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Sessão de 22 de Dezembro de 1925 23

Não posso permitir que com o meu silêncio se mantenha preso um homem porque se supõe ter entrado no atentado contra o Sr. Ferreira do Amaral. Demais têm sido incomodadas pessoas por causa dêsse acto.

Precisamos fazer julgar êsses homens condenando os se forem criminosos mas mandando-os para a rua se forem inocentes.

O que há de mais caro dentro de uma democracia é, de facto, a liberdade; já o Sr. Ramada Curto disso ontem que se um dia visse em perigo a liberdade deixaria de ser socialista.

É assim que entendo que o regime dos movíeis da Rússia não pode frutificar em Portugal porque tem a política de autoritarismo incompatível com a liberdade.

Não sou bolchevista porque não o quero ser, porque amo a liberdade e sou contrário a todas as ditaduras, quer elas venham da direita ou da esquerda.

O regime da liberdade não pode ser apenas uma palavra que nós proclamamos; tem de ser um regime real. E desgraçadamente hoje em Portugal há tudo menos liberdade, há menos liberdade que no tempo da monarquia.

As leis não são infalíveis. Elas são para as nações uma pequena esperança para poderem viver. Mas num regime em que a ordem não possa ser dirigida, não há liberdade.

Para estabelecer a ordem pública em Portugal, é necessário estabelecer a ordem nos espíritos, fazer com que o Estado não seja considerado como inimigo.

E indispensável estabelecer a legislação de todas as organizações, de todos os factores sociais e de produção.

Quando estiver estabelecida a legislação de forma a satisfazer às necessidades do país, então sim.

£ Como podemos resolver o problema de ordem pública se há apenas a desordem ?

Está atravessando um período a sociedade portuguesa, em que o povo nos olha com desdém, com ódio até.

Antigamente eram os grandes senhores que, porventura, olhavam o povo com desdem e deprêzo.

Hoje mudou-se de scena: o povo é que nos olha tantas vezes com ódio, e a República.

Assim não podemos viver.

Emquanto não se souber conquistar a alma do povo, compreender as suas reclamações, não pode governar-se.

Devemos entrar em vida nova.

Os homens que ali se encontram são velhos políticos.

Poderiam ser velhos e ter um programa a realizar.

Ora na pobre declaração ministerial apresentada, não vejo tratada a questão da ordem social.

A guarda republicana, por mais que lhe aumentem o soldo, não é capaz de manter a ordem.

Nem mesmo a polícia até que chegue um dia em que êle cansado de ver no Govêrno um homem que está aí por estar, lhe diga que não pode ser.

Sr. Presidente : a Esquerda Democrática há-de combater o Govêrno desde a primeira hora, pois quando precisamos de um Govêrno de amor. vemos entrar por aquela porta um homem que é a encarnação do ódio e o ódio nunca viveu, o ódio nunca triunfou.

O orador não reviu.

O Sr. Álvaro de Castro: - Sr. Presidente: dirijo as minhas saudações ao Govêrno e a cada um dos Srs. Ministros.

Limitar-me hei a falar em dois ou três assuntos.

Do Govêrno fazem parte velhos republicanos que pertencem ao Partido Democrático, mas o principal defeito do Govêrno é não ser integralmente democrático. Dentro do Govêrno há Ministros que podem não concordar com certos princípios.

Um mistério que envolve êste Ministério é a atitude do titular da pasta da agricultura.

Preguntamos nós: porque foi dispensado o Sr. Tôrres Garcia de comparecer à apresentação do Govêrno?

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva):- O Sr. Ministro da Agricultura não pôde vir acompanhar-nos por doença de sua esposa.

O Orador: - Informações publicadas nos jornais de hoje davam, efectivamente, como saído do Ministério o Sr. Tôrres Garcia. Felizmente não é exacta essa noticia e o Sr. António Maria da Silva tem

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