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36 Diário da Câmara dos Deputados

Não quero dizer no entanto, que não se modifique, visto que o Sr. Secretário de Estado do Interior não deu a sua última palavra sôbre o assunto.

Muitas mais cousas teria a dizer sôbre os diferentes serviços do Ministério das Subsistências, que mereceriam grandes reparos, pois tenho aqui um grande dossier de documentos muito comprometedores da direcção dos mesmos e para muitos funcionários mas não irei mais longe. A comissão de inquérito dar-lhe há oportunamente a devida publicidade. Gosto mais, muito mais. de me defender do que acusar.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

O Sr. Tamagnini Barbosa: (Secretário de Estado do Interior): - Responde demoradamente às considerações feitas pelo Sr. Cunha Lial, apresentando a orientação a seguir para se modificar em sentido favorável a sua situação económica.

O discurso será publicado na íntegra quando o orador restituir as notas taquigráficas.

O Sr. Nunes Mexia: - Sr. Presidente: estava longe de mim a idea de usar hoje da palavra. Vejo-me, porêm, forçado a fazê-lo, em virtude da acusação de açambarcadoria que o Sr. Cunha Lial lançou sôbre a classe a que me honro a pertencer.

Assim, tendo de usar da palavra pela primeira vez, permita-me V. Exa. que muito rapidamente lhe apresente as minhas saudações de superior respeito e que à benevolência de todos se recomende quem, nunca tendo sido orador, tem dedicado a sua vida à labuta dos campos, à boa política - permita-se-lhe o termo - da vida agrícola.

Terão, pois, V. Exa. e a Câmara, de me ouvir não como orador, mas como um lavrador que aqui tem de se defrontar com uma acusação das mais graves que no actual momento se pode dirigir a alguém : a acusação de açambarcador.

Agradeço ao Sr. Cunha Lial o ter-me prestado ocasião de varrer a minha testada acêrca de insinuações feitas nesta Câmara o ano passado, e de responder tambêm ao Sr. Machado Santos que me alcunha agora, na outra Câmara, de metediço.

Faz-se esta acusação à lavoura que tem trabalhado com todos os governos, inclusive com o da União Sagrada, sem especulações políticas, dando todo o seu esforço e toda a sua competência, para bem do país.

O Sr. Cunha Lial agravou a situação chamando-nos açambarcadores, perante a Câmara onde se acham representantes da lavoura que não querem dar lições de patriotismo mas tambêm as não querem receber.

Uma classe como a lavoura não merece que seja alcunhada de açambarcadora, porque, meus senhores, o açambarcador é alêm de um ganancioso um inimigo da ordem.

O Sr. Cunha Lial: - V. Exa. dá-me licença? Quando se mandava vir trigo do Alentejo, êsse trigo não aparecia. Farinha? Também não se encontrava.

O Orador: - A lavoura foi alcunhada de açambarcadora. E desde que a minha classe foi assim desconsiderada eu tenho o dever de a defender.

O Sr. Machado Santos alcunhou-nos de metediços. Querem V. Exas. saber como começaram as nossas relações com o Sr. Machado Santos?

Sem que nós tivéssemos procurado o Govêrno ou o Sr. Machado Santos, alguém em nome dele veio à Associação de Agricultura dizendo que a hora era grave, que nós não tínhamos pão para o dia imediato. E preguntaram-nos: Os senhores têm algum "alvitre a dar ao Govêrno para nos livrar desta situação tam séria?

Respondemos: Sim, senhor, temos. E então disseram-nos que os apresentássemos porque o Govêrno precisava urgentemente deles.

Então o Sr. Ministro das Subsistências mandou ouvir a Associação de Agricultura sobro um alvitre que êle Ministro nos apresentava e que dizia era um estímulo para trazer os trigos a Lisboa.

Êsse alvitre era o de pagar os trigos por preço superior.

A Associação de Agricultura respondeu ao Ministro das Subsistências que isso seria a última das imoralidades.

Depois surgiram as dificuldades na exe-