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Sêttâo de 29 de Janeiro' de 1920

Sr. Presidente, já vê V. Ex.a e o Par-lumento inteiro o pé, em que se encontra a questão.

Nós, Sr. Presidente, não ex'gimqs ainda as reparações dos direitos republicanos.

Sr, Presidente, desapareceu o responsável da «leva da morte», o responsável, não só da «leva da morte» dos republicanos; mas o responsável da «leva da morte» da Nação inteira, responsável da «leva da morte» repito, responsável do 7 de Abril, cujos restos mortais se encontram no templo dos Jerónimos em Belém.

Tivemos, Sr. Presidente, efectivamente um ano de ditadura, porem, a Nação pre-gunta o que se fez neste ano.

Nada e apenas uma obra ditatorial financeira, pois que nem o Orçamento sequer se discutiu.

Relativamente aos transportes marítimos, assunto este que era indispensável para prover de remédios as necessidades das subsistencias. Nada se tem feito.

Colonialmente, Sr. Presidente, também nada se fez, pois nem sequer se chegou a nomear os comissárias que se julgaram indispensáveis.

4 Como é, então, que nós podemos reconstituir sobre a impunidade de tais crimes tremendos, a sociedade portuguesa ?

E absolutamente impossível, e tão impossível que nós não temos até hoje feito aquilo que era da nossa obrigação fazer, da nossa obrigação de republicanos, o restabelecimento do estatuto republicano, da constituição republicana, da constituição parlamentar republicana.

Sr. Presidente : Já depois das jornadas de Monsanto e Porto nós estivemos meses e meses consecutivos sem Parlamento. . .. : óQual era a primeira obrigação repu-blieana? Era aflrmar o direito republicano restabelecendo o Parlamento de 1915-

Todos, os parlamentares desse Parlamento tinham o direito constitucional de se reunirem de motu-proprio.

Isso não se fez.

Nós estivemos alguns meses com um parlamento usurpador, consentindo num regime mais absolutista do que nos antigos tempos, por que nesse parlamento não estava sequer representado o braço popular.

Nesse parlamento reconheceu-se um

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dinasta. E preciso dizer que nunca isto sucedeu em nenhuma nação, o de haver um parlamento que reconheceu- de facto um dinasta absolutamente ilegítimo. Só então sucedeu.

Depois da tomada de Monsanto, e da dissolução desse parlamento, quando todos nós julgávamos ter outra vez reentrado na República o que se fez? Faz-se a lei ditatorial da dissolução arbitrária.

Depois de ter havido um parlamento que se curvou a um dinasta, e se abaixou ante uma ditadura intolerável, ouve outro parlamento que se colocou numa situação perigosa.

Nós não podemos estar somente confiados na probidade, na lialdade republicana do homem que se sentq, no alto posto de chefe de Estado.

O tratado de Paz não foi ainda assunto para se tratar no Parlamento e o Livro Branco ainda não é do nosso conhecimento, e, assim, nos afrontam dizendo que nós queremos esconder a nossa acção na guerra.

Podemos atribuir isto aos homens que têm estado no Poder? Não. Mas como não foi possível organizar esse livro, acontece que a reacção levanta cabeça, sob a característica de reacção política e clerical.

Conjura-se, e só não pode fazê-lo, levantando-se o Governo da República à altura da grandeza da obra republicana, obra que tem de ser de verdadeira democracia.

No outro dia houve uma manifestação, que se quis deturpar,, dizendo-se que os manifestantes tinham saído das alfurgas.

Homens que vêm para a praça pública, como esses mostrando cicatrizes feitas em defesa da República, são bons republicanos.

Não defendo qualquer excesso; mas essas exaltações é preciso que sejam os poderes públicos que as evitem.

A manifestação, em si, foi uma manifestação de desagrado. E não se venha dizer que ela tinha atrás de si qualquer conjura militar.