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Sessão de 29 de Julho de 1918 7

um ilustre poeta português, o Atlântico desapareça e um novo continente moral una definitivamente os dois países, as duas mentalidades, as duas civilizações, as duas pátrias. Como expressão dêsse sentimento, em que, segundo penso o Senado é unânime, vou mandar para a Mesa uma proposta do aditamento à do Sr. Zeferino Falcão.

É assim redigida:

Leu.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Termina, mandando para a Mesa a seguinte

Proposta

Proponho que o Senado envie ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil um telegrama de saudação em que se expressem os mais veementes votos pelas prosperidades da grande República e pelo estreitamento de relações das duas pátrias irmãs.—Júlio Dantas.

Aprovada.

O Sr. Carneiro de Moura: — A proposta do Sr. Zeferino Falcão é perfeitamente justa; a do Sr. Júlio Dantas certamente que não será tambêm contrariada.

Mas, seja-me permitido que eu lembre que Portugal tem um grande significado histórico a invocar.

Nós temos de afirmar a nossa existência por valores práticos, em face do que foi dito nas conferências de Bruxelas e de Berlim.

Nós temos de demonstrar o nosso valor sob o ponto de vista da nossa expansão e colonização.

Nós temos que afirmar constantemente, mais pelos factos do que pelas palavras, que a Pátria Portuguesa não é uma pátria apenas adstrita a heróicas tradições caídas. A Pátria Portuguesa, a continuação da Pátria Lusitana, que compreende tambêm o Brasil; o Atlântico que é capaz de separar as relações muito íntimas que existem entre os dois países: o mesmo génio os domina; une-os o mesmo ideal e o mesmo interêsse.

Nós somos, Sr. Presidente, irmãos dos brasileiros; fizemos a colonização do Brasil durante os séculos XVI e XVII e desde então tem prosseguido â obra inicial.

Somos o povo grande que fez exemplarmente a colonização em África, na Ásia, na Oceânia e na América. E como se pôde fazer essa colonização? Que o digam os que tem seguido a lição dos portugueses.

A obra portuguesa realizada nos séculos XVI e XVII pelos nossos missionários e ainda pelos nossos comerciantes foi grande. Espalharam por toda a terra um alto esforço civilizador e o método da nossa colonização, dando-lhe o valor e significado que na realidade ela deve ter, e ainda hoje recordado pelos que na Ásia lembram a obra de Albuquerque e no Brasil admiram o trabalho ingente dos coloniais portugueses.

A nossa colonização foi feita duma maneira tam útil e assinalada que bem podemos recordar, com desvanecimento, que pertencemos à Pátria do grande Albuquerque das índias, que foram os portugueses que colonizaram aquelas regiões, onde tudo é gigantesco desde o Gonzos ao Himalaia.

Os brasileiros são nossos irmãos, são o vivo prolongamento do génio lusitano, e têm as mesmas condições de raça que nós.

Se êles têm defeitos, tambêm são modalidades dum génio étnico comum; nós os temos, mas êles sabem expandir-se e viver; vivem numa expansão heróica, ocupando no mundo o lugar que por direito lhes pertence. O povo brasileiro é um grande povo, trabalhador, idealista e nobre.

E porque assim é, a aprovação da proposta do Sr. Zeferino Falcão parece-me, Sr. Presidente, que está no espírito do Senado, porque por ela se afirma não só a grandeza da alma lusitana, como ainda se afirma o poder dá Pátria, lusitana que abrange as terras privilegiadas do Brasil e de Portugal.

Aprovo, portanto, e é sob êste ponto de vista que pedi a palavra; aprovo a proposta do Sr. Zeferino Falcão, como aprovo, porque está na lógica desta proposta, o aditamento do Sr. Júlio Dantas.

Somos 30 milhões de lusitanos; os portugueses e os brasileiros são êsses lusitanos que hão-de aparecer depois da guerra, na formação de sociedade das nações, unidos, como que numa Pátria que o Atlântico não pode separar. As conferên-

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