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DIÁRIO DO SENADO

irmão que por tudo se recomenda à estima e ao reconhecimento do povo português.

O português no Brasil, passado o natural período da saudade, nem dá tento que esteja em país estranho nem experimenta muito os males que da ausência da família poderiam advir-lhe. Por tal modo ele encontra naquele país os mesmos atractivos e cómodos da terra natal, e nos brasileiros o mesmo carinho e dedicação da sua própria família!

Não somos estrangeiros no Brasil: sentimos nós os portugueses que o não somos, e é, ao demais, uma verdade já superiormente afirmada pelos mesmos brasileiros.

Para o comprovar vou citar ao Senado o seguinte facto:

Quando há anos se celebrou no Rio de Janeiro o tri centenário Camoneano, brilhante solenidade pública para que concorreram com o mesmo esforço e entusiasmo portugueses e brasileiros, o orador oíicial escolhido para a sessão magna que a propósito se celebrou no Teatro D. Pedro II foi o Dr. Joaquim Nabuco, notável tribuno e diplomata que também já não pertence ao número dos vivos.

Chegou o dia da solene sessão.

O teatro, enorme, o maior do Rio de Janeiro de então, que comporta alguns milhares de pessoas, estava repleto.

Joaquim Nabuco surge na tribuna e, apcs as saudações que o acolhem, começa assim o seu magistral discurso dessa noite:

tíNós os brasileiros y os portugueses e os estrangeiros. ,. .B

Não pôde continuar por alguns minutos.

Os milhares de ouvintes, onde predominavam portugueses e brasileiros, compreenderam de salto a tão amável quanto sincera e verdadeira discriminação do orador, e tanto bastou para a monumental ovação com que intempestivamente o honraram. É que estava no ânimo de todos que naquela terra irmã da nossa terra, os portugueses como os brasileiros não fazem parte dos estrangeiros que lá residem.

Aqui está, Sr. Presidente e Srs. Senadores, por que é que eu me associo de alma e coração a esta manifestação do Senado. É qus nunca é demais testemunhar ao Brasil a nossa simpatia, e não praticamos mais do que um dever de solidariedade fraternal honrando a memória dos seus grandes homens, máximo quando eles tiveram em vida a colossal estatura moral do Barão do Rio Branco.

Tenho dito.

O Sr. Rodrigues da Silva: — Sr. Presidente: merece bem a manifestarão de sentimento do Senado essa bela terra brasileira, à qual me prendem doze anos da minha já distante mocidade e merece-o o Barão do Rio Branco, nome tazn grande que enchendo o Brasil trasbordou para além das fronteiras, produzindo a sua morte uma impressão profunda nos que admiravam a sua bela obra de estadista e de intelectual.

Associo-me pois, como português e corno patriota, às manifestações do Senado, que não são mais do que um preito de justiça às altas qualidades do finado e o pagamento duma enorme dívida que contraímos com o Brasil, pelo carinho com que nos acompanha nas nossas dores e regosijos, e pela prova de simpatia que nos deu. sendo, como foi, a primeira nação que reconheceu a República Portuguesa.

O Sr. Bernardino Machado: — Sr. Presidente: associo-me do coração a todas as homenagens prestadas ao Barão do Rio Branco, que não foi só uma grande figura política do Brasil, mas uma figura que ficou sendo histórica para todos os portugueses e principalmente para iodos os corações republicanos.

Eu não posso esquecer que a primeira mão que se estendeu fraternalmente para a República Portuguesa, foi a, do Barão do Rio Branco, que em nome do seu. Governo

reconheceu e saudou, logo após o seu advento, as novas

instituições lusitanas. -

-f-. • • » • • i.

E pois, com a maior comoção que me associo a homenagem saudosa que o Senado está prestando á sua querida memória

O Sr. Cupertino Ribeiro : — Há um ponto que desejo frisar para que possa servir de exemplo aos portugueses.

O Barão do Rio Branco foi um homem que exerceu funções políticas dentro da monarquia brasileira.

Proclamou-so no Brasil a República j e ele, um grande patriota, não hesitou em juntar-se aos seus patrícios para continuar a servir a pátria.

Era isto o que desejava dizer aqui no Senado, para que sirva de exemplo càqueles portugueses que tanto mal estão fazendo ao nosso país.

O Sr. Presidente: — Fui procurado por delegados da Associação Comercial de Lisboa e pela Associação dos Vendedores de Víveres a Retalho, que pedem a publicação de representações relativas ao projecto sobre a entrada do azeite, já aprovado na Câmara dos Deputados, e também, por parte da Associação dos Vendedores de Vi veres, me foi entregue uma representação acerca da lei do inquilinato. As três representações vão ser lidas na mesa.

EXPEDIENTE

Representações

Leram-se na mesa as representações a que o Sr. Presidente se referiu e que foram integralmente publicadas no a /Sumario» n.° 39.

Também foram lidas representações :

Da Câmara Municipal de Famalicão contra a regulamentação do jogo.

Para a Secretaria.

Da comissão política republicana de Pinhel, no mesmo sentido.

Para a Secretaria.

Ofícios

Da Presidência da Câmara dos Deputados comunicando a eleição para Senador do Sr. Augusto Vera Cruz.

Da Presidência da Câmara dos Deputados, acompanhando as propostas de lei que tem por fim autorizar um empréstimo até 200:000$000 réis, destinado à construção do edifício para o Liceu Central do Porto e a pagar as rendas vencidas do Mouchão do Esfola Vacas, da Quinta da Fonte e do Paul da Anana.

Para a comissão de finanças.

Do Ministério das Colónias, satisfazendo um requerimento do Sr. Senador António Bernardino Roque.

Para a Secretaria.

Telegramas