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6 Diário da Câmara dos Deputados

ultime os seus trabalhos o mais depressa possível.

O Sr. Alberto Dinis da Fonseca: - Sr. Presidente: não tencionava usar da palavra no intróito desta sessão legislativa e, como não padeço de incontinência oratória, reservava-mo para o fazer no período outonal, quando as folhas caem o a estação refresca.

Ao ouvir a exposição que fez o meu colega Sr. António Osório, quando apresentou o seu projecto acêrca dos mutilados da guerra, formulei a tenção, em nome da minoria católica, de dar todo o meu apoio e aplauso àquela iniciativa, pois sôbre o assunto tinha tambêm um projecto. Sôbre êle falarei quando aqui se discutir.

Aproveitando a ocasião, quero fazer os cumprimentos de estilo a V. Exa. e à Câmara e definir a minha atitude nesta sala.

Todos os oradores que me têm precedido tem feito a V. Exa. as merecidas saudações, às quais com todo o entusiasmo me associo.

Ao falar pela primeira vez nesta Câmara, não posso deixar, como Deputado católico, de invocar com respeito o nome de Deus.

Agora devo saudar os meus eleitores de Arganil, cujos interesses especiais tenho o dever do defender, assim como os interesses gorais do meu país.

Dito isto, eu saúdo os dois lados da Câmara e faço as minhas saudações com tanto mais calor quanto é certo que dum e doutro lado conto amigos sinceros e liais.

Encontro-me aqui sem ser político, porque nunca o fui e não o quero ser.

Digo que a culpa é dêles, mas eu não os censuro, lamento-os. Há partidos demais. Tenho dito várias vezes que para se poder fazer uma verdadeira administração dum país seria necessário que nele houvesse fortemente enraizados dois partidos com ideas diferentes, com processos diferentes, um representando a corrente conservadora e outro representando a corrente avançada.

Ora, nos últimos cinquenta anos, não se têm formado êsses partidos. Tem-se feito agrupamentos em volta de homens e êsBes agrupamentos fazem-se e desfazem-se com êsses homens. Sob o manto diáfano da unanimidade de vistas, descobre-se a nudez forte das ambições e rivalidades pessoais. (Apoiados). Digo mais: os partidos políticos tendem a desaparecer, para dar lugar às organizações económicas, aos agrupamentos sob duas correntes: a católica e a socialista, trabalhando ambas no mesmo terreno, com processos diferentes: uma querendo mudar o céu para a terra e outra querendo levar a terra para o céu.

Em nome do programa católico, eu saúdo o representante do Partido Socialista, a outra corrente, e na pessoa de S. Exa. eu saúdo todas as classes trabalhadoras. Podem elas estar certas de que, nas suas justas reivindicações, a minoria católica estará sempre a seu lado.

Não vamos tratar de assuntos religiosos. Fizemos, ante o sufrágio, consignar o mínimo indispensável do nosso programa, que foi publicado em quási todos os jornais, deixando de o ser em alguns por falta de espaço, o que representa, não aquilo que nós desejamos, mas aquilo que reclamamos nesta hora e que ninguêm de boa fé pode recusar.

Disse há dias nesta Câmara o Sr. António Osório, ao apresentar o projecto de lei sobro mutilados, que todos aqui são portugueses amantes da sua pátria. Pois, para satisfazer aquelas reclamações, basta ser português e, nesta conformidade, estou certo que elas seriam aprovadas nesta Câmara por unanimidade.

Desejo de preferencia que esta Câmara dedique um especial interesse às questões económicas.

Já outro dia um nosso ilustre colega disse que .o problema das subsistências se sobrepõe a todos. E para êste problema que devemos olhar e depois para a organização das forças agrícolas, profissionais e comerciais. E para o desenvolvimento do fomento agrícola e industrial, para a preparação das questões económicas que devemos chamar a atenção da Câmara.

A maneira como o projecto do Sr. António Osório foi admitido por todos os lados, demonstra que será fácil, mesmo sob um regime que nem todos perfilham, reservando a sua independência de opinião pessoal, trabalhar em proveito do que considero uma grave crise.