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Sessão de 4 e 5 de Janeiro de 1926 23

Não fiz, como V. Exas. viram, acusações indemonstradas.

Não acuso pessoas, porque me faltam elementos, que só uma investigação imparcial poderá possuir para descobrir dentro do Banco as responsabilidades pessoais pelos assombrosos crimes que me orgulho de haver denunciado.

Convencido mesmo estou de que alguns dos administradores do Banco e seus fiscais são apenas negligentes que confiaram aos outros os seus trabalhos e deveres.

Eu apenas sei ser acusado sem provas, não me ensinaram a acusar dessa maneira.

E deixem-me V. Exas. dizer que me sinto no dever de excluir das minhas acusações gerais - porque conheço factos que o ilibam - o Sr. Dr. Lobo de Ávila Lima, o único de entre todos que saiu da administração do Banco.

Sr. Presidente do Ministério, Sr. Ministro das Finanças: em nome dos interêsses dos ludibriados accionistas do Banco, em nome dos interêsses do Estado, em nome dos supremos interêsses da economia nacional, em nome da Moral e do Direito, cumprindo sem alarde, mas sem tibieza o meu dever, eu reclamo de V. Exas. as imediatas medidas que exigem os trágicos factos que apontei.

E emquanto me não calarem a voz, porque mo tirem a vida, eu hei-de gritar diante da nação:

Srs. Ministros, republicanos portugueses, a administração do Banco de Portugal é uma caverna de falsificadores e ladrões!

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (António Maria da Silva): - Sr. Presidente: o Sr. Amâncio de Alpoim tinha, como V. Exa. sabe, pedido a minha assistência e a do Sr. Ministro das Finanças, para tratar de um "negócio urgente".

Sabe também V. Exa. as razões que levaram a Câmara a permitir que aquele Sr. Deputado usasse da palavra, mas permitam-me V. Exa. e a Câmara que lhes diga que a maneira como o ilustre Deputado tratou o assunto não é a mais própria, nem a mais usada nas duas casas do Parlamento.

S. Exa., tratando de um "negócio urgente" fez uma verdadeira interpelação.

Apoiados.

Eu pregunto à consciência de V. Exa. se o Sr. Amâncio de Alpoim, pretendendo provar diversos factos com alguns documentos, os quais nós não conhecemos, poderia esperar uma resposta concreta sôbre um assunto de tamanha gravidade!

Apoiados.

E é extraordinário que assuntos que podem contender com o crédito do Estado directa ou indirectamente, se tratem aqui da maneira como o ilustre Deputado o fez!

Apoiados.

Querer que o meu ilustre colega das Finanças responda em relação a números, documentos e apontamentos que êle não conhece, é absolutamente fantástico.

Evidentemente que ninguém nega a qualquer Sr. Deputado o direito de tratar o assunto, mas pretender tirar conclusões do caso, sem a Câmara estar devidamente habilitada a discuti-lo, isso é que me parece que é absurdo.

Apoiados.

Vejam V. Exas. as fáceis conclusões que lá fora se podem tirar.

Apoiados.

Esto Govêrno, porque é constituído por portugueses, não é capa de ladrões, e, como o Parlamento, deseja que êles sejam severamente castigados, doa a quem doer.

Apoiados.

Mas evidentemente que o se não pode nem deve exigir ao Govêrno é que responda às preguntas que lhe são feitas pelo acusador, que possui vários documentos demonstrativos das suas acusações, mas que o Govêrno não conhece.

Apoiados.

S. Exa. chega a esta conclusão: que o Banco de Portugal, o Banco emissor do Estado, é uma caverna de ladrões.

O Sr. Amâncio de Alpoim (interrompendo): - A administração dêsse Banco, foi isto que eu disse.

O Orador: - Há duas cousas distintas: uma é o Banco, como instituição ligada ao Estado por uma das suas atribuições; outra são os homens que constituem essa instituição.

O crédito do Estado está inteiramente ligado ao Banco de Portugal.

Muitos apoiados.