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Sessão de 29 de Janeiro de 1926 9

qual seja o de terem ficado enterrados numa cova três automóveis que iam para o Alentejo e que se encontravam perto de Alcácer. Não admira que tal suceda, visto que há covas que são verdadeiras trincheiras.

Ainda o ano passado me sucedeu ter caído o automóvel em que eu seguia com um distinto engenheiro inglês que veio a Portugal estudar o problema da hidráulica agrícola, num barranco do qual só pôde sair puxado por mulas. O tombo foi tal que o carro ficou inutilizado.

No dia seguinte fui fazer outra excursão, também DO Alentejo.

Numa das estradas os buracos são tam fundos que, quando os carros neles se metem, as pessoas que neles viajam ficam com as cabeças ao nível do leito da estrada.

Compreende-se quanto me senti vexado em presença do engenheiro inglês. Não sabia o que havia de lhe dizer.

É uma vergonha!

Um país que deixa chegar as estradas a êste ponto caminha para a falência. Nada se mantém em tais condições.

Junto, pois, a minha voz à de todos aqueles que de há muito solicitam providências.

Estando com a palavra não quero terminar sem pedir também imediatas providências para a greve académica.

Por estas razões eu peço a V. Exa. providências para a questão académica, para as greves que para aí estão.

Já ontem vi que a Faculdade de Sciências do Pôrto se preparava para a greve e isto pode ser uma nódoa que alastre.

Isto é muito grave porque desta vez eu creio que os alunos têm carradas de razão.

Apoiados.

E quando os estudantes vão para a greve nestas condições tem gravíssimos inconvenientes.

Temos que pugnar por que se crie uma elite de homens competentes para a gerência do Estado assim como para todos os cargos do país, e não há direito a que se dê o título de engenheiro a um indivíduo que tira o curso de cinco anos.

O Sr. Costa Amorim: - V. Exa. desconhece o que se passa lá fora. Quere fechar a fronteira do país e dizer que em Portugal se procede diferentemente de todo o mundo?

O Orador: - O que se torna legítimo é que o título de engenheiro se dê a engenheiros.

Desejava dirigir-me ao Sr. Ministro da Agricultura, mas como S. Exa. não está presente reservo-me para outra ocasião.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Gaspar de Lemos): - Sr. Presidente: o Sr. Fernandes de Oliveira fez umas comunicações do que eu não tenha conhecimento directo, mas vou informar-me o tomar as providências que a lei me permitir tomar.

Sôbre o problema geral das estradas já disse aqui há pouco o que tinha a dizer, o gravíssimo, acarretando prejuízos económicos para o país e para as diversas populações. Calcula-se de 100:000 a 120:000 contos por ano êste prejuízo, segundo cálculos da Direcção Geral das Estradas.

Mas isto quere dizer que os 60:000 contos que se deseja conseguir para gastar por ano não são uma verba excessiva.

V. Exa. sua discussão dêsse projecto resolverão o problema e o Govêrno intervirá na altura própria.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - O Govêrno não pode conservar-se indiferente a uma questão que afecta até a ordem publica. V. Exa. tomaria a iniciativa do projecto e com urgência e dispensa do Regimento entraria em discussão aqui. Assim é que está certo.

O Orador: - Não podia fazê-lo fàcilmente perante o modo de funcionamento dos organismos parlamentares.

O Sr. Cunha Leal: - Os organismos parlamentares têm sido tantas vezes sujeitos a êsses pequeninos vexames que o podiam ser mais uma vez. Eu pediria a V. Exa. o favor de instar junto da maioria para que êsse assunto seja discutido urgentemente no Parlamento.

O Orador: - Isso se fará.

Sôbre a questão especial de agronomia e sôbre o título de engenheiro agrónomo direi que é uma questão de diploma e