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Sessão de 27 de Março de 1925

O Sr. Vicente Ramos: — Sr. Presidente': uso da palavra muito magoadamente para me associar ao voto de sentimento proposto pelo Sr. José Pontes pelo desastre acontecido hoje em Barcarena.

O Sr. Dias de Andrade: — Sr. Presidente: associo-mo com o mais fundo pesar ao voto de sentimento proposto pelo meu ilustre colega Sr. José Pontes.

0 Sr. Oriol Pena: — Sr. Presidente: palavras de sentimento, palavras de saudade, palavras de portuguôs e palavras de verdade, disse há pouco, com muito calor, muito brilho o muita sinceridade o nosso estimável colega Sr. José Pontes, .ao propor à Câmara um voto de pesar pelo grande desastre, por mais um grande •desastre, acontecido na aviação militar.

Ainda bom: foram ditas pelo Sr. José Pontes que não suspeito de má vontade para •esse serviço, para essa quinta arma, e com elas mostrou a Câmara a sua concordância manifestando-lhe o seu aplauso.

Tenho a impressão de ser sempre suspeito para-a maioria da Câmara quando me ocupo destes assuntos. Ainda bem que pôde S. Ex.a daquele lugar informar, especializando, com brilho muito diferente.do que poderia pôr nas minhas palavras, a imprudência, a falta de previdência, de.cuidado, do cautela, sempre do censurar mas que se vai sempre usando, arriscando-se levianamente valores, alguns insupríveis, como as vidas desses oficiais experimentados, outros facilmente substituíveis, os aparelhos que eles montam, valores tam-" bem, embora materiais, de importância grande.

ISfèm se atende às condições do tempo, à falta de oportunidade de levantar voo e de encetar estas tentativas, estes ensaios, A quadra do. ano, às irregularidades da estação.

Apoiados das esquerdas.

1 De todas as vezes que me tenho aqui ocupado do assunto, tom sido sempre essa a minha orientação!

j Nunca foi de contrariar, mas de prever, de acautelar, de chamar a atenção dos podorcs~co*rnpetentes!

j Ainda bem que está hoje representado o Governo para lho pedir, encarecida-mente, tenha, velando por esses oficiais de vinte e poucos anos, absolutamente le-

vados pelo seu impulso, pelo desejo louvável de criarem nome e situação, á pru-' dêricia de os não deixar praticar essas imprevidentes audacias. causando, com frequência muito lamentável, perdas de vidas, perdas de aparelhos, desastres bem . tristes como este foi!

Estes desastres não 'são especiais para nós; são para toda a gente; dão-se em todos os países!

j Deram-se com a bicicleta; deram-se com as corridas de automóveis, deram-se mais aparatosamente nos- primeiros tempos da aviação ! j São nesta sempre mais graves!

j A aviação tem hoje possibilidades de segurança tais que, com um bocadinho de cautela, de prudência e do moderação nos impulsos' de audácia, pode, se não evitar-se a totalidade dos desastres, sempre possíveis, pelo menos demiuuí-los e reduzi-los grandemente na frequência, minorá-. -los na gravidado das consequências!

Em nome deste lado da Câmara vai a nossa saudade para esses oficiais, um dos quais morreu, estando outro a caminho da morte, c para um jornalista certamente levado por curiosidade natural, por impulso de homem novo, julgando útil o empreendimento para a sua vida profissional, que também os acompanhou e, maltratado, gravemente ferido, está cm risco de desaparecer.

Para todos vai a nossa saudade, a nossa ternura.

Tenho-dito.

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Xavier da Silva); — O Governo associa-se às expressões de pesar que o Senado manifestou. Sente profundamente o desgosto e o luto que, respectivamente, fere e cobre neste momento a aviação portuguesa.

Os feitos de glória obtêm-se, muita vez, através de inúmeros sacrifícios, e se a glória que envolve a aviação portuguesa tem sido realmente grande, tem sido alcançada à custa de sacrifícios inúmeros.

Ô desastre de hoje é mais uma página negra e triste que temos de intercalar nas páginas brilhantes, gravadas a letras de ourOj da história da aviação portuguesa.