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Sessão de 4 e 5 de Janeiro de 1926 47

go estão inquinadas. E imaginemos que o homem dos Pedras Salgadas vem dizer que, pela circunstância de não acreditarmos naquilo que êle afirma, deve ser pôs-to no mesmo nível da personagem do drama do talentoso colega do Sr. Ramada Curto.

Numa situação destas correríamos à pedra o médico intruso, e muito bem, se tivéssemos a certeza matemática de que as águas não estavam inquinadas e que o médico apenas pretendia lançar o descrédito sôbre um estabelecimento concorrente.

As grandes frases, as equiparações de personagens, o relembrar de interêsses criados do talentoso colega do Sr. Ramada Curto...

O Sr. Ramada Curto (interrompendo): - É porque V. Exa. ainda não se meteu a isso!...

O Orador: - Se eu tivesse tanto talento como V. Exa. há muito que me teria metido a dramaturgo.

Não estabeleçamos, portanto, equiparações. Vamos ao fundo da questão.

O Sr. A maneio de Alpoim fundamentou as suas acusações, uma parte em factos não demonstrados, a outra parte em suspeitas; e pretende ficar imune da contaminação da própria suspeita.

O que disse o Sr. Amâncio de Alpoim como razão determinante do seu discurso?

Disse que foi acusado pelo jornal O Século, porque, estando êste jornal a soldo do Banco de Portugal, sabia que êle, Sr. Amâncio de Alpoim, ia atacar o Banco, e quis segurá-lo.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - E é absolutamente verdadeiro.

O Orador: - É esta uma indução do Sr. Amâncio de Alpoim.

Que provas traz êste homem, que pretende ficar imune ao contágio da suspeita, para fundamentar a sua própria suspeita?

Induções, induções e não provas.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Conhecimento de factos que tenho o direito de guardar.

O Orador: - Se o Sr. Amâncio de Alpoim os guarda, estamos no direito de os não considerar.

Os números são, por vezes, a cousa mais enganadora dêste mundo. Di-lo alguém que sabe lidar com êles.

Quem lançou, portanto, o primeiro no que chumbou a questão do Angola e Metrópole à questão do Banco de Portugal foi S. Exa.

O Sr. Ramada Curto: - V. Exa. dá-me licença?... Aqui há um pequeno êrro. O Sr. Amâncio de Alpoim, quando se referiu e levantou o debate do Angola e Metrópole, falou de certas situações que êle não podia explicar e que êle encontrava a dentro do Banco de Portugal!

O Sr. Amâncio de Alpoim: - A minha frase foi esta, Sr. Cunha Leal: aqui há gato! Frase popular mas foi esta!

O Orador - Eu vou referir-me ao assunto, aproveitando-me do reforço, aliás tam valioso, do Sr. Ramada Curto. Analisemos a situação tal como S. Exa. a pôs. A propósito do Angola e Metrópole estabelecem-se da parte do Sr. Amâncio de Alpoim as acusações ao Banco de Portugal. E como essas acusações andam na boca dos burlões, estabelece-se uma equivalência de pontos de vista entre a atitude dos burlões e a de S. Exa. É a continuação de um ataque que êle prometera e que depois demonstrara com actos, o que é muito pior do que com palavras. Eu peço ao Sr. Presidente do Ministério, embora não tenha uma procuração de S. Exa., que permita que, em meu nome e no seu, eu tire um corolário...

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Pelo discurso de V. Exa e do Sr. Presidente do Ministério aqui ontem proferidos, calculei que V. Exa. e êle vinham preparados para falar. Pelo menos uma parte da Câmara ficou com essa impressão...

O Orador: - Pense S. Exa. e a parte da Câmara que o acompanha como quiserem. Estabeleceu-se uma correlação. E dizem mais, estabelecendo uma trapalhada absolutamente ilógica, porque o que falta nisto ao tam claro talento do