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DIARIO DO GOVERNO.

lhe daria todas as explicações que pede, e mesmo lhas darei confidencialmente, confiando muito na sua honra; portanto repito, que quando eu disse que tudo o que é relativo ás reclamações Inglezas será presente á Camara, não era pensando um tempo indifinido; não se lhe pôde dar conhecimento hoje do estado do negocio, mas talvez dentro em oito ou quinze dias; nesta Sessão de certo. Accrescentarei que conheço muito bem até aonde chega a authoridade do Governo; conheço muito bem que o Governo não póde dispor de fundos sem authorisação das Côrtes, principios que eu approvo, porque esse é o grande freio nos Governos Representativos. O nobre Senador lembrou-se de uma circumstancia de que eu confesso que me esqueceu inteiramente; confesso que não pensei que o Sr. Marquez de Saldanha era neto de Marquez de Pombal; mas se eu me lembrasse dessa circumstancia, seria mais um motivo para que eu o mandasse; porque é de certo uma maior garantia de que S. Ex.ª sustentaria a independencia Nacional; e por isso ainda mais convencido estou de que a escolha foi bem feita (Muitos apoiados).

Em quanto ás outras observações referindo-me á resposta que dei, de não poder satisfazer aos quesitos em geral, direi, pelo que toca á requisição de Lord Stuart, que está eliminada das reclamações. Sobre o negocio do Zaire, tambem me cumpre declarar com franqueza que, depois da reclamação que o Governo fez, se recebeu uma resposta pela qual se communicavam que esses navios a que se refere, não eram Portuguezes. É este um facto de que se deviam procurar provas, sendo aliás sabido que aquelles que se empregam no trafico da Escravatura, procuram todos os meios de illudir as Leis; portanto foi preciso averiguar o caso, mas tendo do feito para êsse fim todas as diligencias possiveis, ainda até hoje não obtive as informações necessarias para formar unia opinião exacta. É o que posso dizer a este respeito; e quanto ao mais, pedirei ao nobre Senador que tenha alguma paciencia; e sómente por pouco tempo, porque certamente elle não tem mais desejo do que eu, de fazer cessar a incerteza do Publico, e de dar conhecimento do negocio logo que estiver concluido.

O Sr. Barão da Ribeira de Sabrosa: — A historia seria infantil, mas produziu o desejado effeito. S. Ex.ª que não fallaria, talvez em dez annos, fallou em cinco minutos, e muito bem. A respeito do Zaire, estimarei muito que não fosse Portuguez o Brigue mettido a pique, será essa uma offensa de menos; mas se não era Portuguez para que se arvorou a nossa bandeira, e se obrigou o Paquete de Loanda a presencear a façanha.... Agora em quanto á missão do meu nobre amigo, o Sr. Marquez de Saldanha, perdoe-me S. Ex.ª Sr. Ministro, nunca o illustre neto do Marquez de Pombal, a quem a inveja tem negado dez palmos de terra que o sepultem nesta Patria, que elle regenerou, e nesta Capital que elle vingou do furor dos elementos, deveria ter sido obrigado a incumbir-se de uma missão tão deploravel. Tinha Portugal um brasão; havia na familia de Pombal um timbre; o seu preclaro fundador tinha forçado a Gram-Bretanha, a mandar aqui um Embaixador a desculpar o attentado que um navio Britannico commettera contra um navio neutro, ou alliado na costa do Algarve. A missão mesquinha do nobre Marquez obscureceu aquella gloria, e apagou na sua familia aquelle timbre, eis aqui para mim um motivo de coração Portuguez para que, por voto meu, nunca o Marquez de Saldanha receberia uma missão tão abaixo da sua posição. Aconteceu o mesmo que acontecera com Pio 6.º quando este, contra o voto dos seus familiares, se determinou a ir a Vienna pagar a divida, que Clemente 7.° contrahira, quando, pondo os pés sobre o collo de Henrique 4.º, dizia orgulhoso super aspidem et basiliscum ambulabis, et conculcabis leonem, et draconem.

Tenho a honra de ser amigo do Sr. Marquez de Saldanha, dediquei uma bella parte da minha vida ao seu serviço, e tive por isso muita pena quando soube que S. Ex.ª acceitará uma missão tão infeliz (Pausa).

Mencionou-se um Officio (que acabava de chegar) da Presidencia da Camara dos Deputados, acompanhando uma Mensagem da mesma, que incluia um Projecto de Lei sobre continuar o Governo na percepção dos impostos, e rendimentos Publicos, na conformidade das Leis em vigor, durando o primeiro trimestre do futuro anno economico, e applicar o seu producto ao pagamento das despezas Publicas, segundo o determinado na Carta de Lei de 31 de Junho de 1839. Concluida a sua leitura,

disse

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros: — Eu pedia a V. Ex.ª e á Camara que julgasse este Projecto urgente, porque elle é urgentissimo, para o Governo não ter graves embaraços na cobrança dos impostos, visto que poucos dias lhe faltam para acabar o direito que elle tem a percebe-los. O Governo não perdeu um momento, V. Ex.ª sabe que ainda não estavam acabadas de constituir ambas as Camaras, já elle tinha apresentado na Camara dos Srs. Deputados a competente proposta. Rogo portanto a V. Ex.ª e á Camara que tenha muito em vista a necessidade que ha de decidir quanto antes esse Projecto.

Foi remettido á Commissão de Fazenda com urgencia.

O Sr. Presidente disse que a Mesa propunha para Membros da Commissão de Petições Os Srs. Vellez Caldeira,

Marquez de Fronteira,

P. J. Machado.

Foram approvados.

Consultou depois a Camara sobre o numero de Membros que deveriam compôr a Diplomatica; o resolveu que fossem cinco. Seguidamente teve logar um escrutinio de 36 listas para a eleição da referida Commissão; ficaram apurados sómente

Os Srs. Duque de Palmella por 25 votos

Conde de Villa Real 19.

Não se achando a Camara já em numero legal para proseguir nos trabalhos dados para Ordem do dia, declarou o Sr. Presidente que a de Sabbado 27 do corrente (a proxima Sessão), seria o complemento da eleição da Commissão Diplomatica, e leituras: fechou esta pelas tres horas e meia.