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Sessão de 5 de Agosto de 1918 37

cução do novo alvitre e então houve um vogal da Associação, o Sr. Luís Gama que disse:

- "Eu vou a Beja como delegado do Govêrno".

É triste, Sr. Presidente, que a lavoura portuguesa se tenha sujeitado aos maiores sacrifícios, para benefício do país, e que, no fim de tudo, haja quem não reconheça esta atitude e a venha atacar em pleno Parlamento!

Não tendo sido aceito o oferecimento da Associação de Agricultura, e tendo o Sr. Machado Santos declarado aos lavradores que não aceitava o seu alvitre, eu lembrei a conveniência que o Govêrno tinha em adoptar certas medidas relativas à compra do trigo. A questão dos intermediários é, por exemplo, da mais alta importância, porque êstes é que são os açambarcadores e não os lavradores como muita gente julga.

O Sr. Cunha Lial: - Sabe V. Exa. o se passou com o Sr. Aresta Branco, quando andou pelo Alentejo?

É oportuno frisar que, tendo S. Exa. ido a Beja para comprar trigo, se entendeu com negociantes e não directamente com os lavradores, como era natural.

O Orador: - Passou-se depois a discutir o preço dos trigos. Resta altura o Sr. Machado Santos, que ainda não formava um mau juízo a nosso respeito, praticou o gesto, para nós penhorante e a que rendemos os nossos agradecimentos, de ir até a Associação de Agricultura discutir o preço dos cercais. Depois duma larga discussão chegou-se a um entendimento e o Sr. Machado Santos mandou fixar o preço sôbre os quais tínhamos acordado, ficando essa fixação dependente de experiências, exactamente para se fixar o pêso específico do arroz.

Relativamente aos celeiros municipais, vou dizer à Câmara o que se passou a êste respeito.

Começámos a discussão com o desejo de acertar, como pode desejar quem à lavoura se dedica. O projecto de decreto foi apreciado artigo por artigo o não sei se discutimos bom se mal, mas eu apelo para um ilustre Senador que aqui se encontra presente para que diga se é ou não verdade que a reunião terminou por estas palavras: "Oh! Machado, num bocado da noite resolvemos uma cousa útil que, certamente, levaria muitas sessões no Parlamento".

Uma voz: - Apoiado!

O Orador: - Mas se a obra foi má, a culpa foi do obreiro e não nossa.

O que é certo é que o decreto foi publicado com grande parte dos defeitos, pois essa obra enfermava dum mal de origem.

Refiro-me ao que de desprimoroso para as câmaras municipais tem o referido diploma. Não era uma garantia municipal, mas uma organização estadoal, pois o funcionário encarregado do celeiro era um funcionário do Estado. E como isso fôsse ainda pouco, dava-se aos celeiros municipais a faculdade de comprar trigos em toda a área, quando se deviam limitar ao concelho.

Quando o Sr. Machado Santos saiu do Ministério, o actual Ministro fez publicar uma nota oficiosa em que se dizia que se ia modificar o decreto dos celeiros municipais. Êsse decreto foi publicado. E eu devo dizer a V. Exas. que o segundo é mais exequível do que o primeiro.

É preciso que a Câmara saiba que o homem que neste momento se senta na cadeira do Poder, sobraçando a pasta da Agricultura, é credor do país dos mais relevantes serviços.

Quando era difícil fazer vingar uma associação agrícola no país, S. Exa. fundou o Sindicato Agrícola de Serpa, que é modelar.

Quando era notória a escassez da pro1-dução agrícola em Portugal, o Sr. Fernandes de Oliveira dava o exemplo do parcelamento da serra de Serpa, constituída por milhares de hectares, permitindo que se fizesse rapidamente a cultura dêsse enorme trato de terreno, de maneira a produzir uma grande quantidade de azeite e de trigo.

S. Exa. é o homem que deixa as comodidades da sua casa para consentir em ser Ministro, lugar em que se é atingido por insinuações.

O Sr. Cunha Lial: - V. Exa. é incapaz de dizer que fiz insinuações. V. Exa. é que está insinuando...