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DO DIARIO DO GOVERNO.

adiamento deste Projecto. Só pediria ao Autor da Proposta do adiamento que retirasse a expressão = sine die =, e a substituisse por outra.

O Sr. Visconde de Sá da Bandeira: — Quero limitar-me a dizer algumas palavras sobre o Projecto do illustre Senador; não quanto ao merecimento delle; eu estimaria que o Projecto se discutisse, ou na presente Sessão, ou no principio da proxima; porque o Projecto contém objectos de alta importancia; declaro tambem que concordo com algumas idéas do nobre Senador, mas que me separo de outras, quanto á organisação da Infanteria: emquanto á Cavallaria e Artilheria concordarei. Dizendo estas poucas palavras concluo que voto para que o Projecto seja discutido, em um dia proximo, ou quando não nos primeiros dias da proxima Sessão.

O Sr. General Zagallo: — O Sr. Ministro da Guerra disse que a difficuldade que encontrava na discussão do Parecer da Commissão, era a decisão que se acabou de tomar na outra Camara, relativamente á Guarda de Segurança; mas seja qualquer que fôr a organisação que se dê aos Corpos militares, ella nunca poderá influir na dos Corpos de Segurança Publica; porque se esta houver de ser feita (como eu entendo) similhantemente á dos Corpos do Exercito, convém que a desses já esteja concluida, para a daquelles a imitarem; e senão, nesse caso a organisação do Exercito como lhe não serve de modêlo, póde ser a que se quizer.

Entretanto, Sr. Presidente, é preciso observar, que o máu effeito que têem produzido os nossos Corpos de Segurança, provém principalmente de não terem uma boa organisação militar; cuja opinião já tambem o Sr. Ministro do Reino me fez soar nos ouvidos na outra Casa, por occasião de se discutir alli afixação da força do Exercito; nem isso admirou aos verdadeiros militares, que prophetisaram o máu effeito que as ditas Guardas haviam de produzir, apenas foram creadas, em fracções sem nexo, e sem um centro, onde fossem aprender a disciplina, e donde dimanasse a authoridade que a podesse fazer effectiva. Em quanto á organisação que propuz para a Artilheria, disse S. Ex.ª que não sendo eu déssa arma talvez não tivesse todos os conhecimentos necessarios......

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros: — Eu fui mal ouvido do illustre Senador; eu disse que não sendo eu Official de Artilheria, não podia ter uma voz superior á Commissão que está no Ministerio da Guerra, aliás composta de Officiaes dignos de todas as armas, a qual tinha feito os seus trabalhos, que o illustre General será tambem o primeiro, a querer vêr.

O Sr. General Zagallo: — Bem; mas sempre é necessario que eu diga á Camara, que não sou tão orgulhoso que me abalançasse a fazer um Projecto de organisação para as armas em que não tive exercicio (faltando-me sómente a de Cavallaria, sem ter consultado os melhores entendedores dessas armas. Quando eu disse que o author do Projecto de organisação da Artilheria com um grande Estado Maior, teve vistas differentes das que se executaram, foi um facto que o mesmo author me referio, na occasião em que o consultei sobre o meu Projecto, queixando-se de haverem alterado o grande Estado Maior que propozera, com o grande numero de officiaes supranumerarios que lhe incluiram, e deixando de fóra os officiaes dos Trens, que lhe deviam pertencer; em cuja occasião conveio comigo, em que a organisação da Artilheria devia voltar ao que foi, isto é, a Regimentos sem grande Estado Maior, ou com este e sem aquelles, como se acha organisada a Artilheria dos Exercitos mais regulares.

Quanto á Commissão do Ministerio da Guerra, eu estimarei ser illustrado com as suas luzes; mas nem a Camara deve esperar por essa obra para dar ao Exercito a organisação de que precisa, nem essa obra ficará sem resposta se eu o julgar conveniente.

Disse mais S. Ex.ª que a Cavallaria teve sempre Conselhos de administração mas que elles apenas administravam as forragens, e cuidavam de curar as mataduras dos cavallos; o que me parece que não é exacto, porque as massas, que se davam aos Corpos de Cavallaria, eram applicados para outros objectos tambem. Entre tanto se aquelles conselhos eram capazes de administrar aquelles fundos, tambem o são para outros maiores, que comprehendam as forragens, o pão, a mobilia etc. o que não acontecerá aos Batalhões de Infanteria, que não têem o numero de officiaes superiores necessario como os de Cavallaria, para darem á Fazenda Nacional as garantias, que tão grandes fundos exigem. Em uma palavra, ou querem ou não estabelecer o systema das massas; no primeiro caso é necessario, que os Corpos tenham o numero de Officiaes suficiente para dar as garantias necessarias á Fazenda Publica; e no segundo ficaremos privados de um systema, que tantas vantagens tem produzido nos Exercitos, em que elle se acha estabelecido.

O Sr. Presidente: — A hora deu ha muito tempo, e como a Camara se não acha já em numero legal, a votação da proposta do Sr. Conde de Linhares fica reservada para a seguinte Sessão.

Segundo acaba de me participar o respectivo Camarista, Sua Magestade designou as seis horas da tarde de hoje para receber a deputação encarregada de apresentar alguns Decretos das Côrtes á Sancção Real; ficam por tanto prevenidos os Srs. Senadores que se acham nomeados.

A Ordem do Dia para a Sessão de Segunda-feira (7 do corrente) é a votação sobre a proposta do Sr. Conde de Linhares; sendo negativa continuará a discussão do Parecer da Commissão de Guerra sobre alguns Artigos do Projecto de Regulamento do Sr. Zagallo, e no caso de ser affirmativa, tractar-se-ha dos Pareceres relativos aos Projectos de Lei, da Camara dos Deputados sobre — authorisar a Camara de Tavira a contrahir um emprestimo— authorisar a construcção de uma ponte no Rio Sadão — authorisar as Camaras de Ponta-Delgada e da Horta a contrahirem emprestimos para a construcção de mercados — e conceder um credito para reparar os estragos da tempestade nos Açôres. — Está fechada a Sessão.

Eram quatro horas e tres quartos.