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Sessão de 24 de Março de 1914

Basta de Ambaca! Que mais direi, senão que já me causa engulhes esta m alfa-ciada questão cie Ara baça! Não há paciência que resista ao chorrilho de despautérios que toda a gente se julga no direito de arremessar sobre quem fez ou deixou de fa zer, quanto lhe aprazia que houvesse sido feito, e menos agrada ainda o ver baralhai-os seus actos com as paixões mais insofridas da alta e da baixa política, ou a sua dignidade e brios com ódios truanescos. Hoje considoro-me vencido.

j De que serviu tanta vontade de ser útil ao país e de favorecer a prosperidade duma colónia! .

A questão de Ambaca continua por resolver e nenhuma potência ainda se intrometeu connosco.

A República vai-se consolidando e Angola lá vai vivendo.

iSuspeiçocs nobre os negociadoras de Am-laca.— Para do tudo haver nesta melindrosa questão de Ambaca, também surgiram suspeições a esmo, que felizmente não surtiram efeito, porque a multidão republicana nem sequer admitiu a possibilidade dum Ministro da República poder descer à baixe/a de praticar um acto indigno e desonesto. Ei se, por infelicidade minha, não consegui provar que diligenciei bem servir o meu pais, com certeza que provei com desassombro não ter medo de enriquecer., de maneira que no meu uniforme de oficial de marinha, se alguns salpicos há, não são de lama, são de água salgada.

Homenagem ao partido e ao Sr. Afonso Costa.— Saindo do Ministério em 1912, por causa da questão de Ambaca, aceitei, confesso, com íntimo júbilo a pasta da Marinha no Ministério transacto, não pela vanglória de tornar a. ser Ministro, mas unicamente pela reparação que n.ie era dada, pela reabilitação do meu nome, demonstrando-se ao país que o Ministro podia ter errado, mas a sua honra i í cara incólume.

Todavia, se na realidade senti imenso júbilo ao entrar para o Ministério de Afonso Costa, não o senti menor quando me vi livre do poder, embora me compungisse a magna de ver repelido do Governo o Presidente do Ministério de 191;$, aquele que no regime republicano maiores provas tem dado do seu talento, do seu saber, do seu patriotismo, da sua honestidade, da sua de-

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dicação pela República e da sna indomável coragem para com tudo arrostar e tudo conseguir vencer.
Tenho ainda um dever a cumprir: agradecer singelamente do íntimo da minha alma, ao meu chefe c ao meu partido, que t a m nobremente a si nos sabem prender, a consideração imerecida que me dispensaram, porque se neste país tudo se consegue denegrir na política, contudo ninguém ousará negar que só um partido tam decidido c disciplinado, tain cheio de patriotismo o de pundonor como o democrático, e só um chefe com a grandeza de alma .e de carácter, e o nobilíssimo coração de Afonso Costa, ousariam elevar a Ministro quem, como eu, possuía na sua bagagem política a envenenada questão de Ambaca, como recomendação a unia oposição tam apaixonada e por vezes desvairada.
Presto assim a minha homenagem sentida a todos os meus queridos correligionários.
A.necdofa de..Lord Roseberi./.—Antes de dar por lindas as minhas breves conside-raçSes e a propósito- dos oradores do partido evolucionista terem estranhado que nem da bancada do Ministério, nem da esquerda da Câmara alguém se levantasse para responder aos exageros dos ataques em carga cerrada contra a solução dada em 1911. à questão de Ambaca, seja-me permitido recordar um acontecimento que teve lugar no Parlamento de Inglaterra.
Estranhou-se idêntica atitude a Lord Rosebery quando presidia ao Gabinete .Britânico, até que uru dia, depois de prolongados ataques da oposição, se levantou, pediu- a palavra e licença à Câmara dos Comuns, para contar uma anecdota.
Para a repetir, eu também peço a devida vénia.
Referiu Lord .Rosebery que num condado de Inglaterra vivia um sargento, homem decidido, valente, que se distinguira em cem combates, mas que de quando em quando apanhava., uma tareia da mulher. O escândalo tornou-se do domínio público e os próprios amigos acabaram por invectivá-lo. O bom do sargento saíu-se com esta répjica: