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ridade. Mas os homens sobre os quais pesam responsabilidades directivas têm ^obrigação de dar exemplos de serenidade Q de prudência, procurando canalizar as energias republicanas, os sentimentos republicanos em ordem a atingirem um fim elevado e superior: o de bem servirem e dignificarem a Kepública.

Nenhum Governo ou homem publico pode aprovar manifestações do carácter que teve a do Terreiro do Paço. O Chefe do Estado encarregara o ilustre republicano Sr. Fernandes1 Costa de organizar Governo. Não me cumpre entrar na análise dos motivos que determinaram a chamada de-S. Ex.a ao Poder. Foi encarregado de constituir Ministério. Constituiu-o dentro das atribuições legais que recebeu do Sr. Presidente da República. ,1 Havia sido o Ministério mal constituído, não satisfazia integralmente o sentimento republicano? Ao Parlamento cumpria indicar-lhe o caminho da demissão. O que não pode ser é que alguém se substitua ao Parlamento; o que é indispensável é que cerquemos todos os poderes do Estado do respeito e do prestigio, sem os quais não haverá .ordem nem disciplina. (Apoiados).

E por isso que o Ministério organizado pelo Sr. Fernandes Costa deveria apresentar-se às Camarás para elas lhe manifestaram o seu apoio ou a sua desconfiança. Tudo que suceda fora destes termos é confusão, é violência, é desordem. Não são meios legais, e podem até constituir um precedente de consequências muito perigosas.

Faço estas afirmações em nome dos meus princípios e como homem que deseja ver a República no caminho que deve trilhar.

Quere o Sr. Bernardino Machado a união de todos os republicanos. Também eu quero. Há muito tempo, mas principalmente depois da traiçoeira insurreição monárquica, na» tenho pronunciado palavras ou praticado quaisquer actos em sentido diferente.

Fartos de perturbações estamos nós todos; e mal de todos nós e da República se nos não dermos as mãos, seja qual for o nosso dissentimento pessoal, ou a nossa divergência partidária.

Juntemo-nos todos, congreguemo-nos todbs, façamos todos tábua rasa do que

Diário das Sessões do Senado

nos possa dividir e tenhamos apenas diante dos olhos o que nos possa juntar. Teremos deste- modo assegurado à República melhores dias.

O Sr. cónego Andrade teve para mim e para o Governo palavras de muita amabilidade, de muita consideração. S. Ex.a tem sido sempre para mim carinhoso e' amigo, quási como quem me -considera seu discípulo; muitas vezes me tem dirigido palavras de generoso incitamento, tam benévolas para prosseguir na minha obra republicana, apagada, mas sincera, que eu não estranho as que S. Ex.a acabou há pouco de proferir.

É S. Ex.a uma - das pessoas que, sem alarde, à República tem prestado óptimos serviços.

Não o digo como mero cumprimento, mas na convicção resultante da observação dos factos.

O papel de S. Ex.a na sua esfera de acção tem sido importante para a República e poderá produzir-lhe ainda maiores utilidades.

Perguntará S. Ex.'1 se o Governo se sente capaz de realizar a grande obra de reconstrução nacional que o momento impõe.

Ao Governo, por si só, não é possível realizar essa obra, S. Ex.a mesmo o reconheceu dizendo que tam grande tarefa não impende apenas sobre o Governo, não compete só a ele.

E uma obra em que têm de colaborar o Parlamento e toda a, colectividade nacional.

Sem essa colaboração nada pode fazer o Governo, e o nosso grande desejo é de. que ela nos não falte.

Será improfícuo o nosso esforço se o Parlamento em primeiro lugar, e o país em segundo, não nos derem o estímulo e a contribuição necessárias, não direi para efectivar inteiramente essa obra porque ela não poderá ser missão dum só Governo, mas para alguma cousa fazermos decididamente no sentido da sua realização. E pois indispensável que o Parlamento trabalhe com o Governo. *