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6 Diário das Sessões do Senado

Convidado mais tarde para governador de S. Tomé houve quem estranhasse que Pedro Bôto Machado fôsse investido nesse cargo, porque estava na ordem do dia e, questão cios serviçais e da mão de obra.

Dizia-se à bôca pequena que o Sr. Bôto Machado não era o governador ideal, pois tinha uma roça em S. Tomé, visto que era proprietário naquela colónia.

Pois bem, por essa circunstância de ser proprietário em S. Tomé, é que foi escolhido para governador daquela colónia.

Os serviçais da roça do Sr. Bôto Machado não eram tratados como escravos como os serviçais de outras roças; eram tratados com carinho extremo.

Bôto Machado que se impunha pela tua acção e pela sua administração, foi honestíssimo e modelar.

Batendo-se sempre pela República não cometeu, uma falta contra os seus princípios; a sua administração foi modelar e deixou uma boa memória de si.

Sr. Presidente: mal não fica aos seus adversários curvarem-se respeitosamente perante a sua memória, mal não fica descobrirem-se respeitosamente perante esta mesma memória, porque êle combatendo em todos os lances da sua vida nunca faltou à consideração dos seus adversários.

Eu não podia ficar bem comigo próprio se não proferisse estas palavras sem brilho e sem colorido.

O meu silêncio poderia ser considerado como menos respeito pela memória dêsse meu amigo, e é com uma verdadeira comoção que me associo a todas as homenagens de respeito.

Fez falta Pedro Bôto Machado.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: - Em meu nome e no do Partido Republicano Liberal, associo-me a todas as homenagens propostas pela Mesa em honra e à memória dos ilustres parlamentares falecidos.

Eu suponho que V. Exa. propôs que na acta se insira aia voto de sentimento pela perda de todos os prestantes cidadãos que faleceram no interregno parlamentar, e a êsse voto me associo.

Suponho também que V. Exa. propos que findas estas homenagens, a sessão se encerre em sinal de sentimento.

Devo dizer em era minha idea propor que assim se procedesse.

Sinto que a fúnebre lista seja tam extensa, porque não me será possível dizer o que queria a respeito de todos os falecidos para não fatigar a Câmara. Mas não posso deixar de destacar alguns nomes depois de a todos prestar homenagem.

Em primeiro lugar direi que o Sr. Pereira de Miranda foi um honrado político do tempo da monarquia o que à República prestou também relevantes serviços até a sua morte, na gerência da Misericórdia de Lisboa, gerência que lhe trouxe o respeito e a consideração de todos.

Vindo da monarquia, eu não posso esquecer igualmente o Sr. Dantas Baracho, cujo voz se fez ouvir em pugnas que todos nós recordamos, pois em todos nós existo saudade por êsse brioso e distinto militar que em variadíssimos assuntos fazia ouvir a sua voz justiceira.

Dantas Baracho foi um carácter íntegro e um lutador intemerato que pela República trabalhou ainda no tempo do antigo regime.

O Sr. Cupertino Ribeiro, que todos conhecemos do tempo da propaganda, prestou dedicados serviços, pondo muitas vezes e seu esfôrço e a sua generosa bolsa ao serviço da causa democrática.

O Sr. Bôto Machado cujo elogio acaba de ser feito pelos Srs. Ribeiro de Melo e Artur Costa, merecia de todos elogio pelos seus serviços prestados à República.

Mas há uma alta figura da República à qual todos só devem referir, uma das mais altas e luminosas figuras do actual regime - o Sr. Braamcamp Freire, que foi Presidente da Constituinte Republicana e também o primeiro Presidente do Senado.

Estou certo de que não se deixará de prestar a êsse vulto em monte a homenagem a que em direito, e que ainda havemos de ver o seu busto nesta casa.

Êle veiu para o regime muito antes de estar proclamado e recordo-me da emoção profunda que a sua adesão produziu.

Por último, para não me alongar, vou-me referir um pouco demoradamente aos mortos de Outubro.

O Sr. Machado Santos pertence àquelas pessoas que à sua fé vão buscar a fôrça precisa para as transformações políticas.