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em acto de desforço, estendera os braços para o lado do sr. Ferreira de Almeida, sendo a testemunha a primeira pessoa que se interpoz entre os dois, para evitar a continuação da lucta. Depois de separados o sr. Ferreira de Almeida fechou a sua gaveta e saiu da sala acompanhado pelo sr. deputado Fuschini.

Perguntado se alguma das pessoas presentes dera a voz de prisão ao sr. Ferreira de Almeida, respondeu que não.

Declarou que o facto tivera origem na discussão que nesse dia houvera entre o ministro da marinha e o deputado Ferreira de Almeida, no decurso da sessão, a proposito da occorrencia que se dera dias antes no arsenal da marinha com dois grumetes da armada, e de outros factos referentes ao serviço da armada. Durante essa discussão notara que o deputado Ferreira de Almeida tinha conservado o seu tom e a sua serenidade habituaes, mas notou que da parte do ministro lhe fôra respondido com mais vivacidade e menos serenidade do que de costume.

Perguntado sobre se sabia se o sr. Ferreira de Almeida accumulava as suas funcções de deputado com alguma commissão da arma, respondeu que sabia que não accumulava.

Declarou mais que compareceu perante este conselho em virtude de um officio em que o presidente da camara dos senhores deputados lhe communicára que a camara havia auctorisado a sua citação para vir como testemunha depor sobre o facto a que se refere este processo, e acrescentou mais que comparecera independentemente da citação ou outro qualquer convite ou aviso, para evitar que a sua falta desse causa a demora no andamento do processo; e declara ainda que o facto da sua comparencia e do seu depoimento não modifica de modo algum os votos que, como deputado, tinha já emittido na respectiva camara, com referencia á legalidade ou illegalidade da captura do deputado Ferreira de Almeida e dos demais actos subsequentes.

E mais não disse; e sendo-lhe lido o seu depoimento o achou conforme, e assigna commigo e o vogal interrogante. = Carlos Maria Pereira Vianna, primeiro tenente, interrogante = Carlos Augusto de Magalhães e Silva, primeiro tenente, secretario = Antonio de Azevedo Castello Branco.

Terceira sessão

Aos 16 de maio do anno de 1887, na sala das sessões dos conselhos de guerra, no quartel dos marinheiros em Alcantara, estando reunido o conselho e não tendo comparecido nenhuma das testemunhas que falta inquirir, resolveu o mesmo conselho officiar novamente ao commandante geral da armada a comparencia das ditas testemunhas, e encerrou a sessão. = Carlos Augusto de Magalhães e Silva, primeiro tenente, secretario.

Quarta sessão

Aos 17 de maio de 1887, na sala das sessões do conselho de guerra em Alcantara, estando reunido o conselho, se proseguiu no inquerito das testemunhas. = Carlos Augusto de Magalhães e Silva, primeiro tenente, secretaria.

4.ª testemunha

Luiz José Dias, natural de Monsão, de idade trinta e seis annos, prior da freguezia de Santa Catharina de Lisboa, morador na rua dos Poyaes de S. Bento, n.° 2, 2.° andar, testemunha jurada aos Santos Evangelhos; do costume disse nada. E sendo-lhe lido o officio que serve de parte accusatoria n’este processo, disse:

Que durante a sessão da camara dos senhores deputados do dia 7 do corrente se trocaram explicações, antes da ordem do dia, entre o deputado Ferreira de Almeida e o ministro da marinha, o sr. conselheiro Henrique de Macedo; que entrando-se na ordem do dia e tendo aquelle deputado pedido a palavra para antes de se encerrar a sessão, estava elle testemunha sentado junto do ministro, conversando sobre diversos assumptos.

Depois de terminada a discussão sobre a ordem do dia, coube a palavra ao sr. Ferreira de Almeida, respondendo-lhe em seguida o ministro da marinha, encerrando-se logo depois a sessão.

N’este momento levantou-se o ministro e embrulhando um cigarro dirigiu-se para o lado da carteira do sr. Ferreira de Almeida, passando por diante delle testemunha e dizendo ao mesmo tempo: «Oh! Ferreira de Almeida, você está zangado, impertinente ou ferrenho»,não podendo a testemunha precisar qual o termo realmente empregado, mas estando certo de que era este o sentido das palavras proferidas; assim se foi dirigindo o ministro para a carteira onde o sr. Ferreira de Almeida se achava curvado, provavelmente guardando e arrumando os seus papeis, e acrescentando que estava prompto a fornecer todos os documentos ou na camara ou na secretaria d’estado, onde elle, deputado, podia ir buscal-os, e que não tinha medo de responder pelos seus actos tanto ali como lá fóra. Repetiu estas ou outras palavras, que elle testemunha não póde perceber, ouvindo apenas as expressões: «tanto aqui como lá fóra».

Foi então que o sr. Ferreira de Almeida repetia em tom interrogativo estas ultimas palavras: «tanto aqui como lá fóra? N’esse caso mande-me as suas ou os seus.. .» não tendo elle, testemunha, percebido claramente o que, mas ficando convencido que elle se referia a padrinhos para um duello.

A isto replicou o sr. Henrique de Macedo: «Não é caso disso, porque.. . », e foi neste momento que elle, testemunha ouviu o estalido de uma bofetada, que elle está convencido que foi descarregada pelo sr. Ferreira de Almeida no sr. Henrique de Macedo, attendendo ao conjuncto de circumstancias que se deram antes e depois do facto, posto que na occasião, ou a interposição de pessoas, ou a falta de attenção o tivesse impedido de observar attentamente o modo como se tinham passado estes acontecimentos. Esta circumstancia mencionada chamou a attenção d’elle, testemunha, que viu então o sr. ministro tentar um desforço immediato e chegar ainda com as pontas dos dedos ao casaco do sr. Ferreira de Almeida.

Correu então para o local do conflicto a fim de impedir a continuação da lucta, o que já estava effectuado, porque outros deputados que estavam mais proximos o tinham precedido, interpondo-se e segurando os contendores.

Quando chegou junto do sr. Almeida já este se achava liberto das pessoas que o seguravam e dizia: a Vir-me provocar ao meu logar!»

A testemunha pediu-lhe então que se retirasse e do fundo da sala o deputado Fuschini gritava-lhe que se retirasse, e como elle não accedeu ás suas instancias, acenou a testemunha ao deputado Fuschini, que se approximou e juntou as suas instancias ás d’elle testemunha, retirando-se e sr. Ferreira de Almeida em companhia do sr. Fuschini pedindo ao mesmo tempo que lhe dessem o seu chapéu.

Perguntado se ouvira alguma das pessoas presentes intimarem voz de prisão ao accusado, respondeu que não, tem a certeza de que ella lhe não foi dada pelo sr. ministro da marinha.

Perguntado se se recorda das horas em que se deu est incidente, respondeu que deviam ser pouco mais de sei horas, visto que é essa a hora marcada para o encerramento das sessões e que, como já declarou, estes factos passaram immediatamente depois do encerramento.

Instado para que precisasse se tinha notado que as palavras proferidas pelo sr. ministro, quando se dirigiu ao s Almeida, tivessem um tom aggressivo ou de provocação respondeu que estava convencido, pelo modo como elle começou a dirigir-se, que não tinha intenção de provoca attendendo ao tom natural com que foram ditas as primeiras phrases, não sendo acompanhadas tambem por ges