O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

REPÚBLICA PORTUGUESA

SECRETARIA DA ASSEMBLEA NACIONAL

DIÁRIO DAS SESSÕES

3.º SUPLEMENTO AO N.º 46

ANO DE 1935 13 DE MAIO

ASSEMBLEA NACIONAL

Elementos de informação fornecidos pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, relativos ao aviso prévio apresentado pelo Sr. Deputado Pacheco de Amorim:

Tórre de Santa Cruz

Em face do desastre da sua derrocada, é hoje o bordão com mais insistência plangentemente tangido por aqueles que, directa ou indirectamente, pretendem atingir os técnicos desta Direcção Geral, como se êles fôssem os culpados da catástrofe ocorrida. Ora a verdade é que a donairosa tórre foi vitima, durante décadas e décadas de anos, da criminosa indiferença dos que por ela tinham indeclinável obrigação de velar.
Dá bem a nota dêsse confrangedor abandono o facto de até em palheiro haverem deixado transformar algumas das suas dependências! Nesse abominável palheiro chegou a originar-se um incêndio. E os bombeiros para o extinguir tiveram de destelhá-la, com as precipitações inerentes a actos dessa natureza.

Esta Direcção Geral alguns trabalhos de reparação e consolidação chegou a efectuar na linda tôrre e outros de maior vulto preparava, os quais, dado o deplorável estado a que a haviam deixado chegar, viriam a cifrar-se no seu apeamento em grande parte, visto não ser já possível uma consolidação definitiva.
Se êsses trabalhos não foram, desde logo, postos em execução, foi isto devido a divergências de critérios que, em casos tais, sempre se suscitam e redundam logo em acintosas campanhas, cujo eco não é para admirar que tivesse chegado, agora, ao seio da Assemblea Nacional.

Mas o certo é que a derrocada deu-se, infelizmente, não devido ao destelhamento, aliás forçosamente feito pelos bombeiros, como se deixa dito, mas sim devido ao desaprumo de longa data da tôrre, o qual, por motivo das últimas inundações, que, dada a natureza calcárea do terreno, tornaram possível o esmagamento dêste, mais se acentuou, a ponto de lhe fazer perder o equilíbrio, tornando assim inevitável a queda, nas circunstâncias em que se deu e são do conhecimento de todos.

Atribuir, pois, qualquer responsabilidade por ela aos técnicos desta Direcção Geral é, além de mais, querer ignorar os erros e desleixos de longa data cometidos e desconhecer que esta Direcção Geral só tem por missão

executar, dentro das suas parcas disponibilidades, as obras necessárias e possíveis em monumentos nacionais e não superintender no destino e aplicação a dar a estes.
Os restos do castelo foram demolidos, por virtude de a sua ruína datar também de longa data e não terem condições de consolidação nem tampouco o seu escasso valor arquitectónico se compadecer com qualquer reconstituição.

Igreja de Santa Cruz

Não tem sido votada ao abandono, porque não só obras dè limpeza e de pequenas reparações têm sido efectuadas por esta Direcção Geral, como se acha elaborado e devidamente aprovado e até por V. Ex.ª dotado o orçamento das grandes obras de restauro que se torna mester fazer.

Simplesmente se aguarda o bom tempo para o início dessas obras importantes, pois tem de ser completamente substituído o telhado, de modo a poder repor-se na altura devida, a fim de ficar a descoberto a grilhagem de pedra rendilhada, que é um dos elementos mais preciosos do monumento e que agora se encontra encoberta, graças a mais um dos atentados de que tem sido vítima a quási totalidade dos nossos monumentos nacionais.

E se inundações se têm, na verdade, dado na igreja, elas só podem atribuir-se ao facto de antigas vereações do Município de Coimbra haverem cortado os esgotos não só da igreja, como dos seus claustros e pátio de entrada, assunto a que esta Direcção Geral foi, como é bem de ver, inteiramente estranha.

Sé Velha de Coimbra

Apenas faltam no seu trifório dois vitrais que, depois de convenientes estudos, estão sendo executados segundo os motivos próprios da época e em breve serão colocados, em substituição dos dois disparatados caixilhos de ferro, que em tempo haviam nêle sido afixados e que esta Direcção Geral se viu compelida a mandar retirar, por motivo de representarem um verdadeiro atentado contra o monumento.

Na sacristia nenhumas obras foram iniciadas, e apenas estão algumas projectadas para simples comodidade respectivo pároco.