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13 DE DEZEMBRO DE 1952 331

O nosso distinto colega Dr. Abrantes Tavares, que, quando governador civil de Viseu, percorreu - a pé, evidentemente - uma parte desta região, poderá avalizar as minhas afirmações e testemunhar que constitui uma dor de alma a mio conclusão da estrada nacional n.º 225 e o abandono a que o vale do Paiva tom sitio votado.

O Sr. Abrantes Tavares: - Tem razão.

O Orador: - E como não gosto de pedir tudo ao mesmo tempo, também não me referirei hoje à igreja da Ermida, templo românico, coevo da nacionalidade, e que, apesar de classificado como monumento nacional, tem sido totalmente abandonado pelas estações oficiais responsáveis.
O que tem valido é o bom e esclarecido abade, que, não obstante ter a residência paroquial quase em ruínas e de não ter meios de a reparar, lá tem ido arrancando à sua muita devoção e à sua magríssima bolsa o que pode, para defender a igreja das injúrias do tempo e dos atentados de lesa-arte perpetrados pelas gerações passadas.
Hoje só quero referir-me ao problema mais candente da região, e que é a conclusão da sua estrada.
Seria ato esta uma oportunidade excepcionalmente favorável para se proceder à expropriação dos terrenos necessários ao leito da estrada, em virtude de se encontrarem devastados em grande extensão por uma tempestade de água e granizo que, em Julho deste ano, sobre eles caiu e tudo arrastou.
Não se deve esperar, portanto, que os íncolas da região, experimentados pelo titânico e milenário esforço da sua raça, cubram outra vez as pedras agora desnudas e façam com que elas novamente dêem pão.
Chegou, entretanto, ao meu conhecimento que alguns técnicos eram de parecer que se abandonasse o bocado de estrada de Castro Daire a Ponte da Ermida, na margem direita do Paiva, se deixasse de construir o troço de Ponte da Ermida a Parada para se aproveitar um caminho municipal de péssimo traçado que passa a mais de meia encosta da margem esquerda do rio.
Eu não sou técnico, mas posso asseverar, pelo conhecimento directo que tenho da região, que as necessidades das populações que nela habitam só podem ser satisfeitas com a conclusão do troço da estrada de Ponte da Ermida a Parada, tal como vem assinalado no mapa da Junta Autónoma de Estradas e de acordo com o plano rodoviário de Maio de 1945.

O Sr. Abrantes Tavares: - É evidente que só a estrada pela margem direita do rio pode servir os interesses daqueles povos.

O Orador: - Se o ilustre Ministro das Obras Públicas, que incansavelmente tem percorrido o País para activar o seu incessante progresso, pudesse ver com os seus olhos a verdade do que afirmo, tenho a certeza absoluta de que imediatamente ordenaria o estudo e execução do troço da estrada n.º 225, entre Ponte da Ermida e Parada de Ester.
Como, porém, S. Ex.ª lá não pode ir... por não haver estrada, daqui lhe dirijo este apelo aflito, veemente, quase dramático.
Disse.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Carlos Mendes: - Sr. Presidente: com notável proficiência se têm tratado na Assembleia os vários problemas que podem concorrer para um maior desenvolvimento da nossa riqueza agrícola.
Há, porém, outros que vêm concorrendo para o sen definhamento e que devem merecer, talvez, mais ainda a atenção do Poder Central.
Quero referir-me às várias pragas que estão infestando, danificando e até destruindo a nossa riqueza arborícola.
Impõe-se um ataque profiláctico, feito com método e em extensão.
O Sr. Subsecretário de Estado da Agricultura, técnico dos mais distintos e que tem dado à vida agrícola toda a sua esforçada e dedicada competência, tem no seu sector outros técnicos conhecedores profundos de todos estes problemas.
Preciso e indispensável é que tenham os meios necessários para que eficiente possa ser esse ataque.
A demora deixaria desenvolver a límantria, acarretando prejuízos incalculáveis nos sobreiros e na cortiça.
A formiga argentina continuará a inutilizar as fruteiras e a danificar os vinhedos.
A dacus olece - a mosca da oliveira-, juntamente com a mosca da fruta, a tornar inútil o esforçado trabalho nos campos em defesa das árvores de fruta e dos olivais.
Este ano ainda prometedora se apresentava a safra da azeitona. Mas a mosca desenvolve-se. a azeitona estraga-se e o pouco azeite produzido oscila entre os 8 e os 20º.
Foram prejuízos de muitos milhares de contos, que atingiram a nossa já depauperada agricultura.
De esperar será que estes graves prejuízos sejam encarados de frente, dando-se aos serviços agrícolas as possibilidades de os evitar.
Criemos fontes de riqueza agrícola, mas não deixemos perder as que já temos.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa ao Plano de Fomento. Tem a palavra o Sr. Deputado Daniel Barbosa.

O Sr. Daniel Barbosa: - Sr. Presidente: para além de tudo aquilo que possa legitimar atitudes do reserva ou de melindre, está o superior interesse do País, na defesa e no apoio de quanto, realmente, contribua para a sua prosperidade, para o seu engrandecimento.
Sou daqueles que sempre acreditaram na necessidade imperiosa de um vasto plano económico, a traduzir uma acção criteriosa de fomento, através do qual -ou pelo qual- o Governo estabelecesse, com vista a determinados fins económico-sociais, os meios indispensáveis para os atingir depressa e bem.
Deu o Governo, agora, satisfação valiosa, na parte que julgou possível, àquilo que se deseja, praticando assim um acto consciente de administração e do política capaz de nos levar, com mais firmeza e critério, ao aproveitamento sistemático daquelas possibilidades que a natureza garantiu a Portugal, desde que as saibamos explorar e adaptar, com a técnica e com a ciência do que hoje os homens dispõem.
Julgo, por mim, esta acção tão importante, tão digna de ser medida o ponderada, que não pude encontrar, em consciência, outra atitude diferente da de trazer, aqui, uma crítica, francamente objectiva, e a qual, dentro do meu modesto alcance, procura afinal, simplesmente, valorizá-la e apoiá-la.