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Sessão de 23 de Fevereiro de 1926 27

com que não produzam tanto os lavradores da nossa terra.

A Manutenção Militar, apesar de fornecer trigo estrangeiro de primeira qualidade, e não pagar mão de obra e indústria particular, dá de comer aos seus soldados essa porcaria que o Sr. Rosado da Fonseca apresenta aqui.

O Sr. Ministro da Agricultura informou que o diagrama do pão estabelecido para o soldado é realmente o diagrama do castigo, que só se pode admitir pelos deveres que impõe a disciplina militar.

Falou assim o Sr. Ministro da Agricultura.

Não apoiados.

É realmente uma intragável porcaria.

Não há razão que subsista para aumentar o prestígio oficial, sendo o diagrama do pão do soldado inferior, quando devia ser superior, pelo sacrifício que o soldado faz da sua personalidade ...

O Sr. Ministro da Guerra (José de Mascarenhas): - V. Exa. está exagerando.

O Orador: - Foi o que disse aqui o Sr. Ministro da Agricultura.

O Sr. Ministro da Guerra (José de Mascarenhas): - Para se ver que há exagêro nisso, basta dizer que a maior parte dos castigos dados aos soldados é pelo motivo deles venderem o pão à população civil.

O Orador: - Tudo se vende. É questão de preço. Também se vendem botas e fatos velhos. Tudo se vendo.

Trocam-se explicações em que vários Srs. Deputados interveem simultaneamente.

Orador: - Falo pela boca do Sr. Ministro da Agricultura.

O Sr. Vitorino Guimarães: - Porque não fala pela boca do Sr. Ministro da Guerra?

O Orador: - Porque S. Exa. para êste efeito não é tam técnico como o Sr. Ministro da Agricultura.

O Sr. Ministro da Guerra (José de Mascarenhas): - Se o pão vendido ao soldado fôsse tam mau como se diz, não se daria o caso de êle o vender aos civis. Estabelecem-se diálogos.

O Orador: - Mas quem suporta êsses prejuízos? E o soldado, que devia comer um pão melhor.

Sr. Presidente: a política da República tem sido muita vez uma política de auxílio e de amparo à moagem.

Não desejo essa política. Quero a indústria da moagem com as suas capacidades normais, em condições de produção adentro do mercado normal: nem proibição de importação, nem obrigação de compras monstruosas.

É isso o que o país deseja. Não tenhamos modo de que a modificação do regime legai dos trigos possa lançar o país na miséria, porque o nosso sistema em matéria de política frumentária é de há muito êste: "Viva a cidade na miséria para que a aldeia na miséria viva".

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Lida na Mesa a moção do Sr. Amando de Alpolm, é admitida e posta em discussão.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Gaspar de Lemos): - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa uma proposta de lei para protecção à indústria da pesca do bacalhau.

Fui procurado por diversas comissões de pescadores do bacalhau, os quais vieram reclamar contra a pouca atenção dos poderes públicos para essa indústria, dizendo que ela está em franca decadência e que êles se vêem ameaçados de não poder enviar quaisquer navios, êste ano, à referida pesca.

Elaborei uma proposta de lei, que acabo de enviar para a Mesa, na qual ataco a questão, visando quatro aspectos do problema: o aspecto fiscal, o militar, o de crédito e o de organização do trabalho. Embora esta questão não seja conhecida dum modo geral, infelizmente, a pesca