Conde de Lavradio) um voto de confiança, que se pede ás Camaras, e pede-se por necessidade; porque não ha um contracto feito. com nenhuma companhia, até agora, nem o contracto se pôde fazer, sem que a Lei seja primeiro votada nesta Camara; por consequencia, para se começar a empreza é necessario, que as Camaras authorisem o Governo a contractar, e que por esse voto elle possa apresentar á companhia, que houver de formar-se, os meios seguros para ella poder emprehender a obra. Esta companhia é de esperar que se possa formar;" mas, não é ainda certissimo, porque isso dependendo maior, ou menor gráo de cpncorrencia de capitalistas, e das pessoas interessadas, por quanto seria difficillimo, que uma só pessoa tomasse sobre si uma emprega tão conisideravel. - Entretanto, já que o Sr. Conde de Lavradio fez menção de um nome, sendo eu ligado tão de perto a essa pessoa que indicou, não posso deixar tambem de confirmar, que o Marquez do Fayal fez da sua parte aquillo, que delle dependia para dar começo a esta empreza, que foi contribuir elle só, para que se fizessem os trabalhos preparatorios necessarios: estes trabalhos, acham-se feitos, ao menos aquelles pelos quaes se deverá começar a obra, e com o tempo será para desejar, que ella se amplie á valla do Sul; mas, por ora, tracta-se unicamente da do Norte; isto é, da valla chamada da Azambuja.

Posto, que o Digno Par, que está sentado ao pé de mim, e meu amigo, o Sr. Visconde de Villarinho, citou muitos exemplos de obras desta, natureza, feitas sem o concurso da sciencia, ao menos sem o daquella, que está adiantada presentemente estou persuadido, de que S. Exa. ha de concordar, em que ainda, que a sciencia não fosse indispensavel neste caso, não poderia prejudicar em cousa alguma, e por isso não. devia ser excluida.

Não fatigarei mais a attenção da Camara, e peço sómente, que se tome em consideração, que este voto de confiança tem limites marcados na Lei, e é con-