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Sessão de 2 de Agosto de 192Ê

gain . hoje; dada a desvalorização sempre crescente da moeda e o constante aumento da vida e, demais a mais, dando-se ã circunstância de o pensionista e bravo marinheiro ter ainda viva sua mulher e a seu cargo três netos órfãos de menor idade que* além das despesas de alimentação* lhe trazem outros encargos de vida, toma a liberdade de propor que a pensão seja elevada à quantia de 180$ mensais.

Sala das sessões da comissão de finanças, 25 de Julho de 1922.— F. G. VelM-nho Correia — Alberto Xavier (com rcs-tricas) — Nuno Simões (com declarações e restrições) — Queiroz Vaz Guedes — Carlos Pereira-^- F. C. Rego Chaves^ A. Orispinidno — Loúrengo Correia Gomes, relator.

Senhores Deputados. — Kenovo a iniciativa do projecto de lei n.° 737-E, de 1921, publicado no Diário do Governo, de 23 de Abril de 1921.

Lisboa^ 7 de Julho de 1922.— Vítor Hugo de Azevedo Coutinho, Ministro -da Marinha.

Proposta de lei n.° 737-E

SetiJiores Deputado^. — Gabriel Anca, de 80 anos de idade, antigo arrais das companhas de pesca da costa de Aveiro, com ama longa vida de trabalhos árduos e incessantes na lide do mar, nos quais revelou -sempre excepcionais qualidades de aptidão e de carácter que lhe grãngea-ram o respeito dos. seus concidadãos e uma justificada reputação, apresentou-se ultimamente na Capitania dó Porto de Aveiro a solicitar do Estado auxílio pecuniário que o ponha ao abrigd da miséria nó último quartel da vida.

Tendo trabalhado emquanto pôde, sem nada pedir, apenas lembra agora os- seus serviços à humanidade, para evitar o que mais repugna ao seu nobre orgulho de homem de bem e de trabalhador: estender a mão à caridade;

Depois de ter gasto o melhor da sua energia no desenvolvimento dá indústria da pesca à custa de muitos riscos, contribuindo assim para enriquecer muita gente; tendo arrostado còiá os maiores po-rigos, impelido ^elos mais elevados sentimentos de humanidade, para salvar 120 vidas à voragem do mar; tendo final-

mente perdido no mar os seus três filhos, que" lhe poderiam garantir uma velhice tranquila, o velho arrais Gabriel Anca, pobre e inválido, tem ainda de prover à sustentação de sua mulher e 'de três netos de três, quatro e-cinco anos de idade, única herança recebida do seu derradeiro filho, que pereceu na costa de França por ocasião do naufrágio dó lugre Ròcaz.

Desejava o Ministério dá Marinha trazer ao conhecimento1 dos representantes da rui cão a longa lista dos actos de abnegação praticados por esto benemérito da humanidade e para tal fim tinha encarregado a Capitania do Porto de Aveiro de colher os necessários elementos do próprio Anca, visto que, não sendo funcionário público, a resenha dos salvamentos por ôle efeitítuados, em barco ou a nado, não consta, na Stiã maior parte,.do registo das estações oficiais.

Baldado intento, porque tendo o -velho pescador considerado como simples incidentes da sua vida, è sem" importância muitos desses salvamentos e ainda porque se lhe obliterou a sua lembrança, não pôde relatá-los, tendo aquela capitania de recorrer à consulta de documento & e informações jpara poder . apontar os seguintes factos:

Em 1860, tripulando á falua do Biigio, sob o comando do heióitíO patrão Joaquim Lopes, tomou parte no salvamento da tripulação de um aavio de vela, inglês-, encalhado, debaixo de mau tempo, na barra 'de Lisboa. • • ' '

No mesmo ano, e ainda sdb as ordens do patrão Joaquim Lopes, tomou parte no salvamento dá tripularão de um liigre-pa-tachd português, encalhado, debaixo de mau tempo, na barra de Lisboa. •- Em 1880 encalhou ao sul da Praia da Torreira, com cerração e mati tempo, o vapor francês Nathdlié, começando logo a ser demolido pelo mar, tendo-se refugiado a tripulação, e alguns passageiros, nos •mastros;