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Sessão de 24 de Março de 1914

nal pouco adiantariam à resolução do problema do Ambaca, quando a minha única intenção se limita a esclarecer alguns factos que de boa ou má adrede tem sido deturpados ou malsinados. A malaventurada questão de Aiubaca começou a ser estudada e condu/ida no sentido da solução por mim adoptada no ternpo do Governo Provisório, sendo então Ministro das Colónias o Sr. Azevedo Gomes e secretário geral o Sr. Freire de Andrade.

Quando tomei conta da pasta das Colónias já o meu antecessor, Sr. Celestino de Almeida, ilustre membro do partido evolu-cionista, tinha assentado no ajuste de contas, como na realidade se veio a efectuar, e declarara reconhecer à Companhia de Ambaca o direito a receber o 'ágio do ouro sobre a garantia do juro. Chegou também ao Ministério das Colónias, quando eu era Ministro, a resposta do governador geral de Angola, Manuel Coelho, outro ilustre ornamento do partido evoluciouista, à consulta formulada pelo director geral, sobre a projectada solução a dar à questão de Ambaca, com tudo concordando, não opondo a menor objecção, L. 'o propondo uma só alteração, instando somente para que fosse resolvida sem a mínima perda de tempo.

Ao iniciar-se o ajuste de contas, ainda no tempo do Sr. Celestino de Almeida, o processo de Ambaca passou das mãos do director geral Freire de Andrade para as do director geral da fazenda, Euscbio da Fonseca. Convêm lembrar que o Sr. Eu-sébio da Fonseca foi elevado ás altas funções do seu cargo pelo Ministro das Colónias do Governo Provisório, o qual, como de todos nós é sabido, pertence ao partido uinionista.

Não consta que alguém protestasse contra a sua nomeação ; mais tarde, quando os Ministros já não tinham tam latas atribuições, é que—se principiou a exigir a exoneração do Sr. Eusébio da Fonseca, sem su indicar um facto concreto que coo-nestasse um tal procedimento. É meu dever afirmar, porque seria uma cobardia sem nome não o fazer, que o Sr. Eusébio da Fonseca, durante o-curto período da minha estada no M.inistério das Colónias, exerceu o seu cargo de director geral com muito zelo, correcção e competência. O Sr. Celestino de Almeida tinha-o no melhor conceito e assim mo asseverou; o Sr. Aze-

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vedo Gomes tanta consideração lhe dispensava que o guindou a director geral, e creio poder assegurar que ainda hoje se não arrependeu de o ter feito. Há quem diga que toda a celeuma tavantada em torno da questão de Ambaca foi provocada pela interferência do Sr. Eusébio da Fonseca, como árbitro. Custa a crer que a rná vontade contra um indivíduo possa vir a ter tam grande influência na resolução dum problema de tamanha importância, pondo-se de parte os interesses do país c duma colónia. Quanto á veracidade das acusações que lhe são feitas, aguardo a decisão do conselho disciplinar, que lhe foi instaurado, para com justiça formar o meu juízo.
Positivamente, a questão de Ambaca logo no seu início se converteu numa questão política; valha a verdade, quando me propus solucioná-la nunca supus que viesse a suceder, por isso que nessa época se dizia com frequência, ao ser abordado qualquer problema colonial, que não nos devíamos esquecer de que a.s nações europeias estavam de atafaia, com os olhos postos em nós, que as questões coloniais deviam discutir-se fora do campo da política, chegando a avançar-se que, politicamente, a pasta das Colónias devia considerar-se neutra. ; A sinceridade de tais afirmações ficou demonstrada, à evidência, com a desalmada campanha que se levantou contra a solução da questão de Ambaca! Alguns dos argumentos apresentados, custa a crer que o tenham sido de boa fé. Se não vejamos.