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22 Diário da Câmara dos Deputados

É de notar que os números da circulação foram arredondados por deminuíção, e que não reduzo ao par as reservas ouro que andam ilegalmente lançadas com prémio na escrita o que assim aparecem quási dobradas no valor.

Pois mesmo desta maneira não se pode negar que andam desde 1920 girando por êsse país fora dezenas de milhares de contos de notas falsas emitidas pela administração do Banco: trata-se do uma especialidade da casa... notas falsas para os negócios, notas falsas para o desconto, notas falsas para as despesas, notas falsas para os dividendos. Um ligeiríssimo crime, quási sem importância, porque se trata de pessoas super honradas, acima de qualquer suspeita, gente chique que frequenta a boa sociedade, mas que tem o ligeiro defeito do se haver colocado sob a alçada do artigo 206.º do Código Penal, que dá aos falsificadores o prémio do oito anos de prisão maior celular e doze do degredo!

Bagatela... convoca-se uma assemblea geral, descompõem-se os Governos o as autoridades da República, despeja-se uma cabazada de insultos sôbre quem se permita apitar pela polícia, e fica tudo como dantes, na paz do Senhor.

Ou bem que se é homem de bem por profissão, ou bem que se não é.

Esta bagatela, êste mimo, atinge à data das últimas notícias a ninharia de mais de 130:000 contos falsos.

Estão roubados nossa quantia os portadores de notas, está roubada nessa quantia a economia nacional, e não falo na Pátria, porque a defesa da Pátria é privilégio exclusivo dos super-honestos, super-patriotas da Rua dos Capelistas e da Rua Formosa.

Estão roubados, e vamos ver porquê:

Respondendo ao quesito 5.° do Sr. Tôrres Garcia, o Banco confessa uma circulação privativa ouro, existente em 26 de Agosto de 1925, do 61:894 contos.

Êste número é de uma modéstia adorável, e eu que já sei e já demonstrei como se mente nas respostas do Banco, bem fàcilmente demonstraria que 6 produto de uma simples fantasia.

Mas não vale a pena gastar tempo a demonstrá-lo. - Aceitemos o número.

O que o Banco não diz (naturalmente por ingénua simplicidade recatada) é que trazia, e traz, pela sua câmara do compensação, sem título legítimo de saída, uma pequena circulação surda, só para amigos, que atinge 50:000 contos.

Toda a praça o sabe.

E já temos assim 111:894 contos de circulação.

Mas como ainda por cima o Banco se dedicou, por patriotismo, claro está, a pagar 90:000 contos das chamadas notas falsas, e falo por informações que vêm de lá, temos assim que traz cá por fora 201:894 contos de notas, quando a sua reserva lhe não permite trazer mais do que 75:000 contos.

As reservas que êle confessa, exagerando-as por valorização como ô sou costume, na resposta ao quesito 5.°, sobem apenas a 18:715 contos.

Faça a conta quem quiser, sabendo-se que essa reserva tem do ser de 25 por cento da circulação.

Todas as notas ouro do Banco de Portugal que excedem em circulação privativa, 75:000 contos são mais falsas do que Judas.

O Banco traz cá por fora em giro cêrca do 130:000 contos de notas falsas; quando pagou as notas do Banco Angola e Metrópole pagou-as com notas falsas e embandeirou em arco reclamando Torre e Espada.

Não vale a pena continuar, Sr. Presidente.

Não é preciso continuar.

Afirmo à Câmara que analisei apenas uma pequena parte das tranquibérnias e dos crimes cometidos pela administração do Banco de Portugal.

A monarquia deixou lá as suas raízes, o por qualquer lado que se escave o solo em volta só se encontra podridão.

Tudo se pode esperar daquela gente e dos seus cúmplices, porque tudo tem praticado, tripudiando sôbre os interêsses dos accionistas, dos portadores da nota e da nação.

Falta dizer muito mais do que tudo quanto disse.

A procissão vai na rua, e só acabarão os foguetes quando se tomem, por parte do Govêrno, as indispensáveis providências, tam enérgicas, tam justas, como o caso requere.