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Diário das Sessões 'âô, Senado

cebesse. j Isto polo crime de ser... regeu te agrícola, de cor!

As cousas são o que são.

Dados aqueles factos, não se devem mandar para Lourenço Marques funcionários nessas condições, obrigando-os a vexames absolutamente intoleráveis e a privações corno tem sofrido o funcionário a que me refiro. -

Permita-me V. Ex.R, Sr. Presidente, que, a propósito, evoque a memória de Mousinho de Albuquerque, desse super--homem que procurou* reaportnguesar aquela colónia. ^

Em Lourenço Marques, à semelhança do que se passou na América, está sur-•gindo certa casta, felizmente em minoria, que procura subjugar todos à concepção muito especial que têm do papel,que. deve desempenhar a raça branca na África.

Devo dizer que considero tais ideas como uma imitação simiesca do que fazem os ingleses no Cabo da Boa Esperança.

Mas nós, portugueses, Sr. Presidente, não temos retrogradado, continuamos na vanguarda. - Apoiados.

Vou terminar as considerações com que tenho fatigado a Câmara, referindo-me com a maior isenção e imparcialidade a um problema que se me afigura da maior importância, o problema do repatriamento dos europeus.

Como médico tenho autoridade para dizer que é indispensável olhar para este problema.

O direito ao repatriamento deve ser estabelecido, para que nós, médicos, não tenhamos de assinar mais certificados do óbitos pela razão do os europeus não terem podido regressar à metrópole.

Se sou pelo repatriamento dos serviçais que vão para S. Tomo, com a mesma energia sou pelo repatriamento dos colonos europeus da mesma ilha.

Como membro do Conselho Legislativo fiz por que o governador promulgasse uni diploma, .segundo o qual após dois anos e meio de trabalho o colono europeu tivesse o direito de ser repatriado à custa do patrão. Cònsiderou-se isso como uma medida socialista, como uma ' cousa extraordinária, quando os ingleses do cabo submarino tinham o direito à repatriação ao cabo de quinze meses, o quando o não

fossem, porque não houvesse transporte, recebiam o dobro do ordenado.

Passados seis meses de estar aqui tive notícias de que tinha sido revogado esse diploma, e os empregados europeus continuavam lá,' se não tivessem o ensejo de arrecadar o suficiente para se repatriarem, à sua custa.

Termino, porque a hora vai adiantada, agradecendo a forma atenciosa como fui ouvido, numa assembleia tam elevada como esta, e declarando que orgulho-me de ser português e de poder demonstrar aqui p em toda a parte que em Portugal não existe uma questão de raças.

Disse.

Vozes: — Muito bem.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Ministro das Colónias (Vieira'da Rocha) : — Sr. Presidente : o assunto tratado pelo Sr. Miguel Machado é, na'hora .que passa, dos mais vitais para os nossos domínios de além-mar e estou certo de que foram os «diplomas» ultimamente publicados pelo Ministério das Colónias que chamaram para ele a atenção de S. Ex.a '

De facto este assunto é dos mais importantes para a nossa soberania e em especial para as províncias de Angola e Moçambique, tam cobiçadas e ambicionadas hoje por muita gente.

A colonização do Brasil que se fez durante muitíssimo tempo, e que é, sem dúvida, uma .das colónias que maior desenvolvimento tem tido na América do Sul, nos tempos modernos, levou-nos muitos braços e continua levando e continuará sempre, por isso que ali têm os portugueses mais facilidade de emprego e ainda pela grande riqueza daquele país.

Se consultarmos todos os diplomas sobre colonização depois das descobertas, nós encontramos o primeiro diploma do 1836 que mandou estabelecer uma colónia em Catumbela.