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Sessão de 4 e 5 de Janeiro de 1926 51

requerimento de sindicância aos seus actos, em face das acusações que estavam sendo feitas a S. Exa. no exercício das suas funções de administrador da Caixa Geral de Depósitos.

Depois de se terem trocado algumas impressões na franqueza de velhos camaradas, S. Exa. disse-me que brevemente trataria da situação do Banco de Portugal enviando-me uma nota de interpelação.

O Sr. Ministro da Instrução, que assistiu a parte dessa conversa, procurou demover S. Exa. de tratar êsse assunto, empregando para isso todo o seu grande poder de persuasão firmado na sua argumentação sempre lúcida e leal. O Sr. Alpoim insistiu, porém, no seu propósito, prometendo-me dizer os pontos da sua interpelação.

S. Exa., porém, esqueceu-se da sua promessa e impediu que esta questão se tratasse com o vagar e a largueza como era próprio de questões desta magnitude. De modo que tratando-se no "negócio urgente" do Sr. Alpoim, entre outros assuntos, de emissão de notas, que êle diz falsas, devo também afirmar que S. Exa., transformando a sua prometida nota de interpelação em um "negócio urgente", mandou para a Mesa uma nota falsa... de interpelação.

Como a Câmara sabe, encontro-me há dias neste lugar e estou assoberbado com vários trabalhos urgentes, entre os quais o Orçamento Geral do Estado, que é necessário ser feito com todo o cuidado para se conseguir o equilíbrio do Orçamento, indispensável para a política monetária de estabilização, que já aqui hoje se preconizou, e que só pode assentar no equilíbrio do Orçamento.

Apoiados.

Fui, nestas condições, surpreendido pelas acusações do Sr. Amâncio de Alpoim, que só agora, dadas as péssimas condições da sahi, posso ler na íntegra no suplemento do jornal comunista A Batalha. Devo em primeiro lugar referir-me ao caso dos quesitos.

No meu Ministério não existe nenhuma cópia dêsses quesitos, nem deles me foi entregue qualquer cópia pelo meu antecessor. Êste, como já aqui contou com uma tam comovedora franqueza, ditou aqueles quesitos ao Sr. Luís Viegas, então inspector do Comércio Bancário, que os

levou directamente ao governador do Banco de Portugal. Das respostas do Sr. governador apenas se tiraram três cópias - uma que ficou em poder do meu antecessor, outra em mão do governador e outra na do Sr. secretário geral do Banco de Portugal.

E devo declarar à Câmara que tanto o governador como o secretário geral do Banco de Portugal me garantem por sua honra que a ninguém cederam as suas cópias.

Já o Sr. Ministro da Agricultura, meu antecessor na gerência desta pasta, contou com toda a franqueza como é que essas respostas foram ter ,à mão de alguém e das mãos dêsse alguém, com certeza, para as mãos do Sr. Amâncio de Alpoim.

S. Exa. ontem, no discurso que fez, acusando o Banco de Portugal, chegou mesmo a fazer insinuações sôbre a honorabilidade dos indivíduos que compõem o seu Conselho Geral e acabando por lhes lançar a acusação tremenda de falsários e de ladrões. Mas exceptuou um deles que daquele Conselho se afastou (diz o Sr. Alpoim) por incompatibilidades com os seus colegas, com cujas irregularidades se não quis solidarizar.

Tal excepção causou impressão na Câmara e fez com que o Sr. Álvaro de Castro declarasse que havia necessidade que eu viesse trazer hoje ao Parlamento quaisquer esclarecimentos sôbre êsse caso. Em virtude dessa indicação procurei realmente que o Sr. governador do Banco de Portugal me esclarecesse sôbre os motivos que levaram êsse antigo director a afastar-se do Conselho, para saber se havia qualquer fundamento nas afirmações do Sr. Alpoim.

O Sr. governador do Banco de Portugal enviou-me um documento que tenho de ler à Câmara, embora pessoalmente me custe ter de dar lhe esta máxima publicidade.

É o seguinte:

Leu.

Sr. Presidente: não faço comentários nenhuns ao documento que acabo de ler porque êle fala eloquentemente por si mesmo; dispensa todos os comentários.

Apoiados.

Sôbre o assunto de que se trata, sôbre as acusações formuladas pelo Sr. Amâncio de Alpoim, desde que está na Mesa a moção do Sr. Cunha Leal eu entendo que