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Sessão de f de Julho de 1922

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O Sr. António Fonseca:•—

-me licença?

A pregunta que V. Ex.a acaba de fazer ao Sr. Presidente do Ministério é a mesma que eu ontem fiz a S. Ex.% e a resposta que S. Ex.a nos deu não diz mais do que o que declara o artigo 3.° da lei n.° 1:246. Provavelmente o. que V. Ex.a desejaria saber, como .eu, é se o Governo está na disposição de recorrer ao aumento da circulação fiduciária.

O Orador: — A resposta do Sr. Presido ato do Ministério, realmente, é confusa. S. Ex.a podia poupar-nos a largas discussões se nos desse uma resposta concreta, clara, evitando assim que estejamos gastando tempo com uma proposta que, porventura, não tem viabilidade.

Sr. Presidente: como o meu ilustre colega nesta Câmara, Sr. António Fonseca, sou 'de opinião que, em virtude da desvalorização da nossa moeda, a importância destinada pelo parecer n.° 93 é • um dinheiro inutilmente gasto, sem vantagem nenhuma para a economia do país.

Sr. Presidente: eu também represento nesta Câmara um círculo, e, como português e Deputado, cumpre-me o dever de contribuir para a realização da obra de fomento que se impõe, mas duma forma que corresponda a esse desejo.

Lembro-me de que, numa época já longínqua, nas Constituintes, o ilustre Deputo do Sr. Brito Camacho propôs que se fizesse um empréstimo de 100:000.000$ para obras de fomento, e o Sr. Afonso Costa, que então era Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, respondeu-lhe que os povos morriam também pela bancarrota.

O único dinheiro empregado com vantagem seria o empregado em obras de fomento.

Em 1911 foi feito um empréstimo de 2:000 contos para se fomentar o país: abrindo os seus portos," estradas, vias férreas, einfirn a utilização do Alfeite, etc.

Infelizmente, isto não se fez; e, nesta Câmara ou fora dela, jamais me preocuparei com a política de campanário; vim à Câmara para tratar do fomento nacional, de estradas, de portos, de caminhos de ferro. Tenho, porém, a ininha fé muito abalada; é já muito grande a minha descrença na obra que pretendo ver realizada.

-Hoje só vejo uma obra negativa. Deixámos desbaratar o dinheiro sem regalia nenhuma.

«íTal quantia proposta o que é para o país?

Estabeleçam V. Ex.as a média em relação ao que era o conto em 1914, e vejam se qualquer obra se pode realizar com uma verba destas.

Toda a gente quere caminhos de ferro, e o Estado é o primeiro a reconhecê-lo.

É isto indicar o que a minha consciência me dita; ficaria mal com a minha consciência se mio dissesse aqui bem alto o que penso: o que se pretende fazer é ludíbrio.

E deitar poeira nos olhos da nação, que não está tam cega que não reconheça que uma obra de milhares de contos com o que hoje representa a nossa moeda não se poderá fazer.

Então nós sabemos que há uma linha que precisa de rápida e urgente reparação, melhoramentos a fazer, estações a reparar, e vamos deitar dinheiro improficuamente pela porta fora porque são verbas pulverizadas.

Não se acaba um único caminho de ferro. (Apoiados),

Tenho ouvido nesta Câmara afirmações que poderia classificar com rigor de ocas, sem sentido, para mim que frequento'secretarias e conheço burocracia, e Jtenho conhecimento prático dos serviços e dos trabalhos.

A situação dos caminhos de ferro, particularmente na Europa, é deficitária, quanto mais em. Portugal com a moeda desvalorizada como está.

Sabem todos o preço do carvão, do material, emfim, de tudo que diz respeito a caminhos de ferro.

O Sr. Presidente: — Corno é a hora de se passar à ordem do dia, pregunto a V. Ex.a se deseja ficar com a palavra reservada.

O Orador:—Talvez em cinco minutos concluísse, mas ficarei com a palavra reservada.

O orador, não reviu.