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Sessão de 16 de Dezembro de 1925 11

Á campanha de O Século visava o Banco Angola e Metrópole, que era um agente oculto dos alemães, e os homens que lá estavam eram agentes da Alemanha, que nos queriam levar as nossas colónias.

Para qualquer pessoa de bom senso o disparate era evidente.

Os alemães, nos seus ataques sôbre as nossas colónias, acusavam-nos do não as cultivarmos e não deixarmos que outros as explorassem. Acusavam-nos de escravatura e nós podíamos responder-lhes com bons argumentos.

Êste seria o raciocínio de quem tivesse a cabeça não só para pôr e tirar o chapéu ou para ter o prazer de usar cabelo.

Risos.

O segundo argumento era êste: os alemães antes da guerra tinham fortíssimas ligações financeiras em Portugal!

Mas então nós não sabemos isso? Por acaso o Sr. Alfredo da Silva oculta as suas ligações com casas alemãs?

Então não vive no nosso moio o conhecido John da casa Burnay?

Evidentemente que os alemães são de primeira água em matéria comercial e financeira, e não vão confiar a rapazes os seus grandes capitais.

Estas campanhas são extremamente perigosas.

O homem que maneja um grande órgão da imprensa, porque se serve duma formidável arma, serve a conveniência de, uns e o impulso de outros.

Lembram-se todos os republicanos, todos os portugueses, da grande e alta memória do nobre português António Granjo. Êle foi vítima duma campanha dum órgão da imprensa.

Apoiados.

O Século é realmente um grande órgão.

Os homens do Banco Angola e Metrópole, apresentados aos olhos de toda a gente, mantiveram-se no seu pôsto. Mantinham as suas propriedades, todos os bens que haviam comprado, permaneceram na sua terra, exercendo uma intervenção na vida económica do país.

Esta situação que os homens do Banco de Angola e Metrópole para si próprios estabeleceram, é a situação de um vulgar, falsário?

Não é.

É preciso dizê-lo porque é a verdade.

Êstes homens não procederam como passadores de moeda falsa, como vulgares gatunos que apoderando-se da carteira, alheia, ou das economias de uma parte, dos habitantes de Portugal, se dispusessem a fugir no dia seguinte.

De maneira alguma; ficaram como alguém que espera protecção e auxílio vindo do nosso meio financeiro.

Chamo a atenção de V. Exa., Sr. Presidente e da Câmara, para êste aspecto da campanha sustentada pelo Século, em, cuja redacção tem entrado pessoas que têm altos interêsses no Banco de Portugal, interêsses de accionistas, interesses de comerciantes.

Contra trinta e tantas mil libras que se dizem ter sido compradas na praça da Lisboa, falaram nas centenas de milhares de libras, as chamadas libras carecas, que se diziam ter sido compradas, como contrabando, nas praças do norte da país.

No dia seguinte à aparição dêste artigo de O Século, a polícia faz publicar a notícia das suas sensacionais prisões. O país tomou conhecimento do que estava sendo vítima de um extraordinário crime praticado por pessoas com cadastro na polícia, sul-africana.

E no dia imediato à prisão rompe a afirmação, não só em O Século, mas em outros órgãos da imprensa, a afirmação de que eram falsas as notas espalhadas, no mercado.

Falsas, porque um olho do Vasco da Gama era diferente do das notas verdadeiras - questão de monóculo ou de oftalmia; porque tinham vírgula a mais ou vírgula a menos. Falsas, porque o espectro das notas era radicalmente diferente - vai sem piada ao Partido Radical - do das notas verdadeiras. Isto afirmou-se por toda a parte e parecia assunto arrumado.

Mas na noite do dia em que esta notícia foi transmitida ao público, falando eu particularmente com um alto funcionário da polícia, cujo nome não revelo, porque prometi segredo e não sou denunciante, e conversando acerca do assunto que não me parecia de tanta clareza como se dizia, porque sou homem de direito e reclamo prova jurídica para fazer afirmações êles.