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46 Diário da Câmara dos Deputados

teios da sociedade e para a imprensa e diz-lhes:

"Senhores, venho aqui trazer-lhes uma revelação formidável: as águas estão inquinadas. Ah! como vão ficar satisfeitos de eu lhes revelar êste caso, que evita, assim, a morte de tanta gente".

Porém, tal assim não sucedeu; pelo contrário, todos lhe fugiram e a imprensa fechou-se lho.

Êsse fulano teve a seu favor um só voto. E querem V. Exas. saber de quem?

De um bêbedo, único que votou nele.

As pedras entraram-lhe pelas janelas, partiram-lhes os vidros, ameaçando a vida de crianças que o acompanhavam. Porém, o homem é tanto mais forte quanto mais se encontra na defesa da justiça.

A justiça, Sr. Presidente, deve ser austera, imperturbável, pois do contrário não há meio de conquistar o coração de ninguém.

Os homens que vêm pedir justiça devem fazê-lo sem paixões, pois, de contrário, fazendo como D. Quixote que esgrimia contra os moinhos, pode muito bem acontecer que as velas do moinhos os atirem para a lama, em vez de os atirarem para as estrelas.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Vitorino Guimarães: - Sr. Presidente: antes de mais nada começo por agradecer ao ilustre Deputado o Sr. Cunha Leal o favor que me fez, permitindo que eu usasse da palavra antes de S. Exa.

Sr. Presidente: tenho a declarar -não de agora, mas já de há muito, porque de facto o assunto já passou deve haver bastante tempo, não vendo eu a que propósito êle foi trazido hoje para a discussão - que recebi uma carta do Sr. Inocêncio Camacho, comunicando-me a resolução que havia tomado; e desde êsse momento, vendo que o caso já era do conhecimento de muitas pessoas, não me julguei na obrigação de guardar dele segredo.

Fez-se na verdade, Sr. Presidente, não há muito, referência ao facto; porém, para mim, devo dizê-lo, repito, que não o considerei uma questão confidencial.

De facto, Sr. Presidente, várias insistências foram feitas junto de mim, quando Ministro das Finanças, pelo Sr. Pinto de Lima, sôbre a realização do seu plano-financeiro.

Os factos passaram-se assim: êsse grande dossier não passou de alguns documentos em que se apontavam irregularidades do cambiais.

Eu disse que dizia mais respeito aos empregados do Banco do que ao próprio governador.

Quanto ao convite do Sr. Cunha Leal, eu devo dizer que, dando-se a circunstância de eu ser amigo pessoal do Sr. Inocêncio Camacho, de nenhuma maneira podia aceitar o convite de S. Exa. para, substituir o Sr. Inocêncio Camacho.

Senti-me honrado com o convite do Ministro das Finanças do então que assim me dava prova de alta consideração,, não pelos meus méritos mas pelos meus serviços à República. Foi assim que os factos se passaram.

Preciso explicar ao Sr. Cunha Leal a razão por que não fui ao seu Ministério: moro longe e não podia sair de casa.

Devo dizer ao Sr. Ramada Curto que, como Ministro das Finanças, procedia sempre com energia para com o Banco logo que se dêsse qualquer irregularidade nas contas, e que procederia imediatamente, como o faria qualquer Ministro das Finanças.

Terei um critério muito curto, mas nunca deixaria praticar uma irregularidade.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal (para explicações): - Sr. Presidente: começarei por onde acabou o Sr. Ramada Curto.

Lembrou êle êsse imortal drama do sen colega, igualmente talentoso, Ibsen, que tem por título O Inimigo do Povo.

Escuso de repetir a V. Exas. o entrecho dêsse drama, porque o Sr. Ramada Curto se deu ao trabalho do o explicar a esta Câmara.

Imaginem, porém, V. Exas. - e o Sr. Ramada Curto, que tanto falou em interêsses criados, naturalmente lembrou-se também do seu igualmente talentoso colega Jacinto Benavente - que um médico, por exemplo das Pedras Salgadas, se lembra, para comprometer o seu colega vizinho das Águas de Vidago, de declarar, não sendo verdade, que as águas de Vida-