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Sessão de 5 de Agosto de 1918 35

O Sr. Cunha Lial: - Falou V. Exa. no pensionista do Estado, mas foi o pensionista do Estado que fez com que V. Exa. pudesse ocupar êsse lugar.

O Orador: - Porquê?!

O Sr. Cunha Lial: - Porque, se não fôsse o pensionista do Estado, V. Exa. poderia talvez ser Ministro da Monarquia, mas...

O Orador: - Ao contrário do que V. Exa. parece imaginar, honro-me de estar aqui unicamente pelo serviço que estou prestando ao meu país.

Nisto apenas consiste o meu orgulho! Não conquistei êste lugar, pela intriga política ou revolucionária!

Ocupo-o com grande sacrifício de interesses e do meu sossego.

Sirvo o meu país, e, se me convencer do contrário retiro-me, quanto mais não seja com a satisfação do dever cumprido.

A conspiração que eu sentia, Sr. Presidente, efectivou-se em palavras no documento que aqui foi lido.

Tal documento é a comissão tácita dessa conspiração.

A hora já vai muito adiantada e eu não quero cansar a Câmara, tanto mais que há uma comissão de inquérito aos serviços da Secretaria de Estado das Subsistências, comissão composta de indivíduos absolutamente honestos e absolutamente insuspeitos, amigos pessoais do Sr. Machado Santos, que tenho como um homem honrado e bem intencionado, se bem que nem todos os indivíduos que o rodeiam me possam merecer o mesmo conceito.

Uma voz: - Exploram o prestígio do Sr. Machado Santos!

O Orador: - Não me ficaram na idea todas as preguntas do Sr. Deputado Cunha Lial.

Falemos, no emtanto, dos celeiros municipais.

Assim que tomei conta da pasta das Subsistências, o meu primeiro cuidado foi mandar para a imprensa uma nota dizendo que os celeiros municipais seriam unicamente modificados, atendendo a reclamações justíssimas.

Diz o Sr. Cunha Lial que as colheitas estão terminadas.

Não sucede assim, e o Govêrno ainda está muito a tempo de aproveitar os celeiros.

O Sr. Cunha Lial: - A do centeio já acabou.

O Orador: - V. Exa. mostrou agora mais uma vez desconhecer êstes assuntos.

O centeio é o primeiro cereal a colher e o último a debulhar.

Feita, a ceifa é pôsto em meda na eira e, depois de debulhado o último grão de trigo, principia-se então a debulha do centeio.

Só para Setembro é que esta debulha se fará.

Relativamente à questão do decreto sôbre trigos, preguntou S. Exa. porque se foi a uma extração de 80 por cento.

A França tambêm teve a ilusão das grandes extracções.

Depois reconheceu-se nêsse poder tirar mais em farinha do que 80 por cento. No novo decreto essa percentagem está fixada em 80 por cento porque os trigos esto ano têm um peso específico muito baixo.

Quanto ao único tipo de pão concordaria, mas o preço tinha de ser muito mais elevado.

O Sr. Cunha Lial: - V. Exa. pode-me dizer qual o preço?

O Sr. Fernandes de Oliveira: (Secretário de Estado da Agricultura): - $30.

O Sr. Cunha Lial: V. Exa. está enganado; garanto a V. Exa. que fizemos a conta e que o preço não pode ir alêm de $20.

O Sr. Fernandes de Oliveira: (Secretário de Estado da Agricultura): - Com o trigo a $23?

O Sr. Cunha Lial: - Mas é porque pé misturava milho cujo preço não ia alêm de $13.

Em todo o caso é um preço muito mais elevado e haveria nas classes baixas quem não o pudesse adquirir; com o preço actual há já muito a quem seja difícil adquiri-lo.