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782 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

honrando, como nos cumpre, as gloriosas tradições do nosso partido, sustentando os seus principios e as suas doutrinas com todo o vigor da nossa palavra e com toda a força das nossas convicções.

Agora pelo que diz respeito á censura feita pelo sr. Fernando Palha ao digno par o sr. Serpa, direi a s. exa. que nunca esse illustre estadista negou ao seu partido o seu valioso conselho, nem as mais evidentes provas da sua dedicação politica e da sua alta competencia de estadista. Como collega e amigo o considerou até aos ultimos momentos e por muitos annos o sr. Fontes, chamando-o a todas as reuniões para que convocava os seus antigos collegas, e ahi, ouvindo-o e considerando-o sempre.

Por isso poderia ser suspeito para o digno par, mas não o podia ser para os homens que haviam compartilhado com elle a responsabilidade do poder, onde, com o valor da sua rasão experimentada, com a auctoridade do seu saber e da sua experiencia, tanto contribuiu sempre para a resolução dos graves problemas financeiros e das mais graves questões de administração publica.

Isto em resposta ao digno par.

Pelo que respeita ao que disse o digno par o sr. Thomás Ribeiro, eu devo dizer a s. exa., que é verdade que a falta do nosso chorado chefe foi grande, foi enorme, e se o foi ou não vê-se bem no abalo que no partido e na politica produziu a sua perda. A sua falta sente-se a cada instante; e sente-se, mais que nunca, no momento em que desgraçadamente no seu partido se dá uma scisão que evidentemente lhe não dá força, e que com a sua palavra, com o benefico influxo do seu prestigio, do seu conselho e do seu exemplo, elle saberia evitar. Mas se a fatalidade da morte nos roubou esse grande vulto, nem por isso nós podiamos ficar de braços cruzados ante a necessidade de unir as fileiras, um momento abaladas pela grande perda inesperada do seu glorioso chefe, e seguir resolutamente esse caminho por onde elle sempre nos guiou. É esse o nosso caminho, Por elle seguiremos, com relação ao passado, sustentando todas as nossas responsabilidades, com relação ao presente combatendo com toda a perseverança das nossas convicções e em relação ao futuro marchando firmes na esperança e no desejo de bem servir a patria.

O sr. Barjona de Freitas: - Começava por agradecer ao digno par o sr. Hintze Ribeiro as expressões benevolas que lhe dirigiu e que estava longe de merecer. Não podia deixar de notar o facto que lhe parecia menos justo da parte de s. exa., de o ver sómente a elle orador, entre muitos e tão importantes correligionarios seus, que não assignaram o manifesto.

A verdade, comtudo, era que ali mesmo acabara de levantar-se um digno par, o sr. Thomás Ribeiro, antigo ministro regenerador e tão antigo membro do partido regenerador, que elle proprio, um dos mais antigos, já o encontrara no partido quando n'elle se alistou, e o sr. Thomás Ribeiro, declarava-se contrario a qualquer resolução definitiva e precipitada, e tambem não assignou o manifeste.

Outros homens importantes do partido, não o ignorava o digno par, eram tambem, como elle, o mais humilde de todos, de opinião que mais urgente do que a solução prompta e definitiva era o evitar as scisões e dissidencias que tal solução poderia causar. E o receio de dissidencias não era perfeitamente uma novidade.

Já nos ultimos tempos do sr. Fontes, alguma cousa havia que elle não ignorava, e poucos dias antes do seu fallecimento dizia elle que percebia o que se passava, mas que mais convinha fingir que o ignorava, porque a todo o custo era preciso manter a integridade do partido.

Assim fôra que elle, bem como cada um dos seus correligionarios recebera como um legado do chefe a obrigação de guardar e assegurar a integridade do partido.

Não havia urgencia na escolha do chefe, e quando apresentara essa; opinião declarara bem, categoricamente que no partido, para si, queria apenas o posto de soldado raso, sujeitando-se e obedecendo ao commando de todos. Esse teria sido o caminho para salvar a integridade do partido.

Não quizeram assim, a scisão era a consequencia inevitavel.

Outra consequencia fôra a morte do partido. Formassem os partidos que quizessem formar, mas o velho partido regenerador, esse já não existia.

Dissera o sr. Hintze Ribeiro que nos dois grupos as ideias são communs; dissera-o, mas os factos podiam mais do que as palavras.

Referiu-se á impossibilidade da reunião do partido, notada pelo sr. Hintze Ribeiro, e tratou de mostrar que tal reunião não era impossivel nem mesmo difficil, e como o partido não representava apenas uma certa categoria ou classe dos seus partidarios, não era sómente a opinião d'esses, mas sim a de todos a que devia determinar o caminho a seguir.

Sendo o primeiro a reconhecer os altos merecimentos do sr. Serpa, por isso mesmo a proposito vinha citar a sua opinião ácerca da eleição de chefes de partido, eleição que s. exa. condemnava com o fundamento de que os chefes não se elegem, apparecem naturalmente indicados pelas circumstancias partidarias e impostos pela superioridade do seu prestigio e da sua auctoridade.

Ainda mesmo que se pretendesse considerar os signatarios do manifesto como representantes das opiniões dos seus amigos nas differentes localidades, nem elles nem esses seus amigos tomaram conhecimento das rasões em que se fundavam as opiniões discordes com relação ao facto de se escolher desde já o chefe do partido, e comtudo era indispensavel que todos as conhecessem previamente sobre uma questão tão grave para o partido, que ella podia trazer como trouxe a scisão, scisão fatal para o partido, porque, por mais communs que sejam aos dois grupos, a idéa, o pensamento, os principios e as aspirações e a tradição do velho partido regenerador, esse partido acabou, já não existe.

(O discuso do digno par será publicado na integra quando s. ex. restituir as notas tachygraphicas.)

O sr. Hintze Ribeiro (S. exa. não reviu este discurso): - Sr. presidente, duas palavras apenas. A camara comprehende perfeitamente que as aggremiações dos partidos são assumpto para simples declarações, entre os homens que os vão compor, .e não para .discussões especiaes e largas, sobre a constituição d'essas aggremiações. Se a sua existencia d'esta ou d'aquella fórma, interessa ou não interessa ao paiz, questão é essa que melhor do que pelas declarações dos seus membros, se resolve pelos seus actos, assim como os intuitos do partido melhor se definem pela maneira como os seus adeptos advogam os seus interesses, affirmando as suas crenças e defendendo os seus principios.

Posto isto, só duas palavras em resposta ao digno par o sr. Barjona de Freitas.

Em primeiro logar, eu desejo significar ao digno par que s. exa. não tinha o direito de estranhar o não ter sido convidado para assignar este documento, desde o momento em que s. exa. tinha declarado que não podia compartilhar qualquer resolução que tivesse por fim a nomeação de um chefe. Desde este momento, é claro que s. exa. se afastou de nós, e que portanto não nos assistia o direito de o convidar.

Agora pelo que toca á scisão do partido ninguem mais lamenta do que eu, que ella se tivesse dado, e as palavras do digno par sobre este ponto dão-me o direito de perguna s. exa. visto mostrar tanto desejo sobre a unidade do partido regenerador, porque é que estabeleceu a, scisão, separando-se d'elle e porque é que não quiz acceitar as decisões da maioria, se, como s. exa. disse, queria no partido apenas ser um soldado raso prompto a executar as deliberações de todos?

Sr. presidente, o que é claro e evidente é que a unida-