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Sessão de 4 e 5 de Janeiro de 1926 49

foi meu chefe de Gabinete, como foi companheiro de tantos homens que fizeram a República e que não se consideraram desonrados por essa circunstância, como eu não me considero desonrado por ter S. Exa. como chefe de Gabinete.

Apoiados.

O Sr. Ramada Curto: - Mas quem pensa nisso?

O Orador: - O Sr. Pinto de Lima - apesar de eu não ser polícia, nem estar aqui para passar atestados de honorabilidade - era, pelo menos até ao momento em que deixou de ser meu amigo, um autêntico homem do bem; e eu, embora tenha relações cortadas com êle, desejo-lhe que consiga de todo fazer desaparecer a má impressão de ter sido administrador de um banco do burlões.

Era necessário dizer ainda outra cousa e então S. Exa. vem declarar à Câmara o seguinte:

O Sr. Cunha Leal quis demitir o Sr. Inocêncio Camacho, governador do Banco de Portugal.

É verdade.

Nunca, pelas duas vezes que fui Ministro das Finanças, encontrei o Sr. Inocêncio Camacho, em quaisquer circunstâncias que me permitissem duvidar da sua honorabilidade.

Mas há uma cousa: eu, como Ministro .das Finanças, ora o diz da confiança ou não confiança nas suas qualidades, não morais, mas para o exercício de um "cargo.

Eu reputo o Sr. Inocêncio Camacho absolutamente honesto e digno; mas isso êle me impede de dizer que, em determinadas circunstâncias, entendi que êle não "devia estar como governador do Banco de Portugal.

Quis então demiti-lo, para o substituir por alguém que eu, nessa hora, considerava como mais apto para exercer o lugar.

Êsse alguém era o Sr. Vitorino Guimarães, que não é meu correligionário.

Mandei-o convidar, mas não acompanhei êsse convite de nenhum dossier.

O Sr. Vitorino Guimarães não quis aceitar.

Quem confunde?

Somos nós ou são êles?

São êles, e no fim revoltam-se contra nós, acusando-nos de procurarmos estabelecer essa atmosfera de suspeições.

Chegamos à conclusão de nos encontrarmos perante esta cousa monstruosa: com três relatórios e com umas vagas respostas a preguntas de autor desconhecido, o Sr. Amâncio de Alpoim decreta que não são honrados determinados homens; e, para que não haja confusão, para que só veja bem que a sua acusação não atinge uma instituição, mas homens, isenta um único homem da acusação que pretendo fazer aos outros, prestando lhe assim o pior serviço que no Parlamento lhe podia ser prestado.

Apoiados.

Sinceridade?!

Mas então esta burla não vem, como disse o. Sr. Amâncio de Alpoim, de há muito tempo?

Mas então não foi em certa data accionista do Banco de Portugal, com direito â representação nas assembleas gerais, o próprio Sr. Ramada Curto?

Porque não protestou então?

O Sr. Ramaia Curto: - Estava lá por conta de um cliente.

O Orador: - O que é que êsse cliente teria a fazer com o Banco de Portugal?

Dirimir um pleito?

O Sr. Ramada Curto: - Por amor de Deus!

É então V. Exa. tam ingénuo que não saiba que algumas pessoas que possuem acções, as endossam a A, B ou C para assim se fazerem representar nas assembleas gerais?

Não há necessidade de se ser advogado, podendo mesmo ser-se engenheiro, para se encontrar em tal situação.

O Orador: - Quere dizer: empresta-se o nome, não se estudam as questões, sente-se que se está diante de um roubo feito aos accionistas, não se defendem os interêsses dos clientes é, em certo dia, surge tudo isto com várias acusações que chegam até se alcunhar de gatunos os homens que dirigem o mais importante estabelecimento de crédito do país, depois da Caixa Geral do Depósitos!