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8 Diário da Câmara aos Deputados

tar-se a transmitir as observações dos Srs. Deputados.

A S. Exa. ouvi muitas vezes empregar a frase usual de que transmitiria aos seus colegas do Govêrno as considerações feitas pelos Srs. parlamentares relativamente a assuntos que não corriam pela sua pasta.

E também o que eu hoje digo ao Sr. Sampaio Maia: comunicarei ao meu colega as palavras de S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Aboim Inglês: - Sr. Presidente: eu desejava usar da palavra na presença dos Srs. Presidente do Ministério, Ministro do Comércio e Ministro das Finanças; mas como não temos ti dita de ver S. Exas. nesta Câmara senão muito raras vezes, parecendo até que, por coincidência, quando S. Exas. estão é que eu não tenho a palavra, tomo a resolução de pedir ao Sr. Ministro da Justiça o obséquio de transmitir a êsses seus colegas as minhas considerações.

Estamos em trabalhos parlamentares há dois meses, e eu desejava preguntar ao Sr. Presidente do Ministério para que serviu aquilo que S. Exa. disse quando aqui se apresentou, porque, apesar de serem poucas as promessas contidas no seu discurso de apresentação, nenhuma das cousas que S. Exa. prometeu até hoje foi cumprida ou teve seguimento.

Os nossos trabalhos começam a ser comparados com os dum celebre Parlamento que foi cognominado o Solar dos Barrigas.

Passamos sessões sôbre sessões sem nada se fazer, e eu declaro abertamente que o tempo que dou por mais mal empregado na minha vida é aquele que dedico ao Parlamento.

Não vim cá pelo desejo de estar aqui sentado, nem para usar nos meus cartões de visita o título de Deputado da nação; vim cá para de alguma forma contribuir com o meu esfôrço a favor dos interêsses nacionais, e afinal não posso fazer Dada. porque parece haver o propósito do nada se consentir que se faça.

Há um deprêzo absoluto pelas reclamações que a oposição aqui apresenta.

Em 18 do mês passado reclamei contra um abuso de autoridade praticado em
Almodóvar, onde o administrador do concelho cometeu a prepotência de pôr selos na Câmara Municipal.

Estamos hoje a 8 de Fevereiro, e a sentença anulando a eleição municipal de Almodóvar ainda não foi publicada! Os efeitos jurídicos da sentença não existem, porque, não havendo a publicação, é como se não existisse a sentença.

Eu peço ao Sr. Ministro da Justiça o obséquio de transmitir ao Sr. Presidente do Ministério o desejo que eu tenho de que essa sentença seja publicada, e que seja marcado o dia para a nova eleição, porque o estado de cousas que reina naquela região presta-se a futuros conflitos que não trazem prestígio nenhum para a República.

Com relação ao Sr. Ministro do Comércio, naturalmente S. Exa. encontra-se na Figueira da Foz, porque é costume de S. Exa. permanecer nessa cidade, aparecendo aqui de fugida, sem dar satisfação às reclamações que lhe fazemos.

Eu tinha pedido, quási que de mãos posteis, a protecção de S. Exa. para as estradas do distrito de Beja. S. Exa. pediu-me uma nota, eu dei-lha designando as estradas que mais urgentemente necessitavam de ser reparadas, porque estavam completamente intransitáveis, e, quando eu pensava que S. Exa. teria dado as suas ordens, recebi um bilhete vexatório e estúpido de um seu secretário, bilhete verdadeiramente vergonhoso, porque é preciso compreender que nós, como Deputados, representamos a nação. S. Exa. deu-me as necessárias explicações sôbre a descortesia do seu secretário, mas até agora as estradas de Beja continuam no mesmo estado.

Neste momento não venho pedir a protecção de S. Exa.; venho exigir a sua atenção para o estado miserável das estradas do distrito do Beja.

Desejo referir-me ainda a um outro assunto que ultrapassa os limites de tudo o que é digno e honesto.

As escolas técnicas superiores do país estão em greve há uma porção de semanas, sem que se tenham tomado quaisquer medidas tendentes a modificar êste estado de cousas.

Parece que o Sr. Ministro do Comércio não liga verdadeira importância ao que se está passando.