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SESSÃO N.° 15 DE 6 DE JULHO DE 1911 5

ves cuja existencia e permanencia é muito prejudicial aos interesses da Patria. (Apoiados).

Posso dizer a V. Exa. que necessitando a fabrica de material de guerra que dirijo e onde se empregam mais de 500 pessoas, de fazer certos serviços, muitas vezes deixa de executá-los por não ter material, não por culpa do Ministerio da Guerra, mas por difficuldades levantadas pelas estações administrativas intermediarias, cujo visto faz com que, pela demora, as cousas não estejam despachadas a tempo de serem applicadas convenientemente.

Eu vou citar a V. Exa. um facto que mostra claramente a inconveniencia do actual systema burocratico, isto sem da minha parte haver o intuito de offender ninguem.

Ha quatro meses necessitei da acquisição de um certo numero de rnachinas para promover o aumento do fabrico de material de guerra, e o Sr. Ministro da melhor vontade fez o que pôde para adquirir essas machinas.

Pois ha quatro meses anda o contrato de Herodes para Pilatos e não pôde ainda ter informação da autoridade superior por faltar qualquer virgula ou ponto no contrato!

E preciso que se remedeie sem demora este estado de cousa?, porque é muito prejudicial aos interesses da Patria. (Apoiados).

Para qualquer despacho são precisas assinaturas sobre assinaturas, papeis sobre papeis, vistos sobre vistos, etc.

Sem se habilitar o Governo com os meios necessarios para adquirir material de guerra para a defesa nacional tudo é perdido, todas as boas vontades são inutilizadas e os prejuizos saa incalculaveis.

A respeito das machinas dá-se tambem um caso extraordinario, que é não se poder encommendar directamente machinas ás casas estrangeiras por a isso se oppor a lei de contabilidade e por estarem as casas estrangeiras acostumadas a fornecer machinas no valor de centenas de contos de réis, não querendo por isso vir a concursos para modesto fornecimento de machinas a Portugal; de maneira que as casas productoras, aquellas com quem devia-mos estar em immediatas relações, não querem concorrer e de ahi a necessidade de intermediarios, mas esses intermediarios tornam mais caro o material que se compra.

Vou contar a V. Exas. um facto que é notavel.

Um intermediario que arrematou um fornecimento em concurso, mandou vir já algumas das machinas de que constava o fornecimento, mas tem essas machinas ainda na alfandega, porque não as pode entregar, em virtude do contrato não estar ainda assinado, estando as officinas a meu cargo privadas do seu uso e a fabrica fornecedora á espera do dinheiro!

Isto é condemnavel e até vergonhoso para os estrangeiros, mandarem umas machinas para Lisboa, que estão ha meses na alfandega á espera que se assine o contrato!

Peço, pois, a V. Exas., que teem que intervir na elaboração das leis administrativas, que tomem boa nota d'estas circunstancias para evitar factos semelhantes.

O Sr. Eusebio Leão: - Sr. Presidente: quando ha dias se tratou da necessidade de enviar para o norte missões de propaganda, eu pedi a palavra; mas infelizmente, tanto nessa sessão como nas subsequentes não me chegou a vez de falar.

O que eu queria dizer á Camara é que essas missões de propaganda andam por lá, constituidas por republicanos devotadissimos, entre os quaes alguns padres, que desde muito tempo, e de combinação com o Directorio do partido, por lá andam fazendo uma propaganda assidua e efficaz, empregando muito trabalho e demonstrando um desinteresse acima de todos os elogios.

Essas missões encontram-se agora no districto de Braga, depois de terem percorrido o districto de Villa Real

Outra missão, segundo fui informado por telegramma recebido hoje, vae por assim dizer seguindo as pisadas da anterior.

Devo, porem, dizer que estas missões de propagana são necessarias, indispensaveis mesmo (Apoiados), mas é preciso muito mais que isso.

Nós precisamos mandar oradores para aquellas aldeias explicar o que é a Republica e dizer áquelles povos o que pretendemos; e é preciso tambem que nas localidades por onde foram eleitos os Deputados, elles opportunamente se apresentem aos seus eleitores de forma tal que o país possa, por assim dizer, ficar coberto de missões de propaganda.

Quero referir-me agora em especial ao Directorio, que foi aqui invocado, dizendo-se que era a elle que incumbia esta propaganda.

Direi que antes das eleições elle a recommendou e que até mesmo se fizeram umas instrucções sobre a orientação a dar á propaganda, instrucções que foram officialmente mandadas para todas as aggremiações e candidatos, e que uso isto não custou um real ao Estado.

Todas as despesas eleitoraes, realmente, foram feitas pelo Directorio do partido republicano, assim como todas ,s despesas que se fizeram com a Revolução.

Tudo foi, repito, á custa do Directorio, nem um só real saiu dos cofres do Estado.

Mas, meus senhores, é preciso muito mais do que essa propaganda pelas missões; e essa propaganda tem que fazer se, abrindo escolas, (Apoiados) que são muito necessarias.

As noticias que tenho é que muitas escolas existem apenas no papel. (Apoiados). Não ha professores e ha mesmo aulas que não teem material e outras que ha annos não funccionam, e onde não anda um só alumno. (Apoiados).

Por este meio, isto é, fundando escolas é que a propaganda se pode fazer.

Meus senhores, já aqui se tem falado varias vezes no acto revolucionario.

Eu tambem me permitto dizer alguma cousa sobre o assunto, pois que o conheço muito bem.

Uma voz: - E muito mais gente.

O Orador: - E para se fazer justiça a todos e é indispensavel que se faca, é preciso declarar que ha muitos que se dizem revolucionarios, mas que nunca o foram.

Vozes: - Muito bem.

O Orador: - Houve até alguns que diziam que andavam, mas que na realidade desandavam.

A historia ha de fazer-se, e quando ella se fizer, completa, ver-se-ha quem trabalhou e quem não trabalhou. (Apoiados).

A revolução não foi obra de um homem, nem de um grupo; foi obra de todos.

Foi obra de todos, porque os combatentes da Rotunda nada teriam feito se não fossem os do mar, e estes nada teriam feito se não fossem os da Rotunda. E uns e outros se não fossem os populares, se não fosse emfim a Republica estar na consciencia de todos (Apoiados), nada teriam feito. (Apoiados).

Meus senhores, nós não podemos deixar de reconhecer que para a revolução trabalhou o exercito e a armada.

No acto revolucionario teremos pois que attender aos que podiam ter combatido contra, mas que na realidade não combateram; e ainda a outros que não estiveram no combate por circunstancias estranhas á sua vontade.

Havemos de fazer justiça a todos.

Ha muitos officiaes que não estiveram lá, mas que concorreram para o bom êxito do acto.

Os Srs. Poppe, Palla, Sá Cardoso, Pires Pereira, Helder Ribeiro, Americo Olavo, Ochôa e muitos outros, cujos nomes me não acodem, estiveram reunidos na casa da rua