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Sessão de 5 de Agosto de 1918 7

principio por agradecer ao Senado ter aprovado a urgência do meu pedido, para usar da palavra, que a pedi para chamar a atenção do Govêrno para os casos de apreensão de géneros agrícolas que se tem dado ultimamente, praticados pelas autoridades em algumas localidades, e a respeito dos quais eu pensava que não haveria nada a dizer, em virtude das declarações do Sr. Secretário de Justado da Agricultura e do Sr. Secretário de Estado do Interior. São muitas as pessoas que se me tem dirigido, dizendo-me que se lhes tem apreendido géneros em virtude de os venderem por preços superiores ao duma tabela, que, segundo as declarações dos próprios Secretários de Estado, já não vigora.

Permito-me, Sr. Presidente, pois, pedir ao Govêrno que tais casos se não repitam. E absolutamente necessário, para prestígio do Govêrno e tranquilização dos espíritos, que se modifique esta forma de exercer fiscalização sôbre os géneros agrícolas, o qual está constituindo vexames para várias pessoas e prejuízo para os seus haveres.

Concordo que se castiguem os açambarcadores e concordo tambêm que êsse castigo deve ser tanto mais enérgico, quanto mais alta fôr a situação dos delinquentes, quer êles sejam agricultores, industriais ou comerciantes. Agora, Sr. Presidente, quando a consistência dos decretos é tal, que nem as repartições os compreendem nem as autoridades os sabem executar, não se pode admitir que todos se vejam sujeitos a ser vexados e maltratados por uma verdadeira multidão de açambarcadores de multas. Quero aproveitar esta ocasião para definir a minha situação perante o Govêrno.

Não faço parte da maioria, mas sendo monárquico — embora aqui esteja como representante das classes agrícolas, devo frisá-lo, — tenho dado apoio ao Govêrno, como muito dos seus correligionários o não têm feito. Como monárquico, tenho apoiado o Govêrno, por êle nos ter vindo salvar do perigo de que os demagógicos nos ameaçavam, se não viesse a Revolução de 5 de Dezembro.

Esta atitude é a daqueles que acima dos partidos põem a idea sagrada da Pátria (Apoiados) e é uma atitude de agradecimento aos que nos livraram dos perigos que sôbre nós impendiam. Tenho aplaudido o Govêrno não só moralmente e com a minha palavra — e tenho pena de não estar presente, o Sr. Secretário de Estado da Agricultura para que S. Exa. dissesse se falei ou não verdade, mas está presente o Sr. Conde de Azevedo, que bem o sabe, mas também por ter lembrado a grande conveniência que havia, em que todos nós lavradores, procurássemos nas nossas terras, cereais que abastecessem a cidade de Lisboa.

Que fiz eu? Fui à minha casa e procurei reduzir as percentagens na farinha de trigo que empregava no pão para a minha família e criados, e consegui carregar um vagão de farinha de trigo e de centeio, que enviei ao Sr. Cristóvão Moniz, a fim de por essa forma poder contribuir para o abastecimento de Lisboa e seus arredores.

Bem sei que êsse meu auxílio pouco ou nada valeu, mas representou, no emtanto, um grande desejo de aliviar o Govêrno dos graves perigos que poderiam resultar da alteração da ordem pública, em consequência da falta de pão. Não venho aqui alegar merecimentos, porque isto representa, em meu entender, apenas o cumprimento dum dever, mas se venho fazer referência a êstes factos é únicamente para mostrar que tenho direito a pedir ao Govêrno que olhe com atenção para estas cousas, que estão provocando um verdadeiro alarme na classe dos agricultores e criando uma atmosfera de descontentamento, que eu desejaria não ver em volta do Govêrno, pois não posso admitir que se deixe de servir esta situação política; de contrário, ver-nos hemos abraços com a demagogia e com todos os perigos que dela podem resultar para todos nós.

É portanto necessário e urgente que se modifiquem os decretos sôbre preços de géneros agrícolas, não só pelas razões que deixo apontadas, como tambêm porque não se pode compreender que se fixe um preço máximo para um certo género, quando os preços dos salários não têm limite e vão crescendo por uma forma pavorosa e extraordinária. (Apoiados). E não é só o aumento dos salários, é o aumento de tudo aquilo que se prende com a agricultura. (Apoiados). Ora não é justo que para o preço de todos os géneros deixe de haver peias, e únicamente para os gene-

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dos açambarcadores. Quando houver abusos, o Govêrno castigá-los há. O Sr. Adriano Xavier Cordeiro insurge
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durante a sessão: Adolfo Augusto Baptista Ramires. Adriano Xavier Cordeiro. Afonso
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10 Diário das Sessões do Senado O Sr. Xavier Cordeiro: — Tinha, pedido a palavra
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das forças vivas da Nação. Quanto à interpelação do Sr. Xavier Cordeiro, devo dizer que os decretos
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Página 0013:
. Xavier Cordeiro ter mandado para a Mesa um projecto que não posso aceitar, por isso que se refere
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correligionário do Sr. Xavier Cordeiro para não poder falar senão em meu nome pessoal. O Orador: — Agradeço
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Página 0019:
Sessão de 5 de Agosto de 1918 19 O Sr. Xavier Cordeiro: — Pedi a palavra quando o Sr
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