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N.º 76

SESSÃO DE 23 DE JUNHO DE 1885

Presidencia do exmo. sr. João de Andrade Corvo

Secretarios — os dignos pares

Eduardo Montufar Barreiros
Henrique de Macedo Pereira Coutinho

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. — Correspondencia. — O sr. marquez de Vallada pede que seja votada a proposta dos srs. conde de Rio Maior e visconde de Chancelleiros ácerca dos bustos dos marechaes duques de Saldanha e da Terceira. — O sr. Antonio de Serpa apresenta uma representação. — O sr. Margiochi declara que votaria o tratado de commercio com a Hespanha e que teria tomado parte nessa discussão, se por motivo de serviço publico não tivesse faltado áquella sessão. — O sr. marquez de Vallada insta novamente pela votação da proposta. — O sr. presidente pondera que ainda ella não teve segunda leitura. — O sr. marquez de Vallada pede que seja dada para ordem do dia de sexta feira. — O sr. presidente diz que será satisfeito esse pedido. — Ordem do dia: Discussão do projecto n.° 78 (lei de meios). — O sr. Henrique de Macedo justifica uma proposta que manda, para a mesa. — A camara admitte á discussão essa proposta. — Responde ao sr. Henrique de Macedo o sr. ministro da fazenda. — Segue-se-lhe o sr. conde de Valbom. — O sr. visconde de Arriaga declara que pediu a palavra para requerer prorogação da sessão até se votar, mas como é finda a inscripção, desiste do requerimento. — O sr. presidente declara que ainda estão inscriptos os srs. visconde de Moreira de Rey e Henrique de Macedo, e como não estava na sala o sr. visconde de Moreira de Rey, dava a palavra ao sr. Macedo. — O sr. Henrique de Macedo requer auctorisação para retirar a sua proposta. — A camara auctorisa. — É retirada, a proposta. — É posto á votação e approvado o projecto. — O sr. Mártens Ferrão apresenta um parecer da commissão de legislação. — O sr. Costa. Lobo estranha a irregularidade da distribuição do parecer n.° 58 e pede nova distribuição. — O sr. Telles de Vasconcellos responde ao digno par e associa-se ao seu pedido.— O sr. presidente declara que os desejos do digno par serão satisfeitos.

Ás duas horas e tres quartos da tarde, estando presentes 20 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta a sessão.

Lida a acta da sessão precedente, julgou-se approvada, na conformidade do regimento, por não haver reclamação em contrario.

Mencionou-se a seguinte

Um officio do ministerio dos negocios estrangeiros, remettendo 200 exemplares do Livro branco (3.ª secção) de 1885.

Outro, da presidencia da camara dos senhores deputados, remettendo a proposição de lei, que tem pôr fim crear um fundo destinado ao pagamento das aposentações e jubilações de empregados e funccionarios civis, denominado caixa geral de aposentações.

Á commissão de fazenda.

Outro, remodelando os serviços da caixa economica portugueza fundada por carta de lei de 26 de abril de 1880.

Á commissão.

Um folheto ácerca da carta geographica de Portugal, cartas topographicas das principaes povoações portuguezas e diccionario chorographico, sob a direcção do sr. conselheiro J. J. Mendonça Côrtez.

Para o archivo.

(Estava presente os sr. ministro da fazenda.}

O sr. Marquez de Vallada: — Sr. presidente, sinto não ver presente o sr. visconde de Chancelleiros e o sr. conde de Rio Maior.

Em uma sessão passada, não ha ainda muitos dias, entrando eu n’esta casa, ouvi que ambos estes dignos pares, illustres ornamentos d’esta camara, tinham feito uma proposta relativamente aos dois bustos dos nobres marechaes duque de Saldanha e duque da Terceira.

Eu pedi n’essa occasião a palavra, mas de tal modo se embrulhou a discussão e se approximou a hora de entrar no debate que estava dado para ordem do dia que não pude usar d’esse direito.

O sr. conde de Rio Maior apresentou a proposta assignada pelo sr. visconde de Chancelleiros, para que os dois bustos fossem collocados n’esta sala.

Creio que não havia nada mais justo, porque não acho que os bustos dos dois eminentes generaes, que tanto concorreram para restaurar o throno onde hoje se senta o senhor D. Luiz, devam ficar ali nos corredores.

Deliberou-se- que os bustos dos dignos presidentes d’esta camara fossem collocados dentro d’este recinto.

Fez-se depois uma proposta para que se collocassem aqui tambem os bustos dos nobres marechaes, que ficarão perfeitamente aqui e todos ficam muito bem ao pé d’elles.

Sr. presidente, eu sei bem que se deve escrever e fallar dos homens sem odio nem affecto para que a apreciação seja mais verdadeira e mais conscienciosa; mas, eu confesso, a respeito dos dois marechaes, posso dizer que fallo sem odio, mas não sem affecto, porque não está na minha mão deixar de amar e do exaltar a virtude.

Assisti aos ultimos momentos do nobre duque da Terceira.

Estava tambem presente o sr. visconde de Borges do Castro.

Ainda me recordo das declarações feitas n’esta camara, e vivem alguns dignos pares que as ouviram, em resposta ao elogio pronunciado, pelo nobre par visconde de Algés, pae do visconde nosso collega, ha pouco fallecido.

Escusado será fazer a historia dos sr. duque da Terceira e duque de Saldanha.

A sua historia está na lembrança de todos; não é tão antiga que passassem ao esquecimento os serviços que elles prestaram á sua patria.

Não ha logar para os dois bustos?

Ha logar para muita gente, e creio que havendo logar para tanta gente, tambem o deve haver para os srs. duque de Saldanha e duque da Terceira.

Homens como aquelles nem depois de mortos podem ser postos fóra do combate.

Homens como os srs. duque de Saldanha e duque da Terceira são sempre, não direi para temer, mas para respeitar.

Os grandes talentos são aquelles que mais têem sido guerreados; a um tolo ninguem faz guerra.

Quando ha grande hostilidade contra um homem, é porque esse homem é um vulto notavel e um talento preclaro. Mas não posso crer que n’esta camara haja alguem que levante a voz contra o merito nem contra os serviços dos dois marechaes.

Peço, pois, que os dois bustos sejam retirados do corredor e trazidos para aqui, onde a sua imagem será um poderoso incentivo para que continuemos a defender aã jus-

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