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Sessão de 59 de Julho de 1918 11

pela celebração do cinqùentenário da sua primeira obra literária.

Tratando-se desta figura extraordinária, feliz conjugação de quatro modalidades diferentes, o orador eloquentíssimo, o jurisconsulto eminente, o homem de Estado, o literato de larga envergadura, creio que o Senado português quererá unanimemente associar-se tambêm a essa festa.

Tenho, portanto, a honra de propor que no próximo dia 13 de Agosto, o Senado envie, telegráficamente, ao Senado brasileiro a sua calorosa adesão a todas as homenagens tributadas nesse dia a Rui Barbosa. Não tencionava apresentar ainda hoje esta proposta; mas como é possível que já não estejamos aqui reunidos em 13 de Agosto, em nenhuma outra sessão, melhor do que nesta, consagrada à glorificação do Brasil, caberia a proposta de homenagem ao grande brasileiro.

Quando Rui Barbosa entrou na Segunda Conferência da Paz, na Maia, apesar de ser já, na conceituosa frase de Nabuco, a mais conspícua figura intelectual dos últimos vinte anos da política do Brasil, o seu nome era quási desconhecido no estrangeiro.

Falou da primeira vez, e mal o escutaram; mas conquistado legitimamente o seu lugar, pela fôrça da inteligência e do saber, em breve era consagrado como a primeira figura do Congresso.

Rui Barbosa é tambêm hoje uma das grandes figuras representativas da santa causa dos aliados. Honrando-o a êle, como que celebramos a Verdade e a Justiça, tam altas erguidas sempre nos seus discursos. Mas honramos, principalmente, as duas nações irmãs, que falam a mesma língua.

Termina apresentando a seguinte proposta:

«Proponho que o Senado envie ao Senado do Brasil um telegrama, associando-se calorosa e entusiasticamente à homenagem que no próximo dia 13 de Agosto o Brasil vai prestar ao Dr. Rui Barbosa pela celebração do seu jubileu literário».— Queiroz Veloso.

Tenho dito.

O Sr. Xavier Cordeiro: — Quando pedi a - palavra sôbre a proposta em discussão, vi que não se achava na sala o Sr. Mário Monteiro, leader da minoria monárquica, e não queria que êste lado da Câmara deixasse de manifestar à sua adesão às propostas do Sr. Zeferino Falcão e Queiroz Veloso. De forma que, achando-se já presente o Sr. Mário Monteiro, direi como leader aquilo que nós pensamos sôbre a homenagem. No emtanto, já que tenho o uso da palavra, é-me sempre grato manifestar a minha simpatia pelo Brasil que existe de longa data. Tenho por êsse povo a maior simpatia. Associo-me como português, como patriota e como monárquico a essa manifestação com o maior entusiasmo, e acha oportuno lembrar neste momento, porque isso interessa ao ideal político que aqui represento, que a política de aproximação entre Portugal e o Brasil não é nova: vem de longa data.

O Brasil foi sempre para Portugal, no tempo dos últimos reis da última dinastia, considerado como um prolongamento da terra portuguesa. Não é já hoje necessário apresentar argumentos demonstrativos dêste facto, porque está feita essa demonstração scientífica. D. João VI, indo para o Brasil por ocasião da invasão francesa, não fugiu. D. João VI, vendo que era inevitável a entrada das tropas francesas em Lisboa, quis habitar em território português para que assim não lhe fôsse arrebatada a coroa.

Foi para uma província longínqua de Portugal, para aquela onde poderia continuar no exercício do seu reinado.

Devo lembrar ainda a política de colonização de D. João III, tam caluniada, como devo recordar outros factores que ainda há das nossas relações com o Brasil. É fazer justiça recordar as missões no Brasil dos missionários da Companhia de Jesus (Apoiados), e é necessário dizer que nos últimos tempos el-rei D. Carlos tinha projectado a sua ida ao Brasil. (Apoiados).

E V. Exas. devem lembrar-se do entusiasmo produzido por essa proposta, sendo inútil relembrar os resultados que produziria essa viagem, pela política de aproximação e pelos resultados políticos e económicos que dela brotariam.

Não quis o destino que essa aproximação se realizasse. No emtanto, essa vontade do rei-mártir ficou bem lembrada.

Resultados do mesmo Diário
Página 0001:
, Pinto Coelho, Queiroz-Veloso, Xavier Cordeiro, Oliveira Belo, Afonso de Melo, Oliveira Santos
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Página 0014:
. Xavier Cordeiro para secretário. O Sr. Presidente: — Vai passar-se à ordem do dia. O Sr. João
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Página 0015:
Votos Francisco Nogueira de Brito ... 26 Xavier Cordeiro...... 11 Alfredo da Silva
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