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Sessão dê 4 de Março de 1926 39

mento do Ministério dos Negócios Estrangeiros e de em nome dela falar.

O Sr. Alfredo Nordeste, com a competência que todos lhe vão reconhecendo, com um estudo cuidadoso e com uma notável imparcialidade, acaba de expor o que a Esquerda Democrática pensa quanto aos vários assuntos que correm pela pasta dos Negócios Estrangeiros.

Levou a sua imparcialidade a ponto de, sabendo que não havia número para votações, não ter mandado para a Mesa a sua moção, não querendo assim prejudicar os trabalhos da Câmara e não dando azo a que a sessão se interrompesse.

A afirmação de imparcialidade feita por S. Exa., em nome da Esquerda Democrática, fica sem exemplo.

Nós estamos na Câmara, mas não temos obrigação de dar número para que ela possa funcionar. Todos têm obrigação de aqui comparecer e se, porventura, a alguém interessa que os orçamentos se discutam, êsse interesso pertence principalmente à maioria democrática.

A Esquerda Democrática está em oposição ao Govêrno e se não quere pôr embaraços na discussão dos orçamentos, também não quere colaborar na discussão dos mesmos quando não haja número bastante.

Fica assim assente, para de futuro, e feito o aviso: De ora avante, quando não houver número, não será com a presença da Esquerda Democrática que essa discussão prosseguirá.

Veja-se a bancada ministerial deserta só estando presente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Se a todos nos interessa a votação dos orçamentos, mais interessa ao Govêrno e, contudo, o Govêrno prima pela sua ausência a esta Câmara, pelo que me permito levantar o meu protesto veemente contra semelhante procedimento.

Quero fazer esta afirmação de princípios e definir a nossa posição para que amanhã ninguém fique surpreendido com a nossa atitude.

Quando tive a honra de ser Presidente do Ministério iniciei, em nome do Govêrno, as combinações necessárias para o reatamento das nossas relações com a Rússia. Tal assunto não teve seguimento, visto que caímos dentro em poucos dias.

Pela proposta orçamental, que está agora em discussão, vejo que nela continua a
figurar um funcionário, ministro de 2.a classe em Petrogrado, com a respectiva verba.

Pregunto, temos lá ministro?

Se não temos para que consta da proposta orçamental tal verba?

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Vasco Borges): - Na proposta devia dizer-se Leninegrado e não Petrogrado. O funcionário a que se refere a verba mencionada na proposta orçamental exerce as suas funções em Varsóvia:

O Orador: - Entendo que já é tempo de a República Portuguesa sair do isolamento em que vive nesta matéria e seguir o exemplo dos povos europeus nossos aliados, reatando as relações com a Rússia som se importar com o regime que lá vigora.

Pregunto ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros qual o receio que temos dêsse estreitamento de relações.

Porque não havemos nós de caminhar ao lado daqueles povos, mostrando que não temos medo do papão bolxevismo?

Porque havemos nós de continuar assim, pois isso nem sequer se pode justificar por causa da aliança com a Inglaterra, pois a própria Inglaterra recebe os seus representantes?

Nós continuamos a ter representantes em países com quem estivemos em guerra e não temos representantes na Rússia com quem nunca estivemos em conflito.

Temos representante em Berlim e não o temos junto da República dos Sovietes.

Não será tempo bastante de mostrarmos que não temos medo dêsse papão?

Há um país florescente que vai progredindo dia a dia tanto em ordem administrativa como na política e até financeira. E a Tcheco-Slováquia; é um grande país a que hoje preside o mais alto espírito da moderna democracia. O presidente daquela República é o chefe de Estado mais culto do mundo.

Que relações temos nós com a Tcheco--Slováquia?

Nenhumas, absolutamente. Não temos ali um representante, continuamos a permanecer isolados do convívio europeu.

Qual a razão porque, após a guerra, o Govêrno não estabeleceu relações com a Tcheco-Slováquia? Qual a razão por-