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Sessão de 16 de Março de 1916 5

tos. E porque? Porque se uniram êsses homens estendendo-se fraternalmente a mão? Porque ao de cima das nossas cabeças, como uma ameaça terrível, silvaram estas palavras, que, saídas do nosso espírito inquieto, podem traduzir uma realidade tremenda: A PÁTRIA ESTÁ EM PERIGO.

Pois para que ela não corra perigo, unamo-nos todos para a defender.

Pelo que nos respeita, e é êsse o compromisso que tomámos, empregaremos todos os meios para que se consiga a forma última e superior da União Sagrada.

Seremos tolerantes dentro das leis, aproveitando daquelas que respeitam aos problemas da consciência ou possam implicar com os princípios da tolerância toda a elasticidade de que forem susceptíveis nas suas disposições para que os espíritos se acalmem e congracem. Sem dúvida que isso depende tambêm, e muito, da atitude daqueles que até hoje tem movido hostilidade à República, quando dentro dela todas as reivindicações legítimas podem ser plenamente satisfeitas pela livre discussão.

Mas por nossa parte damos, desde já, o exemplo da tolerância fazendo estas nossas liais declarações.

Em resumo: o Govêrno, a que presido por honrosa incumbência dêsse eminente português e grande republicano que ocupa a suprema magistratura do país, terá como intento máximo solidarizar toda a família portuguesa, neste momento culminante da sua grande História. Procurará ligar os homens entre si e tambêm vinculá-los à tradição do passado, estabelecendo a equação da continuidade histórica pelo sacrifício, pela tolerância o pelo amor à terra onde todos nascemos.

Neste momento formulando e augusto, não apelamos só para a geração actual, que assiste a uma violenta e trágica transformação do mundo, apelamos tambêm para a sombra dos nossos maiores que beijaram o pó para que nós vivêssemos, preparando-nos destinos épicos e gloriosos.

Assim, fortes desta comunhão entre o presente e o passado, sob a inspiração varonil de que o futuro será por nós, porque a raça é imperecível e a Pátria é imortal, o Govêrno da República tem a honra de saudar o Parlamento e todos os portugueses sem excepção, heroicamente simbolizados neste momento pelo Exército e pela Armada.

Várias frases contidas nesta declaração, foram coroadas com grandes salvas de palmas e entusiásticos vivas patrióticos por parte de todos os membros do Parlamento e das galerias. S. Exa. foi muito cumprimentado por todos os lados da Câmara.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Colónias (António José de Almeida):- Depois de lida esta mensagem com que o Govêrno entendeu apresentar-se ao Congresso, tem natural e lógico cabimento a leitura dum documento especial, singularmente importante e honroso para o nosso orgulho de povo livre, leitura que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros vai fazer.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Augusto Soares): - Peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Augusto Soares): - É o seguinte o documento que acabo de receber no Ministério dos Negócios Estrangeiros:

Leu.

Legação de S. M. Britânica - Lisboa, 12 de Março de 1916. - Excelência: Não deixei de transmitir imediatamente ao Govêrno dê Sua Majestade a informação que por V. Exa. me fora dada na quinta-feira última, à noite, de que o Ministro alemão aqui lhe declarara que existia um estado de guerra entre Portugal e a Alemanha e pedira os seus passaportes.

Em harmonia com as instruções de Sir Edward Grey, tenho a honra de transmitir a V. Exa. a seguinte mensagem ao Govêrno da República.

O Govêrno de Sua Majestade estará ao lado de Portugal em face do inimigo comum, e Portugal pode confiar em que a sua antiga aliada, a Gran-Bretanha, lhe dará todo o auxílio que for possível ou necessário prestar.- Lancelot D. Carnagie".

O Sr. Presidente: - Viva a República! Êste viva é delirantemente correspondido por toda a Câmara, e a êle se associa-