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18 Diário da Câmara dos Deputados

tado que mo procedeu assistiu, o se não assistiu, leu nos jornais, sessões absolutamente impróprias, não digo já dum Parlamento, mas de qualquer assemblea.

Sr. Presidente: eu li nos jornais, o não quero agora fazer um estendal de factos, porque estou no uso da palavra para explicações, li nos jornais, com todas as letras, que um Sr. Deputado, que não sei se está presente, no ano passado, ao findar o seu discurso aqui nesta casa, empregou uma palavra que a decência me não permito repetir.

Tareco que êsse Sr. Deputado disso que sentia subir por êle anima uma onda daquilo que eu não posso dizer à Câmara. Que chama a isto o ilustre Deputado que me precedeu no uso da palavra? E uma cousa prestigiosa para o Parlamento ou é uma miséria?

Além disso, embora u ao os tenha presenciado, tenho visto relatados em jornais vários agravos, vários insultos aqui praticados.

Um àparte: - E nunca se deu tal cousa no tempo da Monarquia?

O Orador: - Mas eu estou a dizer a V. Exas. que foi justamente tudo isso que em mim tornou arreigadas as minhas convicções anti-parlamentaristas.

Sr. Presidente: não faço ao Sr. Deputado que me precedeu a injúria que mo fez, chamando-me descortês. Tal não sou, nem o quero ser; e, porque assim é verdade, eu não quero supor que S. Exa. aplaude as scenas a que me referi, assim como muitas outras a que não posso aludir.

S. Exa. que interrogue a sua consciência para que ela lhe diga que classificação tais scenas merecem.

Trocam-se vários àpartes.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Cabral: V. Exa. já esgotou o tempo que, pelo Regimento, se deve considerar necessário para explicações. Não quero estabelecer excepções a tal respeito; portanto, peço a V. Exa. que resuma as explicações que deseja prestar à Câmara.

O Orador: - Sr. Presidente: terminarei ràpidamente. Devo, porém, dizer a V. Exa. que não posso permitir, como ontem já acentuei, que aqui se peçam explicações pelo que a imprensa diz, desde que os respectivos artigos ou notícias não sejam assinados pelas pessoas que aqui tem assento, e a quem tais explicações só queiram exigir,

Um àparte do Sr. Francisco Cruz.

O Orador: - Mas quem tem a culpa? Somos nós ou é a imprensa?

V. Exas. estão a inverter os princípios que sempre aqui foram seguidos, segundo os quais quem aqui se senta não é responsável pelo que na imprensa só diz, tanto mais que todos os jornalista da imprensa monárquica tem a hombridade bastante para assumir as suas responsabilidades.

De resto, o que se escrevo nos jornais sôbre discursos proferidos em assembleas públicas não assenta em notas taquigráficas, mas sim em ligeiros apontamentos tomados por repórteres que muitas vezes atribuem aos oradores palavras muito diferentes das que êles proferiram, mas que supuseram ter ouvido. E eu, Sr. Presidente, já nem má lembra do que disso ao princípio desta minha oração quanto mais do que disso há dias.

Vários àpartes.

O Orador: - Estou manifestamente a abusar da atenção da Câmara. Termino, portanto, mas na certeza de que ainda teria bastante que dizer. Assim, Sr. Presidente, limitar-me hei agora a repetir que não consentirei que me exijam explicações pelo que a imprensa diz, pois que acima de tudo que me queiram atribuir estão a minha consciência o a minha dignidade.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, devolver as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Amâncio de Alpoim (para interrogar a Mesa): - Sr. Presidente: peço a V. Exa. o favor de me dizer quantos Srs. Deputados estão inscritos sôbre a ordem.

O Sr. Presidente: - Estão três.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Invocando o artigo 62.° do Regimento, como apre-