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Sessão de 4 e 5 de Janeiro de 1926 55

O Orador: - Sr. Presidente: quem ontem teve ocasião de ouvir o final do discurso do Sr. Amâncio de Alpoim e hoje teve ocasião de ouvir novamente o mesmo senhor, terá tido ocasião de ver quanto S. Exa., apesar do auxílio que recebeu, do Sr. Ramada Curto, parlamentar experimentado, foi infeliz, no discurso que ontem proferiu.

Lamento que. da parte do Govêrno, o Sr. Ministro das Finanças não tivesse sido o primeiro a levantar-se para defender o crédito do seu país, tratando-se de uma questão que, como S. Exa. acaba de afirmar, afecta largamente êsse crédito.

Lamento que, só quási ao encerrar-se a sessão, em curtas palavras, o Sr. Ministro das Finanças tivesse respondido às acusações que pelo Sr. Amâncio de Alpoim foram feitas ao Banco de Portugal.

Quero em todo o caso registar que tanto o Sr. Tôrres Garcia, Ministro das Finanças do Govêrno transacto, como o Sr. Vitorino Guimarães, antigo titular da pasta das Finanças, como o Sr. Cunha Leal, antigo Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, como ainda o actual Ministro das Finanças, todos vieram declarar, de uma maneira que não deixa dúvidas a ninguém, que não há absolutamente nada que afecte a moralidade dos homens que dirigem o Banco.

Quanto devem estar arrependidos de terem preparado o terreno que permitiu ao Sr. Amâncio de Alpoim vir aqui fazer acusações ao Banco do Portugal, todos os homens que, sentados naquelas cadeiras, não têm tido dúvidas em afectar o Banco com intuitos políticos, dizendo que o queriam republicanizar!

Quanto devem todos estar arrependidos de terem dado a mão aos inimigos da actual organização social, dando-lhes ingresso nesta casa do Parlamento!

É bom que se saiba que os ilustres Deputados da minoria socialista, muito talentosos, som dúvida, não estão aqui como representantes da corrente do opinião socialista, pois vieram aqui pelos votos do Govêrno.

Quando se trata da minoria conservadora, animada de patriotismo e defensora da actual organização social, todos os partidos do regime se unem para arrancar os mandatos dos seus eleitos; mas tratando-se dos inimigos da actual organização social, dos que procuram demolir os alicerces da sociedade, unem-se todos os republicanos para aqui trazerem os seus representantes.

Felizmente que o Sr. Amâncio de Alpoim, no ataque que fez à sociedade actual, outra cousa não conseguiu mais do que prestar um serviço à burguesia, demonstrando quanto são falsas e erradas as acusações que se fazem à finança portuguesa.

Vejamos como as palavras do Sr. Amâncio de Alpoim mostram quanto são infundadas as acusações que, dia a dia, aqui se fazem à finança nacional.

O que foi que o Sr. Amâncio de Alpoim ontem começou por afirmar, êle, o socialista, êle, o homem que, a final, não foi mais do que um defensor do Banco de Portugal?

Disse S. Exa.:

- O Banco de Portugal tem um capital de 13:500 contos-ouro e eu pregunto se os dividendos que recebem os seus accionistas são qualquer cousa que porventura se pareça com uma actualização em ouro dos dividendos recebidos no tempo da moeda forte.

Com estas palavras, o ilustre conservador Sr. A maneio de Alpoim, o ilustre defensor da burguesia, veio ontem aqui dizer que, ao contrário das afirmações constantemente feitas de juros escandalosos, de largas remunerações dadas ao capital, a final o capital recebe um juro muito inferior ao que S. Exa. reputa normal e justo.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - V. Exa. já me ouviu essas afirmações a respeito de juros elevados?

Ainda um dia havemos de falar a êsse respeito...

O Orador: - Ora ainda bem que a esta Câmara vem alguém mais conservador do que os ilustres Deputados republicanos.

Um àparte do Sr. Amâncio de Alpoim.

O Orador: - O Sr. Amâncio de Alpoim também falou nas cotações das acções do Banco de Portugal e revoltou-se pelo facto de elas não valerem os 2.100$ que deviam valor em virtude da depreciação da moeda.

Comprometendo-se perante o povo, perante aquele povo a quem lá fora se afirmam cousas espantosas a respeito do ca-