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Sessão de 29 de Janeiro de 1926 15

se permite que o relatório do Sr. inspector Viegas seja publicado no Diário do Govêrno.

Foi aprovado.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: em nome dos Srs. Jorge Nunes e Tamagnini Barbosa e em meu nome pessoal, começo por protestar contra a forma como se anunciam nos jornais os nomes dos parlamentares que hão-de ser ouvidos sobre o caso do Banco Angola e Metrópole, caso êste que é daqueles que nós -não podemos deixar de classificar de muito sujo, para não emporcalhar aqueles que, embora acidentalmente, nele se achem envolvidos, pois, na verdade êle é para mim, e para a maior parte dos portugueses, um caso muito grave, visto que representava um caso de traição à Pátria.

Muitos apoiados.

Protesto, portanto, contra a forma como se fazem êsses convites, pois, a verdade é que o Sr. juiz que manda essas notícias para os jornais, o pode fazer em termos de não estabelecer confusões, declarando que vão ser ouvidas essas pessoas como testemunhas, nada tendo com o caso.

Feitas estas declarações, Sr. Presidente, eu vou explicar à Câmara, a propósito da discussão que se vai travar, as razões da nossa atitude política perante o actual Govêrno.

Sr. Presidente: acima de todos os problemas, paira sôbre nós a necessidade de que todas as responsabilidades sejam apuradas, pois que os criminosos do caso Angola e Metrópole até procuravam já tomar posições políticas.

Nestes crimes gravíssimos necessário se torna não dar ao país a impressão de que se quere de algum modo ocultar a verdade, e assim devo dizê-lo com toda a lealdade, que parecendo-me o actual Govêrno da presidência do Sr. António Maria da Silva empenhado em descobrir toda a verdade, entendo que todo o Parlamento lhe deve dar todo o seu apoio, para êle poder prosseguir no descobrimento dos crimes do caso Angola e Metrópole.

Dir-me-hão, aqueles que têm opinião contrária à minha, que eu prejudico completamente o meu futuro político. Ameaçam denúncias perante a Câmara e o país, que andamos em combinações secretas pelos corredores, para orientar a política num ou outro sentido. Não me importa absolutamente nada com essas acusações.

Estou convencido de que o Sr. António Maria da Silva saberá sacrificar até a própria vida ao apuramento da verdade.

Estou convencido de que contra o Sr. António Maria da Silva, pela circunstância de querer o apuramento da verdade, se organiza uma campanha com suspeições políticas, mas com êsses homens eu não quero a mais pequena solidariedade. Eu vejo o futuro do nosso domínio colonial ameaçado, vejo as cobiças da Alemanha e da Itália, sinto que alguma cousa, porventura, a propaganda estrangeira, tem conseguido realizar de útil para os seus interêsses inconfessáveis, e admito a organização de pequeninas igrejinhas políticas, para a defesa de interêsses mesquinhos.

Se êste Govêrno precisar do meu esfôrço para realizar uma justiça implacável contra todos aqueles que não tenham sempre seguido no seu procedimento os ditames de uma consciência honesta e patriótica, pode o Sr. António Maria da Silva contar com o voto de um Deputado que quere o esclarecimento da verdade. Êsse Deputado, sou eu.

O Sr. Vasconcelos e Sá (interrompendo): - Para êsse efeito, pode contar com o voto de um partido, cujas ideas V. Exa. exprime honrada e nobremente.

O Orador: - Dizem que é um caso mesquinho de notas falsas.

Mas quem o acredita?

Sr. Presidente: é preciso saber como os homens do Angola e Metrópole conseguiram levar a efeito esta infâmia, e como a nação inteira os recebeu. É preciso averiguar como todo êste caso se passou. Pregunta-se: Quem era Alves dos Reis? Quem era José Bandeira? Que razão havia para suspeitar do procedimento dêstes senhores?

Que suspeitas nasceram à volta da sua acção? Que suspeitas devemos ter pelas leis estabelecidas, para um caso desta gravidade?

É que nós, em nome do sentimento pátrio, temos direito de pôr de parte as velhas formas do Direito, e não consentirmos que o produto de um roubo vá ia-