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Sessão de 23 de Fevereiro de 1926

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mas em Mossâmedes, etc. E, para não lazer uma resenha enorme dessa legislação, eu vou referir-me à fase mais moderna, isto é, desde 1885 para cá, que foi quando nós tentámos fazer a colonização dos planaltos.

Era então Ministro da Marinha e do Ultramar o Sr. Pinheiro Chagas que, conhecendo as condições climatéricas de todo esse planalto, que tem uma altitude média de 1:800 metros e uma temperatura média de 20 graus, e conhecendo também as grandes qualidades emigrató-rias dos madeirenses, mandou escolher ali muita gente,; a fim de fazer a colonização do Lubango.

Ao princípio esses colonos foram bem escolhidos, homens fortes e robustos, mas depois o recrutamento foi mal feito, pois que começaram a ir para lá alcoólicos e vadios por culpa das autoridades da Madeira.

Essa colónia, que eu tive ocasião de ver quando ali estive como alferes da «companhia de dragões» em 1894, tinha nesse tempo já um certo desenvolvimento, não muito grande como seria para desejar em vista das condições do terreno e da esplêndida temperatura. Foi-se depois desenvolvendo mais, e quando, por ocasião da Grande Guerra, estive novamente em 1915 no sul de Angola, já,a encontrei bastante desenvolvida por toda a zona se prestar à colonização europeia,a colonização que se pode o deve estender desde o planalto de Mossâmedes ao de Benguela.

Seria injusto se não falasse também do estabelecimento dos boers que ocupam o planalto da Humpata desde 1881 que, não querendo sujeitar-se ao domínio inglês depois da guerra, passaram o rio Vai e atravessando o deserto de Kalahari depois • de muitas privações e perigos ali se fixaram umas sessentas famílias ficando os mais submissos no Transvaal.

Em matéria de colonização nós temos feito bastante e não merecemos a acusação de que não somos um povo coloniza-dor,'que não temos qualidades para isso. Só é de aceitar tal acusação por inveja ou maldade.

Nós 'que colonizámos o Brasil, os Açores, a Madeira, S. Tomé e Cabo Verde e fizemo-lo de forma que não dá direito

a, entidade alguma de afirmar que não temos condições de colonizadores.

£ O que .é que os italianos têm feito na Eritreia, os franceses no Congo Francês, os ingleses na ilha do Borneo e em muitas ilhas da Oceânia? Pode dizer-se, nada.

Angola e Moçambique estão hoje muito povoadas de europeus e estou convencido de que, num futuro mais ou menos próximo, elas se transformarão em grandes países.

S. Ex.a não ignora também que por diversas disposições da lei, umas referentes à Companhia de Moçambique e outras à Companhia do Niassa, ambas ostas Companhias são obrigadas a estabelecer' nos seus territórios mil famílias. Até hoje, porém, a Companhia do Niassa nada tem feito nesse sentido. A Companhia de Moçambique é que criou a colónia de Meireles com trinta famílias.

As colónias do Buzr e de Manica não progrediram em vista das más condições de salubridade, podendo dizer-se que desapareceram.

Se consultarmos a legislação mais moderna encontramos os diplomas relativos às determinações das colónias milita-res-agrícolas-comerciais, especialmente em Angola, Moçambique e na índia, que por serem também mal orientadas desapareceram, como foi a de Fernão Voloso, que tive ocasião de visitar.

,;E porque é que essas colónias desapareceram '?

Foi porque elas foram estabelecidas sem forma sciontífica e em florestas.

'Quando ali estive, de passagem nuns estudos de reconhecimento para o interior, tive ocasião de verificar que estavam a arrasar uma floresta de mucurusse a machado, processo que não serve para obter qualquer rendimento de destruição de árvores de enormes grossuras, e estou certo que se ainda ali se conservassem actualmente pouco ou nada teriam feito, visto no geral' em pregarem-se máquinas eléctricas para tal fim como na América.

Mais tardo tentou-se a colónia de Ca-. conda com 200 famílias, mas também desapareceu essa colónia.

As que se fixaram foram as de 1885.